O caminho da reconciliação das três Ordens Franciscanas
08/06/2017
A Bula do Papa Leão X “Ite vos“, de 29 de maio de 1517, deveria ter recomposto as diferenças já visíveis entre os Frades Menores sobre como viver verdadeiramente o carisma do Fundador. Em vez disso, ele decretou a divisão em dois ramos (Frades Menores da Regular Observância e Irmãos Menores Conventuais) aos que, uma década mais tarde, acrescentou um terceiro ramo, Frades Menores Capuchinhos. Desde então, cada um dos três ramos masculinos levou em frente a sua própria tradição, cada vez mais reforçando a diferença com os outros irmãos, manifestando-se em alguns momentos mútuo apoio e colaboração, mas também às vezes chegando a algum tipo de choque.
Nos últimos anos, os filhos de Francisco de Assis, especialmente aqueles da terra umbra – onde nasceu o carisma e região para a qual dirigem o olhar todos os irmãos da Ordem – começaram, com o apoio caloroso de seus respectivos Ministros Gerais, um caminho de reconciliação para um testemunho de comunhão cada vez mais evidente, pelo menos igual ao que foi a separação de cinco séculos atrás. Nesta jornada de quatro anos, que já viu os Ministros Gerais concederem um perdão recíproco na Porciúncula em 11 de Julho de 2016, uma data significativa para este processo, chegou-se este ano à celebração de um Capítulo, chamado por isso “Generalíssimo”, a partir desta outra data significativa de 29 de Maio.
No oásis de São Francisco, em Foligno, uma representação de irmãos da única Família Franciscana, expressão da presença das Ordens masculinas na Úmbria, reuniram-se durante quatro dias, juntamente com os Ministros Gerais concluído na manhã de 2 de junho, em Assis, o encontro foi uma forma de “restituir”: aos irmãos, para fazê-los participantes do que se viveu (aos capitulares se juntou uma representação de outros conventos), e ao Senhor, com louvor e ação de graças pelo trabalho que está realizando.
O primeiro desses momentos ocorreu na Sala de Imprensa do Sacro Convento e começou com três testemunhos. O primeiro a falar foi Frei Mauro Botti, OFM, que definiu como “belo o caminho empreendido de recíproca escuta, que já levou a uma reconciliação celebrada diante do Senhor. Frei Iván Scicluna, OFMCap, viu como uma obra do Espírito Santo, concluindo com a urgência de compartilhar com a sua própria fraternidade de Spello a beleza desta experiência, convidando todos a fazer o mesmo para desencadear uma boa, positiva e frutífera “reação em cadeia”. Igualmente Frei Danilo Marinelli, OFMConv, expressou muita gratidão pelo momento vividos juntos, tão ricos em graças que é difícil de sintetizar e cujos frutos certamente serão vistos mais à frente. Após estas três intervenções preciosas, Frei Marcello Fadda, TOR, propôs um breve resumo de tudo que resultou desses quatro dias do Capítulo. Frei Marcello enumerou algumas das muitas propostas específicas surgidas, e que buscam expressar com fatos a possibilidade de um caminhar juntos, e cuja viabilidade será verificada agora.
Frei Mauro Jöhri, OFMCap, em nome dos demais Ministros Gerais, ausentes por outros compromissos, garantiu aprovação – manifestada pela presença em todos os momentos na sede capitular – e o interesse de todos em prol desta inciativa nascida na Úmbria, terra para qual se voltam todas as Ordens Franciscanas.
Os Ministros Gerais já têm um modo de se encontrar e trabalhar juntos e o Papa Francisco durante sua primeira visita a Assis, os exortava para isso. Pessoalmente acolheu com entusiasmo o convite, apresentado por Dom Darío e o jornalista Angeli, para redescobrir e cuidar do nosso carisma, como uma exigência que o mundo faz aos franciscanos, “nestes dias em que colocaram os alicerces – acrescentou – mas agora é preciso construir usando o “cimento” da oração e da vida espiritual”. Ele também desejou a realização de uma das ideias surgidas durante o Capítulo: um “pensatório franciscano” que faça conhecer e valorizar a história franciscana, e, através dela, promova a estima e o respeito das pessoas, aquelas da própria Ordem ou das outras. Frei Mauro concluiu sua intervenção aprovando a intenção de se dirigir ao Papa com o maior número de frades no próximo 29 de novembro de 2017 para receber dele a bênção e uma palavra sobre este caminho empreendido juntos. Um primeiro assentimento, verbal, já o deu o Papa aos quatro Ministros Gerais durante um encontro privado, mas agora será necessário especificar data e modalidade.
Na esplêndida Basílica Menor, os frades celebraram a Eucaristia presidida por S. E. Mons. José Rodríguez Carballo, OFM, Secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, na qual começou expressando a “grande alegria de se encontrar com a amadíssima Família Franciscana”.
Mais informações em: www.assisiofm.it