Petrópolis: A exemplo de Maria, frades renovam os votos e confirmam seu “sim”!
08/12/2022
Petrópolis (RJ) – Um misto de sentimentos envolveu a Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis (RJ), nesta quinta-feira (8/12), Solenidade da Imaculada Conceição, padroeira da Província da Imaculada Conceição do Brasil e da Ordem dos Frades Menores. Isso porque, na Celebração Eucarística das 10 horas, três jovens frades disseram novamente seu sim “a Deus”, assim como Maria o fez, e renovaram por mais um ano de suas vidas os conselhos evangélicos de obediência, sem nada de próprio e castidade.
O guardião Frei Jorge Paulo Schiavini, delegado do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, que atualmente se encontra em Angola, acolheu a renovação de Frei Bruno Gonçalves Cezário, Frei Lucas de Moura Justino Souza e Frei Ruan Felipe Sguissardi. Durante a celebração que também encerrou as atividades formativas do ano, em sintonia com toda a Igreja e a Província, deu-se a abertura do Ano Vocacional Franciscano. O Coral dos Frades do Tempo da Teologia, sob regência de Frei Marcos Antonio de Andrade, animou a celebração com os cantos litúrgicos.
Na homilia, Frei Jorge explicou que a liturgia do dia apresenta o mistério da celebração da solenidade da Imaculada. Referindo-se à primeira leitura, ressaltou que é preciso ter coragem e confiança para ir ao encontro de Deus. “Contemplamos em Maria Imaculada, uma nova Eva”, frisou. Segundo o presidente da celebração, Maria foi preparada para a grande missão do Sumo Criador, foi concebida sem pecado e escolhida para ser habitação de Deus. “Somos chamados a não nos conformar com nossos pecados, mas sempre nos deixar iluminar pelo sonho de Deus para cada um de nós”, sublinhou.
“No Evangelho o anjo Gabriel visita Maria e propõe a sua grande vocação: ser mãe do Salvador. Ela sentiu um certo receio em um primeiro momento, perguntou a Deus como isso se realizaria e depois, de fato, assumiu de todo coração a sua missão. Maria assume a sua vocação de serviço, por fé e amor”, disse.
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Dirigindo-se aos jovens frades, pontuou: “Somos desafiados em nossa vocação a sempre servir, do jeito de São Francisco. Pedimos sempre a oração de todos para sermos fiéis. Somos chamados a viver essa graça de Deus, tendo Maria à nossa frente como exemplo, buscando viver no amor, na fé, na paciência, na humildade, para que assim, possamos realizar a vontade de Deus. “Que Maria Santíssima seja sempre modelo e intercessora de todos no caminho do Evangelho”, encerrou.
Após a homilia, Frei Bruno, Frei Lucas e Frei Ruan foram chamados pelo mestre, Frei Marcos, e em voz alta manifestaram o desejo de renovar por mais um ano de suas vidas os votos religiosos. Depois se comprometeram dizendo: “Faço voto a Deus Pai santo e todo-poderoso de viver por mais um ano, em obediência, sem nada de próprio e em castidade, ao mesmo tempo prometo observar a Regra dos Frades Menores”.
Após a liturgia eucarística, Frei Gilberto da Silva, animador do SAV local, explicou que neste dia 8 de dezembro a Província inaugura o Ano Vocacional Franciscano. Disse que o mesmo acontece na Província da Imaculada. Por isso, convidou a todos a se dirigirem a Maria e consagrarem esse tempo de graça com a oração da “Ave Maria”. A celebração encerrou com a solene bênção de São Francisco de Assis.
RETIRO ANUAL EM TRÊS PALAVRAS: “ENCONTRAR”, “ESCUTAR” E “DISCERNIR”
Entre os dias 5 a 7 de dezembro, os frades do Tempo da Teologia, acompanhados de Frei Gilberto da Silva, vice-mestre, fizeram o retiro anual na Fraternidade do Sagrado. O pregador convidado foi Frei José Antônio Cruz Duarte, da Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista (SP).
Frei José dividiu suas reflexões para os três dias em três palavras: “Encontrar”, “Escutar” e “Discernir”, tendo como base a “Homilia de abertura do Sínodo dos Bispos 2021, sobre a sinodalidade”, mas não só, outros textos do Papa Francisco iluminaram o retiro, assim como das Fontes Franciscanas e da Sagrada Escritura. Momentos de deserto e de Celebrações Eucarísticas marcaram também este tempo propício de oração.
Segundo Frei José, a primeira palavra da homilia do Papa é encontro, proveniente do Evangelho de Marcos, capítulo 10. “O Evangelho começa narrando um encontro, que se realizou no caminho”, disse. “Mas, é preciso que não entendamos este encontro apenas como estrada ou caminho. Para o encontro, é preciso ter tempo, disponibilidade e atenção”, ressaltou.
Citando a homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta, do dia 13 de setembro de 2016, destacou: “Criar uma cultura do encontro é um ato simples. Não é só ouvir, mas, escutar. Não é só cruzar com as pessoas, mas deter-se, parar. Para ter uma cultura do encontro é preciso abolir o fast food, para sentar-se e saborear”, refletiu e sinalizou: “Andar na mesma rua não quer dizer encontro. Deste modo, quem não olha, não para”, frisou.
Já sobre a palavra “escutar”, Frei José revelou que um verdadeiro encontro só pode nascer da escuta verdadeira, que brota do coração. Para ele, “não dá para escutar quando se está cheio de preconceitos, é preciso diálogo!” Fazendo referência ao Papa Francisco, explicou que Jesus não tinha medo de parar e escutar. “Falamos muito, fazemos muito e escutamos pouco”, lamentou o pregador.
Para refletir sobre a terceira palavra “Discernir”, Frei José usou como apoio o Discurso do Papa Francisco para a Comissão Pontifícia para a América Latina. Para o frade, é próprio dos jovens a utopia, porém, de nada adianta se não tiver discernimento. “É preciso discernir os sinais dos tempos, só assim a utopia pode progredir”, disse. “O discernimento não é a decisão da maioria, mas é o consenso. Portanto, discernimento é um exercício de autoridade, de inteligência, de perícia e de vontade”, ensinou.
Frei Augusto Luiz Gabriel (texto), Frei Andrei Nascimento dos Anjos (fotos)