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O convite de Frei César: um ‘sim’ ousado e corajoso como o de Maria

08/12/2018

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 Rondinha (PR) – Na solenidade da Imaculada Conceição de Maria, Padroeira da Ordem Franciscana e desta Província, o Ministro Provincial Frei César Külkamp presidiu a Celebração Eucarística na capela do Convento São Boaventura de Rondinha (PR), às 10 horas deste sábado (8/12), quando acolheu a renovação dos votos dos frades professos temporários do tempo de Filosofia e rendeu graças a Deus pelo encerramento, na próxima sexta-feira, das atividades acadêmicas no ano.

O Ministro Provincial lembrou que nesta solenidade da Imaculada Conceição de Maria estava em comunhão com todos os lugares da Província e também com toda Igreja. Ele teve como concelebrantes o guardião da Fraternidade, Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira, o mestre Frei Rodrigo da Silva Santos, o vice-mestre Valdir Laurentino, o Definidor Frei João Mannes, Frei Claudino Gilz, Frei Mário Knapik e o Pe. Samaan Nassry, da Igreja Católica Ortodoxa Antioquina. Além de toda a Fraternidade, estavam presentes confrades do Regional, religiosas, a pastora Érika da Igreja Batista, os professores da FAE e fiéis da comunidade.

Frei César saudou de maneira especial os frades professos temporários neste dia de renovação dos votos. “Convido hoje, nesse dia de renovação dos votos e da Imaculada Conceição, a cada um de nós a abrirmos nossa vida, os nossos sentidos, para estarmos atentos à ação de Deus já presente em cada um de nós e na vida de cada irmão e de cada irmã, para que possamos dizer ‘sim’ como esse ‘sim’ ousado e corajoso de Maria, aquele que é o nosso primeiro amor, aquele que fez sair dos nossos projetos, da nossa casa, do nosso conforto, e assumir uma forma de vida. Queremos que esse amor seja, de fato, o maior amor da nossa vida e da nossa missão de franciscanos e franciscanas”, exortou seus confrades o novo Ministro Provincial.

Segundo Frei César, ao celebrarmos uma solenidade também nos encontramos diante de um dogma de um Igreja, diante de um mistério da nossa fé. “E é isso que nós queremos também recordar para vivermos com intensidade aquilo que celebramos. Estamos diante de um fato assumido na caminhada, na história e na tradição de nossa Igreja de que a nossa Mãe, Maria Santíssima, foi preservada de toda corrupção, de toda mancha daquilo que se chama de pecado original”, situou.

Para o celebrante, hoje é um pouco difícil até de falar de pecado diante de tantas interpretações que existem em torno disso e se fala da existência das forças do mal. “Por mais esforços que a gente faça, por mais que a gente encontre pessoas boníssimas na nossa vida, a gente sabe que o mal exerce poder sobre a natureza humana. E por isso também, na nossa história cristã, é São Paulo que nos recorda que tudo que existe de bondade, de maravilhoso na nossa vida é a graça de Deus apesar dos nossos pecados”, explicou. “Por isso, somos comparados a um vaso de barro, que não tem importância nenhuma, quebra de qualquer forma. Mas o importante é que neste vaso de barro está depositada a graça de Deus, o tesouro mais precioso. Por isso que é importante esse tesouro e não o vaso de barro, como ele mesmo nos recorda. E ele também nos diz que esse pecado, ou essa condição falível, tem a sua importância porque ela nos faz seres humanos. O que seria de nós se não fosse o pecado? Talvez fôssemos pessoas estranhas, arrogantes. O pecado nos faz reconhecer que somos necessitados da graça do poder de Deus. É aquilo que nos coloca também com os pés sempre no chão, porque nós não somos o importante, mas é sempre a graça de Deus”, acrescentou.

“E no olhar da fé, no olhar bíblico, se procurou reconhecer desde o início que o ser humano é criado por Deus, mas ainda está em processo. Em algum momento teria acontecido essa nossa ruptura com o Criador. Nós reconhecemos por esse olhar da fé que nosso Criador é perfeitíssimo em sua essência; ele é o próprio bem como nos recorda São Francisco; ele é o amor como nos recordam os Evangelhos. Mas nós, que fomos criados, somos matéria ainda. Caminhamos, naquilo que São Paulo nos lembra, em direção a esse Criador. E isso é a nossa predestinação a sermos santos. Ser santo, portanto, não é ser perfeitíssimo, porque os nossos santos também foram desta matéria do vaso de barro. Mas ser santo é estar nessa caminhada para se re-ligar a esta Essência perfeitíssima, que é o próprio Deus. E isso nós fazemos – já nos recorda São Paulo -, não por nossos méritos, mas é a graça de Deus que vem ao nosso encontro. É ela que realiza tudo e é o próprio Deus que nos quer ligados a Ele novamente, que nos quer nesse caminho de santidade. E, por isso, Deus envia o seu próprio Filho Jesus Cristo para nos resgatar, para nos atrair, para retomar esse caminho, para sermos santos como só ele é Santo”, continuou Frei César.

