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Projeto recebe homenagem da Secretaria de Saúde de São Paulo

08/12/2011

Notícias

Por Aguinaldo Aparecido Campos, especial para este site

A Prefeitura do município de São Paulo realizou no dia 06/12 o “Seminário de Tuberculose e Hanseníase” com a participação de profissionais de saúde, autoridades da área e parceiros. “Nós lidamos no dia-a-dia com duas patologias que exigem perseverança no trabalho. Daí a importância da realização desse evento e eu trago o apoio do Dr. Januário Montone.”, disse na abertura do evento, a Dra. Rejane C. Gonçalves, representante do Sr. Secretário Municipal de Saúde.

Outros participantes da abertura também deixaram seu recado: “Quero falar da importância da realização de um evento que abordará duas doenças “bíblicas”, de grande duração e que, por isso mesmo, exigem ações estratégicas que extrapolam as ações de saúde, pois atingem as populações mais vulneráveis, o que exige ação integrada e qualificada da atenção a elas.”, falou a Dra. Ana Maria B. Bresolin, representante da Gerente de Coordenação de Vigilância em Saúde; falando sobre as parcerias, o trabalho integrado que é realizado diariamente pelos profissionais de saúde, a Dra. Cecília Kumitake, representante da Coordenadora de Atenção Básica do município, argumentou que “somente a conjunção de esforços, a atuação de cada profissional é que levará ao sucesso das ações de combate a essas duas doenças. Quero reafirmar a importância das parcerias para continuarmos envidando esforços nesse sentido.”; a Dra. Laede A. dos Santos, representante da Coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose observou que “o profissional de saúde consegue interferir na Tuberculose e na Hanseníase porque depende do empenho de pessoas não de grandes aparatos, de equipamentos, por isso, é importante também parabenizar os profissionais de saúde que atuam nessas áreas.”. Encerrando as apresentações, a Coordenadora do Programa Municipal de Controle da Hanseníase, Dra. Patrícia C. Burian, falou do lançamento do “Protocolo de Atendimento em Referência de Hanseníase”: “temos avançado, a academia engloba nove setores, entre governo, parceiros e população, mas é preciso maior participação da sociedade. Precisamos de toda a intersetorialidade governamental reafirmando, aqui, a importância da Atenção Básica.”

Dois profissionais da saúde receberam homenagem do Programa Municipal de Controle da Hanseníase, além do “Projeto Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase” que foi homenageado pelo “apoio e colaboração em prol do fortalecimento das ações de controle da doença no município de São Paulo.” O Coordenador Educacional, Aguinaldo Campos, foi chamado para receber o prêmio: “Foi uma grata surpresa. O projeto existe há sete anos e desde o início procurou trabalhar em parceria com as secretarias municipais, estaduais e o Ministério da Saúde. Há muitos avanços na área e isso também precisa ser comemorado. O que mais nos motiva são os profissionais de saúde que realmente abraçam a causa em circunstâncias dificílimas, muitas vezes, sem jamais esmorecer. Queremos continuar trabalhando e contribuindo para o combate da Hanseníase. Esta é, afinal, a razão de ser do nosso projeto, aquilo que mais nos toca, pois nos foi legado por São Francisco de Assis.”, concluiu.

Além da Hanseníase, Tuberculose também preocupa

O convidado especial do evento, Coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, do Ministério da Saúde, Dr. Draurio Barreira, falou sobre o “Panorama Atual da Tuberculose no Brasil/Avanços e Desafios”. “A Tuberculose é a doença mais emblemática do ponto de vista da população atingida, a mais carente de todos os recursos.”, enfatizou.

Dr. Draurio relatou que a capital de São Paulo tem a maior população de rua, a maior população prisional, além de expressivo número de pessoas convivendo com o HIV/AIDS e a população indígena, também vulnerável, embora pequena. Esses grupos, segundo explicou, apresentam a maior exposição à doença.

Ele divulgou que a Tuberculose, a Malária e a AIDS são doenças que constam dos “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para redução de casos até 2015”, da Organização Mundial da Saúde. Inclusive, a Tuberculose é prioridade da OMS por causa da epidemia de HIV/AIDS e, desde 2003, passou a ser também prioridade do Ministério da Saúde.

O Coordenador Nacional divulgou os dados nacionais da doença: são 71 mil novos casos detectados até 2010. Por ano, 4.800 casos. A Tuberculose é a terceira causa de morte por doenças infecciosas, a primeira é a AIDS.

Ele relatou que a incidência nos homens representa o dobro da taxa em relação às mulheres infectadas e que a mortalidade também é o triplo no sexo masculino. Isso talvez seja explicado pela cultura dos homens de não cuidar da saúde.

Entre as populações vulneráveis chama a atenção o fato de que o indicador “raça/cor” tenha certa preponderância: quando tomados em relação a outras raças, a população indígena apresenta número de infectados superior a 100 casos para cada 100.000 habitantes, sendo que as outras raças também apresentam três vezes mais casos do que a branca. A raça negra, por exemplo, apresenta duas vezes mais risco do que as outras raças; a indígena, quatro vezes mais. Em relação à população em geral, a população prisional, apresenta 25 vezes mais possibilidade de infecção; os portadores do HIV, 30 vezes mais e os moradores de rua, 67 vezes mais.

O Dr. Draurio afirmou que o diagnóstico laboratorial é um dos maiores desafios ao controle da Tuberculose no país e que, por isso, é prioridade absoluta do Programa Nacional de Controle da doença (PNCT). “Necessitamos de parcerias com os estados, municípios, a academia e com a “CGLAB” para as questões operacionais. A prioridade é a descentralização do atendimento para a Atenção Básica. Outro desafio é a implementação de atividades colaborativas de Tuberculose com outros agravos coexistentes, com os outros programas de controle, como a Hanseníase e o HIV/AIDS.”, explicou.

O Coordenador ainda relatou que, para melhorar a adesão ao tratamento, muitas ideias estão sendo colocadas em prática, inclusive, pensam em parceria com os congressistas para a criação de uma lei para distribuição de cestas básicas, vale transporte, etc., para os doentes que seguirem fielmente o tratamento. Nesse sentido, lembrou que há diversas iniciativas locais e pessoais de servidores que se cotizam para fazer o café da manhã para os pacientes, por exemplo. “Isso é muito importante, mas é preciso que se torne lei porque será obrigação do estado, já que a doença atinge as populações menos favorecidas, como demonstram os indicadores. A gente vem pautando o controle da Tuberculose e da Hanseníase pela melhora dos indicadores sociais. Um outro exemplo: são poucas as iniciativas nacionais de trabalho com os imigrantes (bolivianos, peruanos, angolanos, nigerianos…), o que ocorre forte e muito bem realizado em São Paulo, mas basicamente nos municípios não há dados consistentes.”, finalizou.