Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Impressões: presença franciscana na Amazônia peruana

04/02/2015

Notícias

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Frei Alvaci Mendes da Luz

“Um cristianismo que não é missionário, não é cristianismo”, já bem lembrou o nosso Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Foi neste espírito que nós, frades e leigos, da Província Franciscana da Imaculada Conceição, abraçamos o convite dos frades que atuam no “Projeto Amazônia” para estar com eles durante um mês, conhecendo e ajudando um pouco nesta realidade.

Trata-se de um projeto da Ordem dos Frades Menores para revitalizar a presença franciscana nas regiões amazônicas, a princípio na Amazônia Peruana, em grandes territórios onde há mais de cem anos os franciscanos chegaram e semearam entre os povos nativos a semente do Evangelho.

Neste ano, o grupo de missionários vindos de diferentes países chegou ao número de 23, dentre eles argentinos, peruanos, equatorianos, mexicanos, paraguaios e um bom número de brasileiros. Da província da Imaculada participaram três frades (Alan Maia, Alvaci Mendes da Luz e Gabriel Vargas) e duas leigas da OFS de Paty do Alferes (Lúcia e Luzia). Um grupo distinto culturalmente, porém unido com um mesmo objetivo: conhecer estes povos e depois trabalhar mais pelas comunidades que vivem às margens do grande rio Ucayali.

missao-01Foram dias de experiências intensas, vivenciando realidades que jamais havíamos vivido. Desde a chegada a Pucallpa, nossa porta de entrada na Amazônia, onde esperamos alguns dias para poder embarcar em um barco que nos levaria até a paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, sede da missão, que fica na cidade de Orellana.

Depois de quase trinta horas viajando  em um barco, única forma de chegar ao nosso destino, que segue como de costume cheio de mercadorias e pessoas, chegamos ao porto de Orellana. Esperavam-nos os dois frades que vivem na paróquia: Frei Eugenio Ortiz, frade argentino, mais conhecido como Peppo, e Frei Atílio Battistuz, que é de nossa Província. Ali nos instalamos e nos preparamos nos primeiros dias.

O território paroquial é muito extenso, a cidade de Orellana tem seis bairros e há ainda várias comunidades ribeirinhas, algumas maiores com uma média de 2 mil habitantes e algumas bem pequenas, com apenas algumas famílias. Muitas delas há um bom tempo sem receber visitas, seja dos sacerdotes, seja das irmãs. Orellana é a cidade mais pobre do Peru: falta infraestrutura, saneamento básico, educação, enfim, há grandes necessidades fundamentais. O povo vive da pesca e da agricultura de subsistência.

No que diz respeito à comunidade católica, estamos falando de uma Igreja que necessita muito de lideranças, de pessoas que estejam mais junto com a comunidade e que possam formar membros ativos. Por muitos anos, estas regiões ficaram sem assistência religiosa e com isso a comunidade se acostumou a participar pouco. É preciso muito trabalho para revitalizar o espírito de comunidades cristãs. Os frades que lá estão, chegaram a alguns meses e estão conhecendo ainda a realidade e tudo o que necessitam fazer no trabalho pastoral.

Aos missionários coube a tarefa de visitar casas, bairros, órgãos públicos, estabelecimentos comerciais,  seja na cidade sede da paróquia, seja nas comunidades ribeirinhas. Visitar famílias que nunca foram visitadas, locais que há anos não contavam com a presença da Igreja Católica, foi uma experiência marcante e um desafio também. Afinal de contas, por alguns dias fomos para aquele povo o rosto e o testemunho do Evangelho no qual cremos.

Enfim, fica o convite por parte dos confrades e dos leigos que participaram desta experiência missionária 2015 a todos os que se sentem chamados a missão: a Amazônia continua sendo um desafio, porém, para além das dificuldades físicas está um povo amável, acolhedor, fraterno e disposto a ajudar. Uma Igreja carente, mas com um coração e braços abertos para acolher cada um que se dispõe a ser com eles testemunho do Evangelho. À Província da Imaculada, nosso agradecimento pela oportunidade de ter participado de uma experiência tão única e tão gratificante.