Papa: religiosos são guias guiados por Jesus
02/02/2015
Na festa da Apresentação do Senhor, celebrada nesta segunda-feira, 2, o Papa Francisco presidiu à Missa na Basílica de São Pedro, por ocasião do Dia da Vida Consagrada. Um rito de bênção das velas deu início à celebração que contou com a presença de inúmeros cardeais, sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas e fiéis leigos.
Destacando a figura de Maria, também celebrada hoje com o título de Nossa Senhora das Candeias, o Papa Francisco disse na homilia, que a Virgem é como uma escada em que o Filho de Deus desce até os homens.
No Evangelho do dia, Maria vai ao Templo de Jerusalém para apresentar Jesus, como mandava a antiga tradição judaica onde todo primogênito deveria ser consagrado a Deus. Sobre esse episódio, o Papa disse que, embora Maria levasse Jesus nos braços, era antes o Filho de Deus que ia à frente mostrando o caminho.
“Jesus percorreu a nossa estrada, e mostrou-nos um novo caminho, um ‘novo e vivo caminho’ (cf. Hb 10:20) que é Ele próprio. Também a nós, consagrados, Ele abriu a estrada. Ele é a única estrada que devemos percorrer com perseverança”, disse o Papa.
Obediência e rebaixamento
Este caminho passa pela obediência. “Jesus não veio fazer a sua vontade – disse o Papa –, mas a vontade do Pai. Assim, quem segue Jesus se coloca no caminho da obediência – continuou o Bispo de Roma – abaixando-se e fazendo sua a vontade do Pai, inclusive até o aniquilamento e humilhação de si mesmo.
“Para um religioso, progredir significa abaixar-se no serviço, isto é, fazer o mesmo caminho de Jesus, que não considera um privilégio ser igual a Deus. Abaixar-se fazendo-se servo para servir.”
Através desta lei – continuou o Papa – os consagrados podem alcançar a sabedoria, um dom do Espírito Santo. Seu sinal evidente é a alegria.
A cena da Apresentação de Jesus no Templo volta em evidência quando Francisco coloca lado a lado o grupo dos jovens, Maria e José; e dos anciãos, Simeão e Ana, que acolhem o Menino. Ambos os grupos conduzem o Menino, mas são também conduzidos por Ele.
Ambos os grupos são guiados pela obediência a Deus e à lei. Aspectos que nos anciãos se desdobram numa qualidade ulterior: a da criatividade, própria de quem é repleto do Espírito Santo. Deste modo – diz o Papa –, Deus mesmo transforma a obediência em sabedoria.
“Através do caminho perseverante na obediência, amadurece a sabedoria pessoal e comunitária, e assim se torna possível também adaptar as regras aos tempos: de fato, a verdadeira atualização é obra da sabedoria, forjada na docilidade e obediência.”
Justamente por isso – ressaltou Francisco aos religiosos e religiosas –, o revigoramento e a renovação da vida consagrada se dão através de um grande amor à regra e também através da capacidade de contemplar e ouvir os anciãos da Congregação.
Segundo o Papa, a vida religiosa não pode se reduzir a “caricatura”, na qual se vive o seguimento a Cristo sem renúncia, uma oração sem encontro, uma vida fraterna sem comunhão, uma obediência sem confiança, uma caridade sem transcendência.
Portanto – concluiu o Papa Francisco –, entremos no mistério que se manifesta no conduzir os outros a Jesus, deixando-nos, ao mesmo tempo, conduzir por Jesus. “Isto é o que devemos ser: guias guiados”.
Fonte: Rádio Vaticano