Papa Francisco: Somos capazes de dizer obrigado?
09/10/2016
Cidade do Vaticano – O Papa presidiu este domingo (09/10) a missa do Jubileu Mariano na Praça São Pedro. Dezenas de milhares de fiéis participaram da cerimônia, incluindo delegações de mais de 40 nações que participaram deste evento nos últimos dias em Roma.
A homilia do Pontífice se inspirou nas leituras do dia, que nos convidam a reconhecer os dons de Deus. Lucas, em seu Evangelho, menciona o episódio dos dez leprosos curados por Jesus, dos quais apenas um, o estrangeiro que vive marginalizado, volta atrás para expressar a sua gratidão pelo dom recebido.
“Como é importante saber agradecer, saber louvar por tudo aquilo que o Senhor faz por nós! Assim podemos perguntar-nos: somos capazes de dizer obrigado? Quantas vezes dizemos obrigado em família, na comunidade, na Igreja? Quantas vezes dizemos obrigado a quem nos ajuda, a quem está ao nosso lado, a quem nos acompanha na vida? Muitas vezes consideramos tudo como se nos fosse devido!”, afirmou Francisco, lembrando que “isto acontece também com Deus… É fácil ir ter com o Senhor para Lhe pedir qualquer coisa, mas voltar para Lhe agradecer…”.
Só quem sabe agradecer experimenta a plenitude da alegria
E precisamente neste Jubileu Mariano, é oportuno “pedir a Nossa Senhora que nos ajude a entender que tudo é dom de Deus e a saber agradecer: só então a nossa alegria será completa”, frisou Francisco.
O Papa também citou a importância de sermos humildes, como o foi Naaman, comandante do exército do rei da Síria, leproso, que para se curar, aceita a sugestão de uma escrava e confia-se aos cuidados do profeta Eliseu, que para ele é um inimigo. Eliseu não pretende nada; manda-o apenas mergulhar na água do rio Jordão. Naaman perplexo estava para voltar a casa, mas depois aceita mergulhar no Jordão e, imediatamente, fica curado.
Maria também foi estrangeira no Egito, distante de parentes e amigos
Os protagonistas dos dois episódios têm uma coisa em comum: são dois estrangeiros.
“Quantos estrangeiros, incluindo pessoas de outras religiões, nos dão exemplo de valores que nós, às vezes, esquecemos ou negligenciamos! É verdade; quem vive a nosso lado, talvez desprezado e marginalizado porque estrangeiro, pode-nos ensinar como trilhar o caminho que o Senhor quer”, concluiu o Papa.
Delegações de todo o mundo presentes em Roma com a ‘sua Maria’
O Jubileu Mariano teve início sexta-feira (07/10) e desde então, nas redondezas doo Vaticano têm se realizado adorações e vigílias de oração à Virgem Maria. Chegaram à Santa Sé 94 congregações marianas de todo o mundo, trazendo imagens marianas de 51 Santuários de 40 países, inclusive do Brasil. Uma delegação trouxe uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e participou da Vigília de sábado (08/10), com o Papa, na Praça São Pedro.
O Ano Santo Extraordinário da Misericórdia começou em 8 de dezembro de 2015 e será encerrado no próximo dia 20 de novembro.
PAPA REZA PELOS HAITIANOS
Dor, oração e apoio. Na oração do Angelus deste domingo (09/10), o Papa manifestou a sua preocupação com a população do Haiti, que sofre as consequências da passagem do furacão Matthew em suas terras já martirizadas seis anos atrás por um terremoto.
“Asseguro a minha proximidade à população e expresso confiança no espírito de solidariedade da comunidade internacional, das instituições católicas e das pessoas de boa vontade. Convido todos a se unirem à minha oração por estes irmãos e irmãs que estão passando por esta provação”.
Confiemos a Maria a humanidade, acolhamos o Evangelho de Jesus
Francisco também recordou a Beatificação, em Oviedo, na Espanha, de quatro mártires da perseguição anti-religiosa de 1936. O Papa definiu os novos beatos “heroicas testemunhas da fé”.
E enfim, dirigindo uma saudação a todos os fiéis reunidos na Praça para a oração mariana, o Pontífice citou as palavras pronunciadas por São João Paulo II em 8 de outubro de 2000: “O Mãe… queremos confiar-te o futuro que nos aguarda. A humanidade pode fazer deste mundo um jardim ou reduzi-lo a um amontoado de escombros. Que a Virgem nos ajude a escolher a vida, acolhendo e praticando o Evangelho de Cristo Salvador”.
JUBILEU MARIANO
Na tarde de sábado, milhares de fiéis participaram na Praça São Pedro de uma vigília com a presença do Papa Francisco, no contexto do ‘Jubileu Mariano’.
Cerca de 100 delegações marianas de 45 comunidades italianas e de mais de 50 santuários marianos de todo o mundo, representando ao menos 40 nações, estão em Roma desde sexta-feira (07/10) e domingo (09/10), encerrarão o Jubileu participando da missa com o Papa.
Durante a tarde, delegações de vários países europeus, asiáticos e americanos, como Argentina, Brasil e Venezuela fizeram uma procissão nas redondezas e se reuniram na Praça para participar do momento de oração.
A oração do Terço e seu significado
Na vigília, foram repassados os momentos fundamentais da vida de Jesus em companhia de Maria: a Ressurreição como sinal do extremo amor do Pai, que de novo traz tudo à vida; a Ascensão como partilha da glória do Pai, o Pentecostes, expressão da missão da Igreja na história até ao fim dos tempos; e nos dois últimos mistérios, foi contemplada a Virgem Maria na glória do Céu – Ela que, desde os primeiros séculos, foi invocada como Mãe da Misericórdia.
Em sua homilia, o Papa explicou “os mistérios propostos na oração do Rosário são gestos concretos em que se desenvolve a ação de Deus em nosso favor, vindo ao nosso encontro nas várias necessidades da vida”; e que Maria nos acompanha neste caminho.
Detendo-se sobre a importância de rezar a oração do Terço, Francisco disse que “acolhendo e assimilando dentro de nós alguns acontecimentos salientes da vida de Jesus, participamos na sua obra de evangelização”.
A alegria da partilha sendo missionários
“Somos discípulos, mas também missionários; não podemos encerrar o dom de sua presença dentro de nós. Pelo contrário, somos chamados a comunicar a todos o seu amor, a sua ternura, a sua bondade, a sua misericórdia. É a alegria da partilha”.
Quem nos dá essa possibilidade, a de compreender o que significa ser discípulos de Cristo, é Maria. O seu primeiro passo foi pôr-se à escuta de Deus, mas ouvir não basta… a escuta precisa ser traduzida em ação concreta. De fato, completou Francisco, “o discípulo põe a sua vida ao serviço do Evangelho”.
“Na sua fé, vemos como abrir a porta do nosso coração para obedecer a Deus; na sua abnegação, descobrimos quão atentos devemos estar às necessidades dos outros; nas suas lágrimas, encontramos a força para consolar aqueles que estão mergulhados na tribulação”.
Invocação final a Maria
Concluindo a homilia, o Papa pediu aos fiéis que a invocassem com a oração mais antiga que os cristãos fizeram para se dirigir a Ela, sobretudo nos momentos de dificuldade e martírio. “Com a certeza de sermos socorridos pela sua materna misericórdia, para que Ela, «gloriosa e bendita», nos possa servir de proteção, ajuda e bênção durante todos os dias da nossa vida: «À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita».
Fonte: Rádio Vaticano