Os afrescos de Giotto di Bondone na Basílica de São Francisco
01/10/2018
O blog de Adriano Cézar de Oliveira, “Ecos de mística”, vai apresentar durante o mês de outubro uma série sobre os afrescos de Giotto di Bondone na Basílica de São Francisco e sua correspondência textual na Legenda Maior, de São Boaventura.
Dois anos após a morte de Francisco de Assis, no dia 16 de julho de 1228, o bem-aventurado foi canonizado pelo Papa Gregório IX através da Bula “Mira circa nos”. No dia seguinte à sua canonização foi lançada a primeira pedra da Basílica Menor em Assis. Esta Basílica possui duas Igrejas superpostas, a Maior e a Menor.[1]
Passados dois anos de sua morte o corpo do santo de Assis foi levado em segredo para a cripta da Basílica Menor, mesmo inacabada, por medo de saques dos “buscadores de relíquias”. O início da construção da Basílica Maior se deu por volta de 1239 e ambas foram dedicadas em 1253 pelo Papa Inocêncio IV.
A Basílica Maior é decorada com Afrescos de Giotto di Bondone, cerca de 28 obras são de sua autoria e retratam as principais passagens da vida de São Francisco escritas por São Boaventura, na Legenda Maior, terminada em 1263.
A parte superior da nave é decorada por mestres romanos e toscanos, e entre eles destaca-se o jovem Giotto, na parte inferior, cuja personalidade forte e capacidade inovadora, expressa com seu grande talento, o que lhe valeu a incomparável honra de poder contar sobre essas paredes a admirável vida do Poverello de Assis, tomando como guia São Boaventura, autor da vida do Santo. Giotto reproduz nesses murais, com plasticidade viva e vigorosa, os maiores acontecimentos da vida do Santo com uma naturalidade e uma carga de humanidade que se mostra límpida e serena em cada uma das cenas como se ele próprio tivesse sido ator ou como se estivesse presente.[2]
A Legenda Maior de São Boaventura é uma das legendas que descrevem a Vida de São Francisco, considerada a partir de 1266, o relato oficial da vida do santo. Para melhor entendermos a relação da Legenda Maior com os Afrescos de Giotto é importante fazermos uma menção ao uso destes textos hagiográficos na Idade Média e em toda Cristandade Medieval. Michel de Certeau, em referência ao uso de tais textos no medievo, afirma:
Giotto di Bondone foi um pintor italiano cuja arte inovadora foi considerada o elo entre a pintura medieval e bizantina e a pintura renascentista. Sua pintura apresenta os primeiros traços da pintura de perspectiva na Europa, além de ser marcada pela identificação dos santos com seres humanos de aparência comum, dando-lhes um ar mais humanizado e próximo das pessoas antecipando a visão humanista do Renascimento. As pinturas de Giotto estão espalhadas por toda a Itália.
Na Basílica Maior de São Francisco os afrescos de Giotto estão na parte inferior da nave formamdo o ciclo da vida de São Francisco, com um total de 28 cenas. Quase todas são fruto de sua inspiração e do trabalho de seus colaboradores. Os cinco últimos afrescos são atribuídos ao “Mestre de Santa Cecília”, dada a sua semelhança com a vida de Santa Cecília, que está no Museu do Uffizi de Florença.
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