Petrópolis gritando por um mundo novo no 7 de setembro
08/09/2016
Petrópolis (RJ) – O 7 de setembro foi um pouco mais movimentado que de costume na cidade de Petrópolis: pela primeira vez, de forma oficial, aconteceu na cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro o Grito dos Excluídos.
O “Grito” é um movimento nacional apoiado pela CNBB, envolvendo as pastorais sociais, mas que também vai além do ambiente eclesial: Movimentos Sociais, Sindicatos, escolas, igrejas, Partidos políticos. Como se lê na página oficial do Movimento (www.gritodosescluídos.org), “a proposta do Grito surgiu no Brasil no ano de 1994 e o 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema ‘Eras tu, Senhor’, e responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema era ‘Brasil, alternativas e protagonistas’”. O movimento foi ganhando força e chegou, em 2016, a sua 22ª edição.
O caminho foi intenso e suado. A proposta surgiu da vontade de celebrar, da maneira mais significativa possível, os 15 anos do Projeto Gente Viva, ligado ao Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), que em Petrópolis trabalha com as crianças da comunidade da Vila São José (que, por ser vizinha do cemitério e “dividir espaço com os mortos”, deu o mote para a criação do projeto que, em si, já é um grito: “Somos gente viva!”). Na ocasião, meninas que participam da oficina de ballet apresentaram uma coreografia criada especialmente para a música “Roda viva”, de Chico Buarque, e o grupo de capoeira Karuna, responsável pela oficina de capoeira no projeto, também marcou presença.
Lançada e aceita a proposta, um pequeno grupo inicial começou a reunir-se no Convento do Sagrado Coração de Jesus, mas restava ainda a articulação. Sindicatos foram visitados, entrevistas dadas em rádio e TVs comunitárias, juntamos força com parceiros importantes como o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH – parte da história dos frades na cidade, que contou, entre seus fundadores, o então Frei Leonardo Boff) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), núcleo Petrópolis, Juventudes de Partidos e Movimentos Estudantis, comunidades atingidas por desastres ou em risco de desapropriação.
Foram cinco meses de muito trabalho para mostrar, com um grito de “Basta!”, a indignação com um “Sistema insuportável que exclui, degrada e mata” – esse foi o lema para esse ano, escolhido pela Executiva Nacional. Cinco meses de articulação e diálogo com os mais diversos setores da sociedade civil e que foram mostrados na rua em pouco mais de 3 horas de manifestação.
Nas reuniões estávamos cautelosos: ficaríamos felizes se o número dos participantes chegasse ao incrível número de 100. A verdade mesmo é que ainda até às 9h da manhã (para quando marcamos a concentração) só tínhamos a certeza do dever cumprido, mas a incerteza da adesão, que foi ficando para trás à medida que vimos o povo chegar. E aumentou: não esperávamos a receptividade e adesão do povo na rua, reunido para o tradicional desfile das escolas para o 7 de Setembro. No final das contas, na rua, gritando contra as mais diversas formas de exclusão, violência, degradação da vida e do planeta, participaram em torno de 500 pessoas – o que, como disseram muitas pessoas envolvidas com movimentos sociais na cidade, “é muito para Petrópolis!”.
Fato é que convencemos. Mais: nos convencemos – que temos força e que juntos podemos sempre mais!
Agora é descansar, dormir bem, para, amanhã, começar a planejar 2017!
Paz e Bem!
Frei Rafael Teixeira do Nascimento, especial para este site