Suicídio é a segunda causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos
11/09/2019
Não faltam notícias e casos reais que exemplifiquem os números divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens. É a segunda causa entre as meninas — a primeira são as complicações surgidas após a gravidez — e a terceira entre rapazes. A primeira são acidentes de trânsito e a segunda, a violência. Além dos números, é comum sabermos de casos próximos, sinalizando a gravidade da situação. Entre 2006 e 2015, o índice aumentou 24% se comparado ao período anterior. Segundo Lucía Silva, professora adjunta do Departamento de Enfermagem Pediátrica da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), estes dados são alarmantes e preocupantes.
Na segunda parte da série de entrevistas, realizada pela Província Franciscana, através da Frente de Evangelização da Comunicação, abordamos o tema do suicídio entre crianças e adolescentes e também a importância de campanhas propositivas, como o projeto “Diga sim à vida”, promovido pela Fundação Cultural Celinauta em Pato Branco (PR).
A influência das redes sociais na infância e adolescência
Uma grande preocupação dos pais, responsáveis e educadores é a influência das redes sociais no aumento dos números de suicídio entre crianças e adolescentes. Casos recentes de jogos virtuais, como “baleia azul” e “momo”, despertaram a sociedade para a importância do cuidado com a saúde mental de pessoas nesta faixa etária. Para Lucía Silva, as redes sociais podem influenciar mas não estão na origem do problema. Em geral, as vítimas sofrem de algum transtorno mental que, somado aos desafios, geram vítimas fatais. “O maior fator de risco para o comportamento suicida é algum tipo de transtorno de saúde mental em crianças e adolescentes. Uma criança que possivelmente está mais vulnerável, que não vê saída para a resolução de problemas, acaba aceitando com mais facilidade este tipo de desafio. Por isso, é importante prestar atenção aos sinais de risco para adoecimento mental”, afirma a especialista.
Segundo ela, uma forma de prevenir é estar sempre atento às mudanças repentinas de humor e rotina na vida dos jovens. “A criança tem um padrão de comportamento que é próprio dela e algumas alterações podem nos dizer que ela está em sofrimento mental. Por exemplo: alterações no sono, isolamento social, alterações na alimentação, perda de interesse em desempenhar atividades que até então ela gostava. Estes são pontos de atenção que devem ser considerados”, aconselha Silva. Outro fator importante apontado pela profissional é o monitoramento das atividades em redes sociais. Se possível, deixar computadores e tablets em locais comuns da casa, não deixando a criança ou adolescente sozinho quando estiver acessando a internet.
Uma mensagem de esperança
A iniciativa “Diga sim à vida”, da Fundação Cultural Celinauta, também marca o mês de setembro, dedicado às reflexões e debates a respeito do suicídio.
O objetivo da iniciativa é promover a valorização da vida e apresentar às pessoas que passam por dificuldades que sempre existe alguém disposto a ajudá-las a superar seus problemas, por mais graves que pareçam. Além da veiculação local, os dez spots produzidos em série, com duração de 20 segundos, estão sendo oferecidos gratuitamente para serem baixados pela internet e utilizados livremente em programações de rádio assim como em momentos formativos e encontros promovidos nas igrejas, escolas e outros lugares. A abordagem é sempre positiva, levando às pessoas uma mensagem de esperança e solidariedade.
Segundo Frei Neuri Francisco Reinish, presidente da Fundação Cultural Celinauta, a motivação nasceu a partir da escuta das necessidades das pessoas. “Atendendo no confessionário e, muitas vezes, nos próprios meios de comunicação, percebemos quais são as fragilidades das pessoas. Sabemos da audiência do rádio, da televisão e das mídias sociais e como podemos influenciar positivamente as pessoas”, assegura o frade.
Ouça abaixo a segunda parte da série de entrevistas: