Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

O rosto da Frente de Comunicação na Província

19/09/2013

Notícias

encontro_franciscanos.org.br

Por Moacir Beggo

A Frente de Comunicação, criada há cerca de um ano no Capítulo Provincial, começa a definir o seu rosto. Isso ficou claro durante o 1º Encontro Provincial que reuniu, em Rondinha (PR), todos os serviços e frentes no campo da comunicação na Província da Imaculada Conceição.

O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que abriu o encontro durante a celebração eucarística da Festa da Impressão das Chagas de São Francisco de Assis, no dia 17 de setembro, disse que não poderia haver data mais significativa para realizar este evento. “São Francisco soube como ninguém ser o comunicador de Deus e o fez de tal forma que se assemelhou em tudo a Cristo”.

O encontro reuniu profissionais e pessoas ligadas à comunicação em diferentes áreas da Província: Pró-Vocações, Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), Fundação Celinauta de Pato Branco, (TV e Rádio), Fundação Frei Rogério (Curitibanos), Paróquias e Santuários, Editora Vozes, Associação Bom Jesus e FAE, Universidade São Francisco, Comunicação do Instituto Teológico Franciscano (ITF), Secretaria e Comunicação da Sede Provincial.

O Ministro Provincial confessou que estava “assustado” com o panorama de todo o trabalho na área da Comunicação feito na Província. “Estou muito feliz, porque conseguimos dar o primeiro passo ao nos reunirmos, conhecermos melhor e conferirmos as grandezas dessas obras”, confessou.

“Agora, se nós facilitarmos mais a nossa linguagem, a nossa expressão, nos ajudarmos ainda mais, poderemos ser uma grande expressão na área onde nós atuamos enquanto Província da Imaculada. A gente sai um pouco das nossas gavetinhas isoladas, onde um grupo trabalhava mais para si ou para determinada instituição. De repente, aqui, nos sentimos como família, irmãos dentro de um grande projeto. Se nós nos reunirmos mais e qualificarmos mais a nossa missão evangelizadora através da comunicação, creio que poderemos ser uma grande expressão na Igreja de Deus, neste espaço onde a Província se faz presente”, convocou Frei Fidêncio.

Segundo o Ministro, os frades não fazem tudo sozinhos. “Precisamos muito da parceria de todos os leigos e leigas. Então, só queria dizer que estou muito feliz por este trabalho. Conseguimos dar um passo muito importante que também será dado por outras frentes de evangelização da Província. A Frente de Comunicação entrou ‘de cheio’ naquilo que nós sonhamos no Capítulo de 2012, quando dizíamos que ‘nós precisamos trabalhar muito mais em rede’.  Por último, como Ministro Provincial, quero deixar uma palavra de incentivo: vamos acreditar no potencial que temos nesse grande empreendimento da evangelização franciscana”, motivou.

O Coordenador da Frente de Comunicação, Frei Gustavo Medella, também não escondia a sua alegria pelo bom andamento do encontro: “As palavras de Frei Fidêncio resumiram bem o que trazemos no coração. Eu também só tenho a agradecer a cada um a participação ativa, interessada, diretiva, porque reconheço que é difícil deixar a rotina, deslocar-se e deixar afazeres de urgência para estarmos juntos.

A meu ver valeu muito a pena pela qualidade da assembleia que conseguimos constituir aqui. Tão representativa e de gente tão disposta de fato a dar passos. Nosso muito obrigado a todos, em especial à Fraternidade, na pessoa do guardião Frei João Mannes, que acolheu e esteve sempre à disposição e zelando pelo bom andamento da assembleia”, completou Frei Medella.

professor_Ciro_Marcondes_franciscanos.org.brA assessoria do Professor Ciro

Formado em Ciências Sociais e Jornalismo na USP, com doutorado pela Universidade de Frankfurt (Alemanha), e pós-doutorado pela Universidade Grenoble (França), autor de mais de 40 obras, o professor Ciro Marcondes Filho foi o convidado para assessorar este primeiro encontro da Frente de Comunicação. Ele abordou o tema “Afinal, o que é Comunicação?”, provocando e instigando os participantes.

Segundo o professor, comunicação é uma palavra da moda. “Todos falam em comunicar, pessoas comunicam, animais, plantas, sistemas comunicam. Tudo comunica. O pesquisador Gregory Bateson e seus colegas do Colégio Invisível, nos Estados Unidos, têm uma frase radical: ‘Não dá para não comunicar’. Viver é estar comunicando, emitindo sinais, demonstrando participar do mundo”, colocou.

Mas esse pensamento de comunicação é uma farsa segundo o professor. “Logramos de fato nos comunicar quando preenchemos alguns requisitos pouco frequentes; mesmo assim, essa comunicação jamais poderá ser absoluta ou plena”.

Segundo Ciro, para haver a comunicação é preciso ‘algo mais’. “Comunicação é antes um processo, um acontecimento, um encontro feliz, o momento mágico entre duas intencionalidades”, disse, lembrando, por exemplo, que a escolha de um jornal para leitura só acontece quando ele está sintonizado “com o que penso”. Ou seja, o jornal tem a função de somar ao que penso.

A comunicação depende do ambiente, dos humores, do clima, de como falo ao outro e de como ele me ouve, explica o palestrante. “Para haver comunicação necessitamos do outro, precisamos do outro para nos transformar. Para isso acontecer preciso sair do meu casulo, abrir-me para o diferente, deixar vícios e sistemas fechados. É preciso fazer uma imersão e não passar pelas coisas superficialmente”, destacou.

Ele fez uma distinção entre informação e comunicação: a primeira é algo relacional, ou seja, só ocorre quando há interesse; já a segunda, não é só ampliação de informação, mas é algo mais significativo, pois de alguma forma ela altera e transforma o ser humano.

Partindo dessa reflexão, Ciro desmitificou a ideia de que não existe nada mais importante no momento do que as redes sociais para se comunicar e interagir. Para ele, é o paradoxo da presença: estamos no lugar sem estarmos no lugar. “Não estou na cena, apenas fotografo para o meu Facebook; não vivo a vida; o outro não passa de um sinal de luz no meu computador”, questionou. Segundo Ciro Marcondes, com a comunicação queremos que o outro nos ache, queremos também estar sós, às vezes; enfim, queremos a presença real”.

À tarde, o Professor Ciro trouxe o tema “O impacto da tecnologia na configuração do ser humano e da sociedade”, complementando o que falou de manhã. Segundo ele, por mais paradoxal que possa parecer, com as novas tecnologias, “estamos indo para o fechamento”. O homem, segundo o professor, é tão fascinado pela máquina, que fica em segundo plano. Vivemos no mundo irreal dos meios de comunicação de massa. “Tudo constrói e se destrói ao toque de uma tecla”.

Segundo o palestrante, a sociedade não pode viver sem os meios tecnológicos, mas estes não devem tomar o espaço da comunicação interpessoal e presencial, pois o uso deliberado de tais meios é prejudicial à comunicação. Ciro enfatizou que a comunicação só acontece com alteridade (concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende do outro). Para ele, a alteridade não pode ser “confiscada”: é preciso ver a face do outro e este outro deve ocupar o primeiro lugar. O desafio é buscar o equilíbrio.

Depois de um momento de Espiritualidade, na quarta-feira, dia 18, os participantes do encontro foram divididos em cinco grupos para, a partir das provocações do Professor Ciro, levantar pistas visando uma comunicação efetiva na Província. No plenário, em seguida, muitas pontuações e pautas para a próxima reunião, que já deverá acontecer no primeiro semestre do ano que vem. As conclusões do encontro e avaliações serão publicadas em outro momento.