Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

“Deus é como o pai do filho pródigo: nos espera sempre””

06/03/2016

Papa Francisco

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Cidade do Vaticano – O Papa trouxe à atenção dos fiéis neste domingo (06/03) uma das parábolas mais conhecidas, apesar de constar em apenas um dos Evangelhos canônicos, o de Lucas: a parábola do Filho Pródigo, proposta na liturgia do dia.

Diringo-se às pessoas presentes na Praça, o Papa definiu esta parábola como a ‘do pai misericordioso’: aquele que está sempre pronto a perdoar e sempre na espera. A propósito da tolerância do pai que permite que o filho mais jovem parta – mesmo sabendo dos riscos que corre – Francisco disse que “é assim que Deus age conosco: nos deixa também livres de errar, porque ao nos criar, nos deu o grande dom da liberdade. Somos nós que devemos saber utilizá-la bem”.

O pai fica fisicamente longe daquele filho, mas o leva sempre no coração; aguarda confiante a sua volta, e quando o vê aparecer se comove, corre em direção a ele, o abraça e o beija. E faz o mesmo com o filho maior, aquele que não entende e não concorda com todo o carinho do pai pelo irmão que errou.

Improvisando, Francisco ressaltou que “a atitude de se sentir justo é um ‘mau comportamento’, é o diabo. O pai vai e procura quem se sente pecador: este é o comportamento certo”. O pai lhe explica que é preciso acolhê-lo com alegria, pois o jovem finalmente voltou para casa. Esta atitude revela o coração de Deus: “Ele é o pai misericordioso que em Jesus nos ama sem limites, espera sempre a nossa conversão cada vez que erramos; aguarda o nosso retorno quando nos afastamos Dele, quando pensamos que podemos viver sem Ele”.

O Papa sugeriu que nesta parábola, entrevemos também um ‘terceiro filho’, escondido: é o que não considera um privilégio ser como o pai; que se despojou de tudo e assumiu a condição de escravo, lavando os pés sujos do pecador: é Jesus”, que nos ensina a ser misericordiosos como o Pai.

Concluindo, antes de rezar a oração mariana do Angelus, Francisco lembrou a todos que no sacramento da Reconciliação, podemos sempre recomeçar, pois Deus nos acolhe e nos restitui a dignidade de filhos: “Neste período de Quaresma que ainda nos divide da Páscoa, somos chamados a intensificar o caminho interior de conversão. Deixemo-nos tocar pelo olhar pleno de amor de nosso Pai e retornemos a Ele com todo o coração, rejeitando todo compromisso com o pecado”.

ANGELUS

O Papa Francisco afirmou domingo (06/03) que as quatro religiosas assassinadas com outras 12 pessoas em um ataque a uma casa de idosos no Iêmen são também “vítimas da globalização da indiferença à quem nada importa”.

Após a habitual oração dominical do Angelus, Francisco expressou sua proximidade às Missionárias da Caridade, congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá, da qual as quatro irmãs, enfermeiras, eram membros.

“Rezo por elas e pelas outras pessoas mortas no ataque, e por seus familiares. Que Madre Teresa acompanhe ao paraíso estas suas filhas mártires da caridade e interceda pela paz e o sagrado respeito da vida humana”.

A seguir, Francisco afirmou que “estes são os mártires de hoje” e lamentou que “não aparecem nas capas dos jornais e nem são notícia”.

“Estas religiosas deram seu sangue pela Igreja. Foram vítimas do ataque as assassinaram, mas também foram mortas pela indiferença, por esta globalização da indiferença a quem não nada importa”.

Sábado (05/03), por meio do Secretário de Estado, Cardeal Parolin, Francisco enviou uma mensagem de pesar à Congregação, manifestando sua profunda tristeza e qualificando o ataque como uma “violência insensata e diabólica”.

REFUGIADOS

O Papa também enalteceu a iniciativa dos ‘corredores humanitários’ para refugiados, praticada ultimamente na Itália. Francisco citou os ‘corredores’ como um sinal concreto de compromisso com a paz e a vida: “Este projeto-piloto, que une solidariedade e segurança, consente de ajudar pessoas que fogem da guerra e da violência, como os 100 refugiados que já foram transferidos para a Itália, dentre os quais crianças doentes, pessoas com deficiências, viúvas de guerra com filhos e pessoas idosas. Felicito-me também porque esta iniciativa é ecumênica, promovida pela Comunidade de Santo Egídio, Federação das Igrejas Evangélicas Italianas, Igrejas valdenses e metodistas”.

Em nota, a Comunidade de Santo Egídio agradece o Papa por ter despertado as consciências desde o início da crise humanitária ligada à chegada dos migrantes nas costas europeias: “Sua viagem a Lampedusa, em julho de 2013, seus constantes apelos por uma Itália e uma Europa capazes de acolher quem foge das guerras e da fome, deram frutos preciosos. O pedido aos cristãos para hospedarem refugiados em suas estruturas e famílias abriu uma brecha nos muitos muros erguidos ultimamente em nosso continente. Neste clima, nasceu o projeto ecumênico dos ‘corredores humanitários’, do qual o Papa falou no Angelus. Expressamos o nosso sincero agradecimento pelo apoio do Papa a esta iniciativa, que como disse Francisco, “une solidariedade e segurança”.

Os corredores, recorda a nota, consentiram até agora a entrada na Itália de 97 refugiados sírios do Líbano, que viajaram de modo seguro, não arriscando as vidas em barcos no Mediterrâneo e nem alimentando a exploração de traficantes de seres humanos. Nos próximos meses, graças a um acordo com o governo italiano, chegarão cerca de mil pessoas vulneráveis. Esperamos que este projeto-piloto, totalmente autofinanciado pelas organizações promotoras, possa ser reproposto em outros países da Europa”.


Fonte: Rádio Vaticano