Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Papa: Sacerdócio não é carreira, é serviço

25/04/2021

Papa Francisco

                                                                                                                                        Imagens: Vatican Media

No Altar da Confissão da Basílica de São Pedro, o Papa Francisco conferiu o ministério sacerdotal a nove diáconos, na presença de várias centenas de fiéis, todos usando máscaras, incluindo os novos ordenandos. Concelebraram o cardeal Angelo De Donatis, vigário geral do Papa para a Diocese de Roma, Dom Gianpiero Palmieri, vice-regente de Roma, alguns cardeais, bispos auxiliares, superiores dos seminários onde os novos sacerdotes foram formados ​​e os párocos dos ordenandos.

O Papa, em uma homilia proferida de forma espontânea, convidou os novos sacerdotes a serem pastores, como o Senhor, “é isso o que ele quer de vocês: pastores. Pastores do Santo povo fiel de Deus. Pastores que vão com o povo de Deus: às vezes na frente, no meio, atrás do rebanho, mas sempre ali, com o povo de Deus”, repetiu Francisco, que convidou a superar a linguagem de um tempo que fala de “carreira eclesiástica”. “Isto não é uma carreira: é um serviço, um serviço como o mesmo que Deus fez ao seu povo”, afirmou.

Proximidade, compaixão, ternura

Estas são as três palavras que distinguem o estilo de Deus e que o Papa as examina detalhadamente, entregando aos novos sacerdotes a imitação desse estilo. Ele se detém em particular nas quatro declinações de proximidade: com Deus, na oração, nos Sacramentos, na Missa.

“Falar com o Senhor, estar próximo do Senhor”, esta é a preocupação do Papa, que recorda que o Senhor se fez próximo de nós em seu Filho. E que esteve próximo no caminho de discernimento vocacional dos ordenandos, “mesmo nos maus momentos do pecado: ele estava lá. Proximidade. Estejam próximos do santo povo fiel de Deus, mas antes de tudo perto de Deus, com a oração”. E diz: “Um sacerdote que não reza lentamente apaga o fogo do Espírito em seu interior”.

Sejam colaboradores do bispo

“No bispo tereis a unidade”, esta é a principal razão pela qual é importante permanecer firme com o seu bispo. “Vós sois colaboradores do bispo”, diz o Papa, que recorda um episódio de muito tempo atrás: “Um sacerdote teve a infelicidade – digamos assim – de me fazer escorregar. A primeira coisa que tive em mente foi chamar o bispo. Mesmo nos momentos difíceis, chama o bispo para estar perto dele”. O Papa sublinha a paternidade espiritual do bispo, a quem se confiar com humildade.

Não cair na fofoca

O Papa sugeriu um propósito para este dia: nunca falar pelas costas de um irmão sacerdote. “Se vocês tiverem alguma coisa contra o outro – disse Francisco – sejam homens (…), vão lá e digam na frente”. E enfatizou mais uma vez a nunca falar pelas costas. “Não sejam fofoqueiros. Não caiam na fofoca” e recomendou a unidade: no Conselho Episcopal, nas comissões, no trabalho.

Sacerdotes do povo, não clérigos do Estado

“Nenhum de vocês estudou para se tornar sacerdote. Vocês estudaram ciências eclesiásticas”, continuou Francisco, dirigindo-se novamente aos ordenandos. “Vocês foram eleitos, tirados do povo de Deus”. E cita as palavras do Senhor a Davi: “Eu te tirei de trás do rebanho”. Então, convida a não se esquecerem de onde vieram: “de sua família, de seu povo. Não percam o faro do povo de Deus”.

O Santo Padre também cita o apóstolo Paulo que disse a Timóteo para se lembrar de sua mãe, sua avó, das próprias origens. O autor da Carta aos Hebreus diz: «Lembrai-vos daqueles que vos introduziram na fé». Francisco deixa com clareza este convite: “Sejam sacerdotes do povo, não clérigos do Estado!”.

Não fechar o coração aos problemas das pessoas

O Papa exorta os sacerdotes a “perderem tempo ouvindo e consolando”, e a serem dispensadores do perdão de Deus, que nunca se cansa de perdoar. Usar a “terna compaixão, de família, de pai, que faz sentir que tu estás na casa de Deus”: é o estilo que o Papa deseja aos padres, na recomendação de não serem “galgadores”, perseguindo o orgulho do dinheiro. “Sacerdotes, não empresários”, repete o Pontífice, convidando-os a não terem medo: “Se tiverem o estilo de Deus, tudo irá bem”.  – Fonte: Vatican News (texto de Antonella Palermo)


REGINA COELI

O amor de Cristo não é seletivo, abraça a todos

Jesus, o Bom Pastor “que defende, conhece e ama as suas ovelhas”, “quer que todos possam receber o amor do Pai e encontrar Deus”, pois seu amor “não é seletivo, abraça a todos”. E a Igreja, “é chamada a levar em frente esta missão universal de Cristo”.

