Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Papa reza diante do Santo Sudário

21/06/2015

Papa Francisco

missa

Turim  – Na manhã deste domingo (21/6), o  Papa Francisco chegou a Turim, na sua sexta viagem pastoral em território italiano. Após a chegada ao Aeroporto de Caselle, Francisco encontrou o mundo do trabalho, seu primeiro compromisso oficial. Após, dirigiu-se à Catedral de Turim, onde chegou por volta das 9h15, para um dos momentos mais esperados da viagem, a oração diante do Sudário.

O Santo Padre deteve-se em profunda oração silenciosa diante do Sudário por mais de 5 minutos. Após, aproximou-se da teca exposta atrás do altar, tocando o vidro que protege o manto sagrado.

Em seguida, o Papa parou por alguns instantes diante do túmulo do Beato Piergiorgio Frassati, proclamado por João Paulo II como protetor da Jornada Mundial da Juventude. Na Catedral estavam presentes autoridades religiosas, monjas de clausura e sacerdotes, além de alguns parentes do Beato Frassati.

Ao final da visita, que durou cerca de 20 minutos, o Pontífice dirigiu-se de Papamóvel até a Praça Vitório, para a celebração da missa  e a oração do Angelus com os milhares de fieis que transformaram a cidade piemontesa em uma “grande basílica a céu aberto”. Durante o trajeto, Bergoglio fez várias paradas, saudando doentes e crianças.

Anteriormente, o Papa Bento XVI havia visitado o Santo Sudário em 2012, enquanto São João Paulo II o fez em 1998, quando o chamou de “ Espelho do Evangelho”, por ajudar a compreender e meditar a Paixão de Jesus.

ÍNTEGRA DA HOMILIA

Em sua homilia, o Papa partiu da liturgia do dia, cujas leituras mostram como é grande o amor de Deus por nós: é um amor fiel, um amor que recria tudo, um amor estável e seguro.

O Salmo nos convida a agradecer ao Senhor, porque “é eterno o seu amor”. Eis um verdadeiro exemplo de amor fiel, de fidelidade. Trata-se, disse o Pontífice, de um amor que nunca falta:

“Jesus encarna este amor e dele é Testemunha. Ele jamais se cansa de querer-nos bem, de suportar-nos, de perdoar-nos e, assim, nos acompanha no caminho da vida, segundo a promessa que fez aos discípulos: “Eu estarei convosco todos os dias, até fim do mundo”. Por amor, ele se fez homem; por amor, ele morreu e ressuscitou e, por amor, ele sempre está ao nosso lado, nos momentos mais bonitos e naqueles mais difíceis”.

Jesus, frisou o Papa, nos ama sempre, até o fim, sem limites e sem medida. Ele ama a todos. A fidelidade de Jesus não se rende, nem mesmo diante da nossa infidelidade. Jesus permanece fiel, mesmo quando erramos e nos espera para nos perdoar: Ele é o rosto do Pai misericordioso. Eis o amor fiel!

A seguir, o Santo Padre ressaltou um segundo aspecto da Liturgia de hoje: o amor de Deus recria tudo, ou seja, renova todas as coisas. Reconhecer as próprias limitações, as próprias fraquezas, é a porta que abre ao perdão de Jesus, ao seu amor, que nos renova em profundidade e nos recria. E ponderou:

“A salvação pode entrar no coração se nos abrirmos à verdade e reconhecermos os nossos erros, os nossos pecados; desta forma, fazemos uma bela experiência daquele que veio, não para os sãos, mas para os enfermos; não para os justos, mas para os pecadores; experimentamos a sua paciência, a sua ternura, o seu desejo de salvar a todos”.

E o Pontífice perguntou: Mas, qual é o seu sinal? E respondeu: “O sinal é que somos ‘renovados’ e transformados pelo amor de Deus; fomos despojados das vestes deterioradas e velhas dos rancores e das inimizades, para sermos revestidos da túnica limpa da mansidão, da benevolência, do serviço aos outros, da paz no coração, daquela própria dos filhos de Deus.

O espírito do mundo, recordou o Papa, está sempre à busca de novidade, mas somente a fidelidade de Jesus é capaz da verdadeira novidade: tornar-nos homens novos.

