Apresentação do Senhor: oferendas luminosas
02/02/2017
Do mesmo modo que a Mãe de Deus e Virgem Imaculada trouxe nos braços a verdadeira luz e a comunicou aos que jaziam nas trevas, assim também nós, iluminados pelo seu fulgor e trazendo nas mãos uma luz que brilha diante de todos, corramos pressurosos ao encontro Daquele que é a verdadeira luz (São Sofrônio)
Um homem, uma mulher e uma criança. O pai levava uma gaiola com um par de rolas ou dois pombinhos. Iam ao Templo para a apresentação do menino (*). Gesto de fidelidade à fé e de gratidão. Com o coração em festa, os pais iam apresentar ao Senhor o que dele haviam recebido.
Oferta, oferenda, entrega a Deus. Momento de louvor e de apresentação das batidas do coração ao Senhor.
Pessoas simples. Um homem de mãos de trabalhador. Um mulher de chinelinhos nos pés ou pés descalços. Uma criança enrolada em panos e a vontade de dizer a Deus coisas de seus corações.
À porta do Templo um homem avançado em anos. Um homem de barbas brancas, de rosto sereno e agradecido. Tinha ido ao Templo, naquele momento, inspirado pelo Espírito Santo. Não queria morrer sem ver a salvação. Pode despedir-se alegremente da vida.
“Senhor, podes deixar teu servo ir em paz, porque meu olhos viram a tua salvação que preparaste para todos os povos, luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”
Os pais não devem ter entendido todo alcance daquelas palavras. Lucas acrescenta um pormenor misterioso. “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”. E voltando-se para Maria: “Quanto a ti, uma espada de dor te traspassará a alma”.
Tempo de oferenda e de gratidão. Nesse dia ocorre a comemoração, a data dos religiosos, desses que chamamos de consagrados. De alguma forma vão eles ao templo para, prostrados por terra, oferecer ao Senhor toda a sua vida. Jovens, colocam-se pobre, casta e obedientemente nas mãos do Senhor e fazem de sua vida uma abertura total para o Senhor. Fazem suas as palavras do salmo que abre a liturgia da missa do dia: “Recebemos, ó Deus, a vossa misericórdia no meio do vosso templo. Vosso louvor se estende, como o vosso nome, até os confins de toda a terra; toda justiça se encontra em vossas mãos” (Sl 47, 10s).
Frei Almir Guimarães
(*) A festa da Apresentação do Senhor é bem antiga, e já houve tempo em que era celebrada em 14 de fevereiro, quarenta dias após a festa da Epifania (manifestação aos magos). Também já foi considerada como festa mariana, com o nome de “Purificação da Bem-aventurada Virgem Maria”. Mas, a partir das recentes reformas litúrgicas, o nome da festa foi mudado para “Apresentação do Senhor” e ela passou a ser celebrada quarenta dias depois do Natal. O novo título e data da celebração são uma indicação mais correta da natureza e do objeto dessa festa, visto que nesse dia a Igreja celebra um aspecto importante do mistério salvífico, e não simplesmente um acontecimento da infância de Jesus.