Frei Michael termina relatório e vésperas em São Damião
14/05/2015
Frei Walter de Carvalho Júnior
Assis (Itália) – Ao terminar a apresentação do seu relatório, na manhã do dia 14, Frei Michael recebeu duplo e prolongado aplauso. Ajudaram-no a expor a situação, os desafios e as propostas dos secretariados e serviços ligados à Curia Geral, Frei Massino Tedoldi (pela missão e evangelização), Frei Vidal Rodriguez (pela formação e estudos) e Frei Joe Rozanski (pelo JPIC). Recorrente no relatório do Ministro foi a citação da Carta Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, e também dos escritos dos Ministros precedentes, Frei Giacomo Bini e Frei Herman Schaluck. Frei Michael voltou a insistir que não temos mas somos uma missão. Reafirmou que devemos ser irmãos do encontro e do diálogo, e embaixadores da reconciliação. O encontro com Jesus precisar ser a experiência e formação inicial, permanente, e aberta ao futuro na vida de cada frade.
No parecer de Frei Michael, a relação entre identidade, liderança e ministério é uma área específica de preocupação em vista do futuro da Ordem. “Nos modos de falar e de agir, no modo de exercitar a liderança e os ministérios, todos os frades devem tomar cuidado com as posturas identificadas com o termo “clericalismo”. Este vocábulo é usado para indicar um sentido de privilégio, de pertença a um grupo exclusivo, frequentemente ligado ao acesso a bens sociais e eclesiais não disponíveis a outros membros da Igreja. (…) Há casos em que manifestações desta postura são já visíveis nos programas de promoção da vocação franciscana e de formação inicial”.
No que se refere a passos em vista de uma nova visão evangelizadora na Ordem, segundo o Ministro Geral, seria importante escolher uma forma de anúncio que nasça da vida fraterna e se abra à participação dos leigos. Tal anúncio deveria compor-se de obras de justiça e de misericórdia, acompanhadas pela oração, com um convite sincero que promova a aproximação à pessoa de Cristo, um anúncio que se expresse na vida de caridade, justiça e oração da fraternidade local.
Para o Ministro, a minoridade evangélica é chave hermenêutica da colaboração interprovincial e interobediencial, e precisa ser posta em prática. Lembrou, a propósito, que recentemente renovaram-se os esforços para se verificarem a possibilidade, as vantagens e a viabilidade da criação de uma única Universidade Franciscana em Roma. Os Ministros Gerais da Primeira Ordem estão certos de que isso, entre outras iniciativas, seja oportuno e necessário para o bem do nosso testemunho evangélico, e para reforçar os programas já existentes.
Por fim, Frei Michael citou o documento A Ordem hoje, de Frei Giacomo Bini: “Não é a palavra que nos falta, ou gestos isolados de generosidade, mas nos faltam formas concretas, alternativas de vida em fraternidade. (…) Talvez devêssemos concentrar os nossos esforços maiores na busca de uma ‘ortopraxis’, de um estilo de vida que exprima profeticamente para o mundo de hoje aquilo em que cremos, que esperamos e que professamos”.
Antes de receber prolongados aplausos, Frei Michael os arrancou da assembleia ao fazer uma série de agradecimentos: a Frei Bill Short e equipe, secretário do Capítulo, aos Definidores Gerais, ao Vigário Geral Frei Julio Bunader, e também às Irmãs Clarissas e a todas as irmãs das mais diversas congregações franciscanas, presentes em tantos lugares do mundo, pelo apoio na oração e na proximidade de vida e ideal.
Ao entardecer, os capitulares foram a São Damião para as vésperas. Recepcionados pela fraternidade local, composta inclusive por noviços, nos espalhamos pelo belíssimo claustro florido para o início da oração. Depois, em procissão, e cantando, adentramos a capela, onde, em várias línguas, elevaram-se a Deus os louvores e preces do final do dia. Difícil não se impressionar com a ideia de que naquele lugar Francisco fez restauro, tocando aquelas pedra; e Clara viveu por quarenta anos, todo o tempo de sua consagração a Deus, em extrema simplicidade, juntamente com suas irmãs.