Portanto, o amor de Deus é estável e seguro. O Senhor vai ao encontro do homem e lhe oferece a rocha do seu amor, à qual cada um pode ancorar, na certeza de não sucumbir. Quantas vezes pensamos que não iríamos conseguir! Ele está ao nosso lado, com a mão estendida e o coração aberto. Neste sentido, o Bispo de Roma levantou uma série de questões em relação ao nosso amor para com Deus e considerou:

“Também nós, cristãos, corremos o risco de deixar-nos paralisar pelo medo do futuro, buscando a certeza em coisas que passam ou em modelos de uma sociedade obtusa, que tende mais a excluir, que incluir. Nesta terra, cresceram tantos Santos e Beatos, que acolheram o amor de Deus e o difundiram pelo mundo: santos livres e obstinados”!

Nas pegadas dessas testemunhas, aconselhou o Pontífice, também nós podemos compartilhar as dificuldades de tanta gente, das famílias, especialmente daquelas mais frágeis e sofridas pela crise econômica. As famílias precisam sentir o carinho materno da Igreja para prosseguir na vida conjugal, na educação dos filhos, no cuidados dos idosos, como também na transmissão da fé às jovens gerações.

Por fim, após fazer um exame de consciência de como vivemos a novidade, o Santo Padre pediu ao Espírito Santo nos ajude a sermos sempre conscientes deste amor “rochoso”, que nos torna capazes de não nos fechar, diante das dificuldades, mas de enfrentar a vida com coragem e encarar o futuro com esperança.

Como outrora, no Lago da Galileia, também hoje, no mar da nossa existência, Jesus é aquele que vence as forças do mal e as ameaças do desespero. Ele dá a sua paz a todos, sobretudo aos tantos irmãos e irmãs que fogem das guerras e das perseguições em busca de paz e liberdade.

ANGELUS

Após a solene concelebração Eucarística, na Praça Vitório Veneto, no centro de Turim, o Papa Francisco passou à oração do Angelus, antes da qual pronunciou sua alocução dominical.

O seu pensamento se dirigiu, antes de tudo, à Virgem Maria, Mãe amorosa e zelosa para com todos os seus filhos, que Jesus os confiou a Ela, da Cruz, ao se oferecer com um grande gesto de amor. O ícone deste amor é o Sudário, disse o Papa, que continua a atrair tanta gente aqui para Turim:

“O Sudário atrai pelo rosto e o corpo martirizado de Jesus, mas, ao mesmo tempo, conduz ao rosto de cada pessoa sofredora e perseguida injustamente. Ele nos conduz para a mesma direção do dom de amor de Jesus: “Caritas Christi urget nos” – o Amor de Cristo nos interpela! Esta palavra de São Paulo se tornou o lema de São José Benedito Cotolengo”.

Evocando o ardor apostólico de tantos sacerdotes santos desta terra, partindo de Dom Bosco, do qual recordamos o bicentenário de nascimento, o Pontífice cumprimentou, com gratidão, os sacerdotes e os religiosos presentes, e os admoestou:

“Vocês se dedicam, com afinco, ao trabalho pastoral e estão ao lado das pessoas e dos seus problemas. Encorajo-os, pois, a continuar, com alegria, seu ministério, visando sempre o essencial no anúncio do Evangelho. Agradeço também a presença dos irmãos Bispos do Piemonte e os exorto a permanecer sempre ao lado dos seus sacerdotes, com carinho paternal e calorosa proximidade”.

O Bispo de Roma concluiu sua alocução mariana, consagrando, à Virgem Santa, a cidade de Turim, o seu território e os que nele habitam, para que possam viver na justiça, na paz e na fraternidade. A Ela consagrou, de modo particular, as famílias, os jovens, os idosos, os prisioneiros e todos os sofredores, com especial atenção aos doentes de leucemia!

Ao término da celebração Eucarística, o Pontífice se deslocou para o Arcebispado. No caminho, foi cumprimentado por uma grupo de cadetes da Escola de Formação Militar.

No arcebispado, Francisco almoça com um grupo de jovens presidiários, do Cárcere de Menores de Turim, como também com alguns imigrantes, sem teto e uma família de Ciganos.

SEGUNDO DIA DA VISTA

Nesta segunda-feira, 22, um dos momentos mais esperados, com a visita ao Templo Valdense. Um evento histórico, pois é a primeira vez que um Papa visita o local. Após, de forma privada, encontrará no arcebispado alguns de seus familiares, com os quais celebrará a Missa e almoçará. Antes de deixar o arcebispado, o Papa encontrará brevemente os membros do Comitê da Ostensão, os organizadores e apoiadores da visita à cidade do Piemonte. Ao se transferir ao aeroporto de Turim, receberá ao longo do percurso a saudação dos jovens do “Verão Jovens”. A chegada no Aeroporto de Ciampino, em Roma, está prevista para as 17h30.


Fonte: Rádio Vaticano