No Regina Coeli deste Domingo do Bom Pastor, o Papa inspirou sua reflexão no Evangelho de João 10, 11-18, proposto pela liturgia do dia. Dirigindo-se aos fiéis reunidos na Praça São Pedro, em um belo domingo primaveril, Francisco comelou explicando que a narrativa do Evangelho de João contrapõe o verdadeiro pastor – que é Jesus, que “defende, conhece e ama as ovelhas” – com o mercenário, que não se preocupa com elas pois não lhe pertencem e que as abandona ao ver a chegada do lobo.

“Jesus nos defende sempre e nos salva em tantas situações difíceis, situações perigosas, mediante a luz de sua palavra e a força de sua presença, que nós experimentamos sempre, e se quisermos escutar, todos os dias..”

O Papa destaca então um segundo aspecto do Bom Pastor, ele defente, mas também “conhece suas ovelhas e as ovelhas o conhecem”: “Como é lindo e consolador saber que Jesus nos conhece um a um, que não somos anônimos para Ele, que nosso nome lhe é conhecido! Para ele não somos “massa”, “multidão”, não. Somos pessoas únicas, cada um com a própria história, nos conhece com a própria história, cada um com o próprio valor, quer enquanto criatura como redimido por Cristo. Cada um de nós pode dizer: Jesus me conhece! É verdade, é assim: Ele nos conhece como ninguém. Somente Ele sabe o que está em nosso coração, as intenções, os sentimentos mais escondidos. Jesus conhece as nossas virtudes e os nossos defeitos e está sempre pronto a cuidar de nós, a curar as feridas dos nossos erros com a abundância da sua misericórdia”.

Assim, em Jesus realiza a imagem do pastor do povo de Deus delineada pelos profetas, pois Ele “se preocupa com suas ovelhas, reúne-as, enfaixa aquela ferida, cura os enfermos”, como lemos no livro do Profeta Ezequiel. Este Bom Pastor, portanto, “defende, conhece e, sobretudo, ama suas ovelhas. Por isso dá a vida por elas”: “O amor pelas suas ovelhas, isto é, por cada um de nós, leva-o a morrer na Cruz, porque esta é a vontade do Pai, que ninguém se perca. O amor de Cristo não é seletivo, abraça a todos. Ele mesmo nos recorda isso no Evangelho de hoje, quando diz: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também. Elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”.

Estas palavras de Jesus, explicou o Santo Padre, atestam seu desejo universal: “Ele é o pastor de todos. Jesus quer que todos possam receber o amor do Pai e encontrar Deus”: “E a Igreja é chamada a levar em frente esta missão de Cristo. Além daqueles que frequentam nossas comunidades, há a maioria, tanta gente, que o fazem apenas em casos particulares ou nunca. Mas por isso não deixam de ser filhos de Deus. O Pai confia a Jesus Bom Pastor e por todos deu a vida”.

“Irmãos e irmãs – disso o Papa ao concluir – Jesus defende, conhece e ama, nós, todos. Que Maria Santíssima nos ajude a acolher e sermos os primeiros a seguir o Bom Pastor, para cooperar com alegria na sua missão.”

Depois de rezar o Regina Coeli, o Papa Francisco fez vários apelos, agradecendo pelos novos sacerdotes por ele ordenados na manhã deste domingo: “Hoje se celebra em toda a Igreja o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que tem como tema “São José: o Sonho da Vocação”. Agradecemos ao Senhor porque continua a suscitar na Igreja pessoas que por amor a Ele se consagram ao anúncio do Evangelho e ao serviço dos irmãos. E hoje, em particular, agradecemos pelos novos sacerdotes que ordenei há pouco na Basílica de São Pedro … Não sei se eles estão aqui … E peçamos ao Senhor que envie bons operários para trabalhar em sua messe e multiplicar as vocações à vida consagrada”.

Uma grande dor, o “momento de vergonha”. O Papa tem em seu coração as 130 vidas despedaçadas, e em sua mente aqueles rostos “que por dois dias inteiros imploraram em vão por ajuda, ajuda que nunca chegou”. Depois da oração mariana de Regina Coeli na Praça de São Pedro, Francisco recorda “a tragédia que mais uma vez aconteceu no Mediterrâneo nos últimos dias. 130 migrantes morreram no mar. Eles são pessoas. São vidas humanas”.  (Jackson Erpen – Vatican News)