Bolsonaro disse que bloqueou a verba para educação porque precisa e chamou os manifestantes de ‘idiotas’.
Todos os estados e o Distrito Federal registraram, nesta quarta-feira (15), manifestações contra o bloqueio de recursos para a educação anunciado pelo Ministério da Educação (MEC). Houve atos em ao menos 161 cidades. Universidades e escolas também fizeram paralisações após convocação de entidades ligadas a sindicatos, movimentos sociais e estudantis e partidos políticos. Os frades estudantes de Filosofia, em Curitiba, também foram às ruas para protestar (foto acima).
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não gostaria de contingenciar verbas, mas que isso é necessário. Ele também declarou que os manifestantes são “uns idiotas úteis, uns imbecis”. “A maioria ali é militante. É militante. Não tem nada na cabeça. Se perguntar 7 x 8 não sabe. Se perguntar a fórmula da água, não sabe. Não sabe nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo utilizados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil”, afirmou Bolsonaro nesta quarta, durante visita ao Texas (EUA).
MEC bloqueou 24,84% dos gastos não obrigatórios dos orçamentos das instituições federais. Essas despesas incluem contas de água, luz e compra de material básico, além de pesquisas
As verbas obrigatórias (86,17%), que incluem salários e aposentadorias, não serão afetadas
Sindicatos e movimentos estudantis convocaram um dia de greve contra cortes de verbas que, segundo eles, podem paralisar as universidades
O ministro interino da Economia, Marcelo Guaranys, disse que a arrecadação do governo foi abaixo do esperado e, por isso, foi feito o congelamento temporário de verbas
O ministério informou que “está aberto ao diálogo” e que o ministro se reuniu com reitores de federais
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não gostaria de contingenciar verbas, mas que isso é necessário. Ele também declarou que os manifestantes são “uns idiotas úteis, uns imbecis”.
Brasília, 15 de maio 2019.
O Senhor lhes dê a paz!
A Conferência da Família Franciscana do Brasil, CFFB, acompanha com apreensão e indignação as mudanças na política educacional em curso no Brasil. Desde que chegamos à Terra da Santa Cruz, em 1500, temos procurado contribuir com a elevação cultural de nossa Pátria, por meio da educação. São inúmeras as atividades educacionais e promocionais assumidas por membros e instituições da Família Franciscana e outras. Portanto, nossa indignação com as mudanças que afetam as políticas educacionais nasce do compromisso com o incentivo de uma educação que promova as pessoas, a consciência cidadã e a participação na construção de uma Pátria onde todos sejam verdadeiramente amados!
Repudiamos o que se tem feito para o desmantelamento das Universidades Públicas, pesquisas científicas, políticas públicas, desmoralização dos profissionais da educação e o caos que vai se espalhando pelas escolas públicas e privadas país a fora.
Repudiamos ainda tudo que tem sido feito para dificultar o acesso dos empobrecidos, negros, quilombolas, indígenas, mulheres, população LGBTs nas diversas áreas do sistema educacional, como se estes não tivessem o direito a uma educação de qualidade, proporcionada pelo Estado Brasileiro, como forma de superação dos diversos abismos sociais.
Repudiamos o incentivo ao armamento da população, inclusive nos ambientes educacionais, promovidos pelas Medidas Provisórias assinadas pelo Senhor Presidente da República.
Repudiamos a retórica e gestualidade armamentista de quem deveria ser os primeiros educadores da Nação. A paz não se constrói com armas. A melhor e a mais eficaz arma para um País é seu povo educado e livre para pensar e exprimir suas opiniões. A melhor arma para o Estado é uma educação de qualidade, que promova a superação das desigualdades sociais e irmana povos e culturas.
A todos aqueles que hoje saem de seus lares e de suas escolas e levantam a voz pelo bem comum do Brasil, a nossa solidariedade e comunhão franciscana. Vale lembrar, mais do que nunca, a atualidade e a necessidade de se concretizar o dito popular: “povo unido, não será vencido!”
Rogamos a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, que interceda por nossa Mãe-Pátria para que seu revolucionário cântico do Magnificat torne-se uma realidade entre nós.
E que São Francisco de Assis, o irmão de todos, nós proteja nesta grande travessia!
Frei Éderson Queiroz – OFMCap
Presidente da Conferência da Família Franciscana do Brasil – CFFB
MENSAGEM DA PROVÍNCIA
Sobre o Bloqueio de 30% dos recursos das instituições federais de Ensino Superior
Desde logo após as suas origens, o movimento iniciado por São Francisco de Assis atraiu homens de notável ciência e saber, o que propiciou a presença dos irmãos da Ordem dos Frades Menores no ambiente universitário na qualidade de mestres e professores. Atentos à advertência de São Francisco – de que a ilustração não lhes tornasse soberbos ou lhes fizesse perder o espírito de oração e devoção – os irmãos procuraram manter sua presença neste ambiente de cultivo do conhecimento. Até os dias de hoje os franciscanos continuam a acreditar que o universo da educação e da pesquisa seja plataforma importante para o exercício da Missão Evangelizadora.
Diante do exposto, venho, em nome da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, manifestar grande preocupação no que diz respeito à decisão do Governo Federal de promover o bloqueio de 30% nos recursos das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). É evidente que esta ação vai colocar em risco o trabalho de excelência que estas instituições realizam nas áreas de Ensino, Pesquisa e Extensão. Certamente, os efeitos da decisão vão recair sobre importantes projetos de serviços às comunidades, especialmente as mais carentes, vão inviabilizar a continuidade de fundamentais programas de pesquisa, inclusive aqueles que visam a cura de doenças complexas e graves, vão comprometer a qualidade do atendimento nos Hospitais Universitários, além de quase impossibilitar as providências necessárias a garantir a limpeza, a manutenção e a segurança dos campi universitários.
Consciente de que a missão evangelizadora, para além dos vínculos institucionais e/ou religiosos, passa pela promoção da vida, da dignidade e do cuidado pelo ser humano, convoco todos os confrades e leigos ligados às nossas Frentes de Evangelização, à Família Franciscana, assim como todas as pessoas de boa vontade, a pacificamente contestar esta postura que, ao contrário de contribuir para a construção de um país melhor, tende a cada vez mais afastar o Brasil do caminho do desenvolvimento e do progresso. Evangelizar é sinônimo de amar. Amar a Pátria é amar aqueles que nela vivem e promover-lhes a qualidade de vida e o cuidado integral. Pátria amada é aquela que sabe amar.
São Paulo, 05 de maio de 2019.
Frei César Külkamp, OFM
Ministro Provincial
Com informações do G-1