Ordem envia mensagem pelo início do Ramadã
14/05/2018
O Ramadã é o nono mês do calendário islâmico. Nesse mês, os muçulmanos jejuam durante o dia, rezam e celebram a revelação do Alcorão, o livro sagrado, ao profeta Maomé (SWT). As datas para o Ramadã de 2018 (ou 1439, segundo o calendário islâmico) é de 15 de maio a 14 de junho.
O Ramadã é o período do ano mais importante para o mundo islâmico, quando faz-se o jejum de dia e a celebração da purificação à noite. O Ramadã é um mês de festividades e alegrias e as relações com a família são estreitadas, as orações se tornam mais intensas, assim como a caridade.
O Ramadã é praticado durante todos os dias do mês, começando na alvorada e terminando quando o sol se põe.
O jejum faz parte de um dos cinco pilares da religião islâmica. Os outros atos de adoração são a shahadah, que é a declaração de fé; salah, as cinco orações diárias; zakah, ou esmola; e o hajj, a peregrinação à Meca.
Ramadan Kareem!
(expressão em árabe para se desejar um ótimo mês)
Leia abaixo a mensagem divulgada pela Comissão para o Diálogo com o Islã da Ordem dos Frades Menores.
A nossos irmãos e irmãs muçulmanas de todo o mundo:
As-salaamu ‘alaykum! Paz a todos!
Em nome da Comissão Especial para o Diálogo com o Islã da Ordem dos Frades Menores, alegro-me mais uma vez em expressar meus melhores desejos por ocasião do início da celebração do Ramadã. Neste mês sagrado, vocês não comem nem bebem por causa de Deus (SWT), como exige o vosso rigoroso jejum diário. Tal como está escrito no Sagrado Alcorão, que foi revelado a vocês neste mês:
“Ó crentes, está-vos prescrito o jejum, tal como foi prescrito a vossos antepassados, para que temais a Deus.” (al-Baqarah 2:183)
Ao nos colocarmos mais conscientes da presença eterna de Deus e agradecidos com Deus, o mais Generoso (al-Karïm), todos podemos ser mais sensíveis às necessidades dos demais, particularmente com aqueles que carecem de alimentos apropriados e acesso à água potável, e são muitos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 800 milhões de pessoas, ou seja, 11% da população mundial, não têm comida suficiente para viver uma vida saudável e ativa[1]. Quase a metade de todas as mortes de crianças menores de 5 anos se deve a uma nutrição inadequada. A OMS também informa que 844 milhões de pessoas carecem de fornecimento básico de água potável e ao menos 2 bilhões de pessoas em todo o mundo bebem água de fontes contaminadas, que causam doenças e morte. [2]
O Alcorão nos recorda que é sobretudo Deus quem procura água e alimento para sustentar a humanidade que Ele criou: “Ó humanos, adorai o vosso Senhor, que vos criou, bem como aos vossos antepassados, quiçá assim tornar-vos-íeis virtuosos. Ele fez-vos da terra um leito, e do céu um teto, e envia do céu a água, com a qual faz brotar os frutos para o vosso sustento. (al-Baqarah 2:21.-22).
Em nosso tempo, entretanto, o fornecimento global de alimentos e água foram negativamente afetados pela mudança climática, pela guerra e pela política econômica injusta, assim como pelo desperdício e a indiferença. Este ano estamos particularmente atentos aos nossos irmãos e irmãs na Síria, Iêmen, Nigéria, Somália e Sudão do Sul, onde os conflitos políticos e a instabilidade ameaçam a vida de milhões de muçulmanos e cristãos, que morrem de desnutrição.
Nas Escrituras, Jesus (‘alayhi al salaam, Paz para Ele!) disse que cada vez que damos comida e água aos famintos e sedentos, é como se tivéssemos dado a Ele (Mt 25, 40). De maneira similar, o Sagrado Alcorão descreve aos justos que Deus recompensará na outra vida: “E porque, por amor a Ele, alimentam o necessitado, o órfão e o cativo, dizendo: Certamente vos alimentamos por amor a Deus; não vos exigimos recompensa, nem gratidão”. (al-Insàn 76,8-9).
Assim como Jesus condena de forma mais enérgica possível aos que carecem de caridade (Mt 25, 41-42), o Alcorão acusa a humanidade de sua avareza: “Vós não honrais o órfão, nem nos estimulais a alimentar o necessitado; e consumis avidamente as heranças, e cobiçais insaciavelmente os bens terrenos! (al-Fajr89,17-20).
Recordando estas palavras, ao longo dos séculos, os governantes das terras muçulmanas, assim como suas esposas e filhas, instalaram restaurantes populares próximo das mesquitas e colocaram fontes públicas para que os famintos e sedentos pudessem se alimentar. Neste mesmo espírito, homens e mulheres, franciscanos, em todo o mundo, seguem sendo famosos por seu serviço direto aos pobres, especialmente alimentando os famintos sem importar-se com sua religião.
O Ramadã é, em particular, um mês em que vocês alimentam os famintos em sehri e ‘Ifṭār (refeição antes e após o jejum) e esmolas (zakah) aos pobres. Estes atos de justiça (ṣaliḥāt) nos apelam a fazer o mesmo. Durante este mês e durante todo o ano, perguntemo-nos se temos fome e sede do Deus vivo (Allāh al-Ḥayy). Podemos estar especialmente atentos àqueles que no mundo têm fome e sede de comida e bebida. Comprometamo-nos a trabalhar juntos para alimentar aos famintos nas comunidades e nos países que compartilhamos como irmãos e irmãs e eliminemos as causas políticas, econômicas e ambientais da fome no mundo. Assim como o Senhor é o mais generoso (al-Karīm), sejamos generosos com todos aqueles com que compartilhamos o alento de Deus.
Junto aos frades franciscanos no mundo, desejamos um santo Ramadã. Ramadan Mubarak! Ramadan Kareem!
Michael D. Calabria, ofm
Assistente especial para o Diálogo com o Islã
Membros da Comissão para o Diálogo com o Islã:
Manuel Corullòn, ofm
Ferdinand Mercado, ofm
Jamil Albert, ofm
8 de maio de 2018
[1] <http://www.who.int/es/news-room/detail/15-09-2017-world-hunger-again-on-the-rise-driven-by-conflict-and-climate-change-new-un-report-says>. Acesso em 8 de maio de 2018.
[2] <http://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/drinking-water>. Acesso em 8 de maio de 2018.