Telhas do Convento viram arte e irão a leilão
04/04/2018
Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – Com parte do projeto “Telhados da fé”, que visa a troca de toda a cobertura atual do Convento da Penha, uma porção das telhas foram vendidas e outra parte das 7 mil telhas foram doadas a uma família carente de Vila Velha, mas 33 telhas tiveram um destino mais do que especial: tornaram-se obras de arte nas mãos de artistas plásticos voluntários. Gentilmente, eles oferecem o dom de sua arte para produzir sobre as telhas, pinturas e desenhos que retratam o Convento da Penha e este cenário da fé.
Esse projeto, que se chama “Telha Santa”, poderá ser visto até o dia 21 de abril em Exposição no Dispensário São Judas Tadeu, ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Prainha, a mais antiga do Brasil em funcionamento. Mas desde já essas obras podem receber lances no Leilão eletrônico, que terminará no dia 21 de abril, pelo endereço: www.suedpeterleiloes.com.br.
Segundo a coordenadora do projeto, Marcelina M. C. de Freitas Siqueira, quem não conseguir ver as obras em exposição ou adquirir uma delas no leilão, futuramente poderá comprar o livro que vai registrar todas as peças, assim como trará um histórico do telhado do Convento. “Quando acabar o leilão, tudo ficará registrado num livro”, explica Marcelina, que é médica e acompanha a comunidade franciscana há 40 anos. “Desde criança tenho essa proximidade com os frades franciscanos do Santuário Divino Espírito Santo e do Convento da Penha”, explica.
É dela a ideia de fazer este projeto. “Eu vi as telhas sendo vendidas a 10 reais e achei que se poderia agregar um pouco mais no valor para ajudar nesta campanha do telhado. Fiz contato com uma artista, Kathy Marcondes, e ela, por sua vez, fez contato com o Atelier da Zeth Aguiar e a ideia ganhou forma com o convite a essas artistas”, contou Marcelina, que reuniu 13 artistas, todas voluntárias, neste projeto.
“O Convento da Penha é encantador. Encanta a muitos. E foi a força desse grande símbolo que é o Convento que moveu a inspiração de todos no grupo de colaboradores. Cada um no seu papel de ‘formiguinha’, fez a sua parte, para realizarmos o “sonho” da publicação do ‘Telha Santa'”, diz Kathy Amorim Marcondes na introdução deste livro. “Tentamos preservar aqui a memória de todo amor, devoção e qualidade artística e simbólica do material produzido! Nosso livro/memória/catálogo pretende ser a última forma de levar essas telhas, novamente, a prosseguirem o seu caminho e espalhar o ‘Telhado da Fé’ e o simbolismo do Convento da Penha para outras casas, para outras paróquias, para outros corações”, espera Kathy.
Uma dessas artistas é Aidini Graciosa Schaquetti, uma apaixonada pelo Convento da Penha. Só para se ter ideia dessa paixão, dez obras em telhas retratam o Convento e fazem parte desta exposição. “Assim que me aposentei, comecei a pintar aos poucos. Fui gostando cada vez mais do ofício até que participei de um projeto para pintar capelas. Escolhi o Convento da Penha e todo mundo gostou muito. Desde então passei a pintar o Convento de todos os ângulos”, conta Aidini, professora do ensino fundamental.
“O Convento além de ser um ponto turístico, é um santuário onde vou para rezar e agradecer. É um lugar que me dá paz. Essa mesma paz eu encontro também quando estou pintando o Convento”, diz Aidini, o que explica a facilidade com que fez as 10 telhas.
Já a mineira Maria Madalena Schettini é professora de arte, para quem a pintura teve o significado de oração: “É um jogar da alma sobre uma telha e elevar até o céu”, garante. Para ela, esse processo acontece desde a busca de materiais até o destino dessas telhas. “Porque, com certeza, a pessoa que adquirir esta obra vai cuidar deste pedacinho da
Penha”, espera. (Madalena (à esq. na foto) e Aidini, à direita).
Para o guardião do Convento, Frei Paulo Roberto Pereira, a troca do telhado é urgente e ajudará na preservação do patrimônio. “É uma honra para nós, franciscanos, cuidarmos do Convento, mas sabemos que é um lugar que recebe a todos e que precisa ser cuidado”, destaca, lembrando que como estava, com muitas infiltrações, a estrutura corria o risco de degenerar completamente. Essa reforma dará uma sobrevida de mais 60 anos, o tempo em que se calcula que foi feito o último telhado.
Fazem parte deste projeto: Aidini Graciosa Schaquetti Demoner, Ana Helea Baião, Angela Gonçalves Faria, Cyrus Augusto Marcondes Ferrari, Eliane Maria Moreira de Almeida, Eloiza Guedes Pellanda, Elizete Ferreira Aguiar, Kathy Amorim Marcondes, Lucia Martins Soares Fernandes Bomfim, Maria Madalena Schettini da Silva, Marildes Gomes da Silva, Marinez Duarte, Penha Medeiros, Waleska Assad Martins Soares e Zuleica Passos Gomes.