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Novo musical de Francisco de Assis surpreende na estreia

29/07/2018

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Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo

São Paulo (SP) – Nos mais de oito séculos que já se passaram desde o primeiro relato sobre Francisco de Assis, a vida deste santo é uma fonte inesgotável para as mais variadas formas de representação e apropriação, seja na arte, na literatura, no teatro, na música, nas novelas e no cinema. Exemplo disso é a Exposição sobre São Francisco que chega pela primeira vez ao Brasil com obras de importantes coleções italianas, e o musical “Francisco, o pobre de Assis”, que ontem fez as três primeiras apresentações em São Paulo, lotando o Teatro Bibi Ferreira, na Bela Vista. O novo musical não deixou de representar os momentos dramáticos da guerra, prisão, conversão e a morte de São Francisco, mas o diretor Diego Lima conquistou o público com um espetáculo leve e alegre.

Feliz pelo resultado, Diego foi mais do que o diretor do espetáculo: escreveu o roteiro, atuou, compôs algumas músicas e coreografou. Para ele, contudo, a consagração veio devido ao trabalho de uma equipe que envolveu 35 atores e bailarinos no palco e mais 30 pessoas dando apoio fora dele. E o mais importante: todos fizeram parte deste projeto voluntariamente. “Desde o início eu apresentei e coloquei essa questão para eles. Eles abraçaram o projeto. E eu não tenho palavras para agradecer a essa equipe maravilhosa”, enfatizou Diego, explicando que a equipe foi se formando ao longo dos meses: “Algumas pessoas já haviam trabalhado comigo em outros anos, mas muitas vieram através das audições e outras apareceram no meio do caminho. O Senhor foi nos guiando e elas foram aparecendo…”, disse.

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O diretor artístico Halluly Suzza’s roubou a cena no espetáculo ao interpretar Frei Junípero, um dos primeiros companheiros de São Francisco, e o Pai de Francisco, Pietro Bernardone. Ele garantiu boas risadas e levantou o público quando os primeiros frades caíram na dança coreografada em ritmo eletrônico, não sem antes mexer com a plateia.

“Ele nos surpreendeu desde o início. Quando ele chegou para conversar comigo, disse que era ateu e dizia: ‘respeito a fé de vocês, mas Deus não existe’. Hoje, já é outra pessoa e está superempolgado com o projeto. Tanto que ele não dançava e começou a fazer aula comigo”, revelou Diego, contando também que a maioria dos atores profissionais e amadores tem participação ativa na Igreja.

Aos 30 anos, Diego trabalha hoje no Santuário e Convento São Francisco e é também vocacionado. “Antes de buscar a vida consagrada, eu era bailarino profissional”, revelou o jovem, que se formou em balé clássico e teatro e já pertenceu à Companhia do Ballet Bolshoi de Joinvile. “Eu comecei a dançar balé com 3 anos de idade. Depois fiz parte do Ballet Boshoi e dei um tempo. Disse: ‘Acho que já passou essa fase’. Mas por vários motivos, as coisas aconteceram e não consegui fugir muito desses espetáculos. Geralmente, uma vez por ano nós fazemos espetáculos cristãos. Então, no ano passado, fizemos um sobre Santa Teresa D’Ávila e este ano, por providência, foi Francisco de Assis”.

Segundo ele, a ideia de fazer o espetáculo nasceu em setembro do ano passado, e em janeiro começou a sair do papel. “Falar sobre esse santo que é tão querido e falado era muito difícil e desafiador. Foi então que pensamos em fazer um espetáculo um pouco mais alegre. Claro, criamos personagens cômicos que não existiam, por exemplo, as camponesas. Neste espetáculo, a mãe canta, expõe para fora o seu sentimento. Então, a gente está muito feliz com o resultado. Como foi dito, tem profissionais no meio e tem amadores, mas todo mundo levou a sério”, frisou o diretor, que compôs a música que a mãe de Francisco canta, falando da Virgem Maria, e a que Francisco canta sobre a pobreza.

Para Diego, fazer o musical só ajudou no seu discernimento vocacional e “aumentou a paixão que tem por São Francisco”. “Eu sempre achei muito bonita a vida de Francisco, o que ele fez, o que representa para a Igreja de hoje, mas confesso que depois que comecei a trabalhar no musical e depois que comecei a trabalhar no Santuário São Francisco, podendo chegar mais perto dos frades, conheci um Francisco de carne e osso que não conhecia. Francisco era uma ideia longe. Hoje vejo que ele está mais próximo da gente do que a gente imagina. Acho que ele sempre esteve de alguma maneira na minha vida, mas hoje encontrei ele de uma maneira mais profunda”, completou.

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O espetáculo não tem patrocínio, mas tem o apoio do Espaço Cultural Verbello.  Figurinos, arranjos e a locação do teatro Bibi Ferreira ficaram por conta dos ingressos. “Todos os atores abraçaram o projeto como uma missão de evangelização”, explicou Diego, que aguarda a confirmação de convites para novas apresentações.

Em tempo: As obras de importantes coleções italianas, que datam dos séculos XV a XVIII, e traduzem as fases mais relevantes da representação de São Francisco, fazem parte dos acervos de 15 museus de 7 cidades italianas. Ela ficará exposta na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte e segue para o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, de 31 de outubro de 2018 a 27 de janeiro de 2019.

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