Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Santo Antônio ensina o caminho da Palavra viva no 10º dia

10/06/2015

Notícias

Moacir Beggo

Santos (SP) – Toda quarta-feira, Frei Rozântimo Antunes Costa pede ao povo que traga a Bíblia para a celebração eucarística. Nesta quarta-feira, 10 de junho, coincidentemente, o tema do 10º dia da Trezena de Santo Antônio foi o “Santo da Palavra” e o povo, que lotou o Santuário, pôde conhecer um pouco mais Santo Antônio e seu amor pela Palavra de Deus. Tanto é assim que, em 1946, o Papa Pio XII o declarou Doutor da Igreja, com o título de “Doutor Evangélico”, dado ao seu particular gosto pelos estudos bíblicos.

Frei Rozântimo, lembrou no início da celebração o falecimento de Frei Nilton Steckert, frade que viveu quase três anos neste Santuário, e rezou pelo pronto restabelecimento da mãe de Frei André Becker, Dª Adelina Becker.

Antes de iniciar sua pregação, Frei Rozântimo convidou o povo a olhar para a tricentenária imagem central do altar principal. “O que Santo Antônio traz nas suas mãos  além do Menino Jesus?”, perguntou. “É a Bíblia. E se olharmos melhor, o Menino Jesus está em pé sobre ela. É porque a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Como Santo Antônio poderia vivenciar a Palavra encarnada se não a vivenciasse no Menino Jesus. Por isso, a presença do Menino Jesus que se faz carne”, explicou, citando uma frase do santo: “A linguagem é viva, quando falam as obras. Cessem, por favor, as palavras; falem as obras. Estamos cheios de palavras, mas vazios de obras”.

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A imagem tricentenária de Santo Antônio

Segundo Frei Rozântimo, como pregador deve viver aquilo que fala. “Vocês podem imaginar a minha responsabilidade! Já pensou falar para vocês o que eu não vivo? Eu seria um mentiroso, um falso, e teria de prestar contas a Deus”, disse, fazendo uma referência a São Gregório: «Há uma norma para o pregador: que faça aquilo que prega».

Mas, segundo o frade, Santo Antônio era também um homem muito inteligente. “Vocês sabiam que se perdessem todas as Bíblias do mundo inteiro, Santo Antônio teria condições de reescrevê-la?”, perguntou. “Ele tinha tudo em sua memória. Por que ele decorava a Palavra de Deus? Porque no seu tempo não havia tantos livros disponíveis. Era difícil o acesso a uma Bíblia. Hoje, não, já vi gente lendo a Bíblia no celular”, brincou.

Segundo o frade, Santo Antônio tinha um amor especial pela Palavra de Deus e por isso a estudava com afinco. “Ele estudava a Palavra, vivia a Palavra, e encarnava a Palavra. Mas isso só é possível em Santo Antônio? Não, também em vocês é possível”, garantiu, indicando os cursos bíblicos para ajudar no aprendizado bíblico, já que a Palavra de Deus também precisa ser entendida num contexto, segundo o frade.

“Por isso, eu peço que tragam a Bíblia toda quarta-feira. Estudem e meditem a Bíblia. E não a tornem um lugar de superstição. Hoje, um repórter me ligou e só queria falar de Santo Antônio casamenteiro. Fui até um pouco brusco e depois me arrependi. Eu disse assim: ‘você está limitando Santo Antônio. Ele não pode ficar marcado como casamenteiro. Ele é muito mais: Ele é doutor, é teólogo, é sacerdote, ele é o senhor da Palavra viva. Ele A encarnou em sua vida’”, contou, acrescentando que Santo Antônio recebeu um convite especial de São Francisco de Assis para ensinar o estudo da Bíblia e teologia aos frades.

meioO celebrante também destacou o grande pregador que Santo Antônio era e lembrou o episódio da pregação aos peixes. Por causa “deste dom” que tinha o santo franciscano, ele é invocado como “Arca do Testamento, Trombeta do Evangelho, Taumaturgo da Palavra, Arsenal das Sagradas Escrituras,  Doutor Evangélico etc. “Foi Gregório IX que chamou de ‘Arca do Testamento’ depois de uma brilhante pregação em Roma”, lembrou. Ele também combateu depois com tal ardor e com tão feliz êxito contra os hereges, isto é, contra os albigenses, cátaros e patarenos, que foi chamado de “martelo dos hereges”.

Depois de um tempo de seu falecimento, quando São Boaventura era o Ministro Geral, durante a exumação do corpo de Santo Antônio, para a surpresa de todos, encontraram o corpo em pó, mas sua língua e as cordas vocais intactas. “A língua, como todas as partes moles do corpo, é uma das primeiras que se decompõem. O fato de ela ter permanecido intacta foi interpretado como um sinal de Deus, que quis preservar essa língua, visto que Santo Antônio era conhecido por ser um grande pregador”, disse Frei Rozântimo. “Mas não vamos nos prender a isso”, emendou. “Vamos ser anunciadores da Boa Nova, para que ela se torne viva em nossa vida”, pediu, acrescentando outro pedido para que leiam toda noite a Bíblia e a deixem na cabeceira da cama.

O frade encerrou a sua pregação com uma música: “Como a chuva que lava, como o fogo que arrasa/ Tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal!”…

Nesta quinta-feira, 11º dia da Trezena, a celebração terá a presença do Pe. Luiz Carlos Passos, da Paróquia Santa Margarida Maria, que vai falar sobre o “Santo da Oração”.