Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Onipotência de Deus é Solidária, Humilde e Servidora

11/06/2017

Notícias

Moacir Beggo

 São Paulo (SP) – O 12º dia da Trezena de Santo Antônio começou mais cedo, às 10 horas, com a procissão saindo da Igreja de Santo Antônio da Praça do Patriarca até o Convento e Santuário São Francisco, no Largo São Francisco. A imagem do santo franciscano, carregada em andor, chegou às 10h15, quando teve início a Santa Missa. O pregador, Frei Gustavo Medella, refletiu sobre o tema “Santo Antônio e Santa Maria: recomendai-nos aos cuidados da Trindade!”, neste domingo solene da Santíssima Trindade. Frei Gustavo teve  como concelebrantes o Pe. Sextílio Bortolo Focchesatto, da Igreja Santo Antônio, e Frei Alvaci Mendes da Luz, pároco do Convento e Santuário São Francisco.

Frei Medella iniciou a sua reflexão recordando que ao invocarmos o nome do Pai, do Filho e do Espírito, estamos fazendo o sinal daqueles que creem em Deus, que escolhem ser comunidade e encontro. “Por mais que tenhamos diferenças no modo de pensar, na origem familiar, nos talentos e no modo de viver a fé, quando fazemos o sinal da cruz, todas estas diferenças se dissolvem no mistério da Trindade. Percebemos que, embora diversos, podemos nos encontrar na Unidade do Amor. Esta á a grande lição que a Solenidade da Trindade nos traz”, explicou.

Segundo o pregador da Trezena, se nos encontramos no Amor de Deus que, segundo São Boaventura é difusivo, ou seja, não cabe em si e necessariamente precisa extravasar todos os limites conhecidos pela razão humana, podemos dizer sem receio que o Sinal da Cruz, o sinal da Trindade, é também um ponto de partida deste amor que necessariamente precisa se espalhar em ações concretas e efetivas que têm o poder de transformar vidas. “Por isso a insistência do Papa Francisco para que sejamos uma Igreja em saída, serva, mãe, samaritana, que faz o bem sem olhar a quem”, frisou o celebrante.

trezena_110617_2Para o frade, é nesta direção que devemos compreender a Onipotência de Deus, que é, de fato, todo poderoso. “No entanto, Jesus Cristo, na fidelidade ao Pai e tomado pela força do Espírito, nos revela que se trata de uma Onipotência Solidária, Humilde e Servidora”, reforçou.

Esta foi a mensagem compreendida por homens e mulheres como Maria e Antônio, lembrou Frei Medella. “A primeira, ao ser comunicada que participaria do maior projeto divino, para além de qualquer perspectiva humana – a encarnação do Verbo de Deus – não quis saber quais seriam seus ganhos e privilégios ao assumir tal posição, mas com toda humildade se pôs a serviço: ‘Eis aqui a Serva do Senhor’. Maria se pôs a serviço da Onipotência Amorosa de Deus. Onipotência colaborativa”, detalhou.

“Sobre Santo Antônio e sua sintonia com a Trindade, em um de seus sermões, o célebre Padre Antônio Vieira, escreveu: ‘Na terra, que é um ponto em respeito do céu, não pode haver grandes, como bem e filosoficamente notou Sêneca, condenando o nome de Magno em Alexandre. Santo Antônio foi verdadeiramente grande, porque foi grande no reino do céu. Mas porque essas grandezas no mesmo reino do céu são maiores e menores, para manifestar a grandeza deste prodigioso menor, só o podia fazer toda a Santíssima Trindade, porque toda ela o fez grande'”, acrescentou.

O pregador lembrou que, num longo texto, o Padre Vieira destaca com brilhantismo as qualidades do santo português, baseando no versículo evangélico de São Mateus que diz: “Aquele que fizer e ensinar estes mandamentos, será chamado grande”.

Frei Medella concluiu sua reflexão com um trecho dos sermões de Padre Vieira, para nos provocar neste exercício de inspirar nossa vida na Trindade:

trezena_110617_4

“Por isso Deus, não só enquanto um, senão enquanto trino – falando entre si as três Pessoas divinas – quando criou o homem, disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. – Se o poderoso puder moderar o que pode, usando do poder só para o bem, será semelhante à Pessoa do Pai, e imitará a Santo Antônio no fazer. Se o sábio souber encobrir a seu tempo o que sabe, e só manifestar o que convém, será semelhante à Pessoa do Filho, e imitará a Santo Antônio no ensinar. Se o que deve ser santo, estimar a verdade deste nome sobre todos os títulos do mundo, será semelhante à Pessoa do Espírito Santo, e imitará a Santo Antônio no ser chamado, receber o nome. Desta maneira, o poder moderado, a sabedoria bem entendida, e a santidade sobre tudo estimada, lhe alcançarão a sólida e eterna grandeza, não na terra, onde tudo é pequeno e pouco, senão no céu, onde tudo é muito e grande: ‘Aquele que fizer e ensinar estes mandamentos, será chamado grande’.”

Pe. Sextílio lembrou que faltam menos de dez anos para celebrar 800 anos da morte de São Francisco e menos de 15 anos para os 800 anos da morte de Santo Antônio. “Tanto tempo se passou e eles continuam mais vivos do que nunca. Esses dois santos nos mostram que é possível uma vida simples e repleta de ações, de cuidado pela natureza e pelas criaturas de Deus”, disse.

Nesta segunda-feira, Dia dos Namorados, a Trezena termina ao meio-dia no Convento São Francisco.