Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Projeto participa da festa do Círio de Nazaré

21/10/2011

Notícias

São Paulo (SP) – Para os habitantes do sudeste e do sul do país, a festa do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, parece uma linda festa, com números espantosos de frequência aos eventos religiosos que começam no mês de agosto com a “Missa do Mandato” e a finalização no final de outubro, mês da festa propriamente dita. Mas não é apenas isso. Além de apresentar esses números que impressionam, uma vez que reúne mais de dois milhões de pessoas e é considerada a maior festa religiosa da América Latina, a festa foi declarada pelo IPHAN como “Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial”. Para além dos números, é o maior evento cultural do Pará, conhecido como o natal dos paraenses que costumam desejar “Feliz Círio!” e comemorar com o almoço em família, após a procissão, em que não podem faltar os tradicionais pratos locais: o pato no tucupi e a maniçoba.

Oficialmente, a festa é aberta no início do mês de outubro, na casa de Plácido, o caboclo que teria encontrado a imagem em 1700. A extensa programação litúrgica acontece todos os dias até o final do mês, com terços, missas, consagrações, vigílias, adoração ao Santíssimo Sacramento, concerto mariano e, claro, muitas procissões: do translado, rodoviária, fluvial, motorromaria, Círio de Nazaré, ciclorromaria, romaria da juventude, das crianças e pregações e eventos.

A Corda
Os belenenses contam que, em 1855, o carro de boi que transportava a imagem ficou atolado em um lamaçal e os fieis conseguiram uma corda emprestada para amarrar ao carro e puxar a imagem “com boi e tudo”. Essa passagem marcou profundamente os romeiros e, em 1885, a corda foi oficialmente incorporada ao festejo substituindo os animais que puxavam a berlinda com a imagem de Nazaré. Os responsáveis pela organização da festa dizem que a corda tem 400 metros de comprimento e duas polegadas de diâmetro. “Ninguém consegue traduzir o que sentem os romeiros que puxam a corda até a Basílica no dia do Círio. É uma experiência difícil de explicar para quem está assistindo ou participando. Eu mesmo participei uma vez só, há uns vinte anos, e ainda hoje é algo que me emociona muito quando me lembro.” Relatou o Sr. Antônio Benedito Bittencourt, Ministro Nacional da OFS, Ordem Franciscana Secular.

Ordem Franciscana Secular ajuda na divulgação de informações sobre a Hanseníase
O “Projeto Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase” vem, há algum tempo, conseguindo participar do calendário das grandes festas religiosas nacionais: foi assim em 2010 em Aparecida, São Francisco das Chagas, em Canindé, no Ceará e, agora, a estreia no Círio de Nazaré.

Essa é uma estratégia importante uma vez que milhares, no caso de Belém, milhões de pessoas participam dos eventos e a informação sobre a Hanseníase pode ser levada a muita gente.
Já no dia 07/10, aconteceu no “Convento Nossa Senhora Rainha da Paz”, com todo o acolhimento do frei Hermano e do frei Juvenal, uma reunião com nove coordenadores da OFS, Ordem Franciscana Secular, entre eles, o Ministro Nacional, Sr. Antônio Benedito, e a Ministra Regional, Sra. Marúcia Conte, que se dispuseram a arregimentar os irmãos da ordem para ajudar na distribuição de folderes durante as romarias e procissões pelas ruas de Belém. Foram definidos três pontos-chaves por onde as procissões circulariam: no início, na Catedral; no meio, na Av. Presidente Vargas e na chegada, próximo à Praça da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. “Foi uma experiência nova e muito enriquecedora. Um homem, ao pegar o folheto, olhou, olhou, aí ele se afastou de mim e ficou medindo como que procurando sinais da doença em mim… aí percebi como o preconceito com essa doença é grande. Esse trabalho deve ter continuidade, principalmente, para ajudar as pessoas a entenderem que o doente não pode ser marginalizado… ele não tem culpa, apenas contraiu uma doença que, aliás, tem cura!” testemunhou dona Marúcia.
O reitor do santuário, Padre Ramos, permitiu que os folderes fossem entregues pelos voluntários da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré e o Sr. Antônio Benedito disse que se encarregaria de que o material também chegasse à Catedral e que, depois da festa, seria distribuído também nos colégios, nas missões e que os cartazes seriam afixados nos murais de todas as paróquias de Belém. Ele ainda apontou para a continuidade do projeto em caráter permanente após a festa do Círio.

Ao todo, foram distribuídos 48.000 folderes e 300 cartazes, pouco para as dimensões da festa, mas já uma boa ajuda na difusão de informações em uma região carente delas.

Coordenador do Projeto da Hanseníase fala aos paraenses
O Coordenador Provincial do “Projeto Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase”, Frei Miguel da Cruz, ofm, além da extensa agenda de participação nos dias da festa auxiliando na Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, também concedeu duas entrevistas à “Rádio Nazaré” oportunidade em que pode falar sobre o projeto e sobre a necessidade de divulgar informações sobre a Hanseníase no norte do país: “Nós sabemos da grande necessidade de falar sobre a Hanseníase, sobretudo, na região amazônica. Os estados do norte têm muitos casos diagnosticados e é preciso que se divulgue ainda mais para que outros sejam descobertos, recebam o tratamento e evitem problemas de incapacidades físicas no futuro. A Hanseníase é uma doença que age em silêncio, demoradamente. Daí a importância de aproveitar esse meio de comunicação para dizer que é uma doença que tem cura e aí entra outro ponto fundamental: se tem cura, por que ainda carrega tanto preconceito, tanto estigma? Sabemos de casos de pessoas que vão se tratar em outros municípios, às vezes, em outros estados pelo medo de que a família, os amigos, os vizinhos descubram que eles têm a doença. Mas quando se sabe como se transmite, como é feito o tratamento, que é gratuito, inclusive, a medicação, tudo feito nos postos de saúde, aí, então, as pessoas começam a ver que não é aquela doença dos tempos bíblicos que apavorava a todos. É isso que precisa ficar claro, precisamos acolher nossos doentes, eles não precisam parar com suas atividades, seus trabalhos, lazer, eles precisam continuar suas vidas normalmente no convívio social.”, finalizou.

Por Aguinaldo Campos, especial para este site