Para Frei César, nesse mistério do Deus que se encarna, contempla-se esta solenidade, este mistério da festa de hoje. “Deus quis preparar uma morada, e por isso escolhe uma mulher e ela é adornada com essas virtudes, com estas belezas, que só Deus tem. Ele que é Santíssimo, Perfeitíssimo na sua Essência, também faz com que esta mulher, assim nos diz o texto do dogma, seja preservada, desde a sua concepção, dessa nossa condição humana de fraqueza”, recordou. Esse dogma, proclamado em 1854, não foi tão fácil de ser compreendido ao longo da história, embora os franciscanos celebravam esta solenidade desde o século XIII. Foi o franciscano Duns Scotus que ofereceu a explicação teológica da Imaculada Conceição de Maria no começo do século XIV (500 anos antes de ter sido proclamada como dogma de fé).

“Mas neste ocular de fé, o que é importante para nós, é descobrirmos também nessa atitude de Deus que assim como prepara essa mulher desde todo o sempre, desde toda a eternidade, ele também se curva diante dela e aguarda o seu ‘sim’. Os grandes místicos falam que é como se toda a humanidade também se curvasse à espera deste ‘sim’. E Maria surpreende também ao dizer este ‘sim’ e ao mesmo tempo o ‘faça-se’. ‘Faça-se em mim conforme a tua vontade’. E é por causa desse ‘sim’ de Maria e deste ‘faça-se’ que o Verbo se encarna. Deus mesmo se coloca nessa dependência do próprio ser humano em Maria”, ressaltou o Ministro Provincial.

“Também a nós hoje cabe dizer ‘sim’ como Maria. Ela, como primícia, é a primeira discípula de Jesus Cristo, seu próprio Filho. E nós, como Igreja, como consagrados, queremos também ser discípulos como Maria. E hoje, também como ela, renovando os votos, dizemos novamente ‘sim’. Mas a cada dia de nossa vida como cristãos precisamos dizer ‘sim’ e mais do que esse ‘sim’, o ‘faça-se’, para que também na nossa vida o Verbo possa se encarnar, possa se fazer presente. E nós queremos, então, buscar neste ‘sim’ de Maria aquilo que é o nosso compromisso de dizer ‘sim'”, enfatizou.

Segundo o Ministro Provincial, hoje é necessário discernir qual é a vontade de Deus para a vida religiosa, pois “fazer a vontade de Deus” poderia até soar um pouco abstrato. “A gente fala muito isso: ‘Ah, isso foi da vontade de Deus!’, quando um mal ou uma coisa boa acontece em nossa vida. Isso pode ser passível de uma interpretação e por isso é que, para nós, na expressão de São Francisco, não estamos à mercê de uma vontade abstrata, mas estamos diante de uma pessoa concreta, que é o próprio Filho de Deus, que já se manifestou a partir dessa missão de Maria, Mãe de Deus. Já se manifestou a nós. Por isso, segui-Lo ou o ‘faça-se’ de Maria significa reconhecer quem é esse Cristo. Conhecer a sua vida, seus atos, ouvir suas palavras, e deixar-se guiar concretamente por ele”, explicou.

“Nós, os franciscanos, as irmãs franciscanas, queremos viver também no meio do mundo uma vida consagrada. Nós estamos celebrando 50 anos da Conferência Episcopal de Medellín (1968), e lá se dizia que a vida religiosa é uma missão profética. Ou seja, não é uma condição diferente. Nós não nascemos diferentes de outras pessoas. Nós queremos dar testemunho do reino de Deus. Então, esse testemunho significa assumir com a própria vida a nossa vida cristã. E esse é o testemunho que deve estar presente na vida de todos nós”, insistiu.

Também nós queremos dizer com a nossa própria voz, com a nossa própria vida, que acreditamos em Jesus Cristo e queremos fazer isso não tanto preocupados em anunciar uma palavra, em ditar comportamentos ao mundo, mas deixar-se impregnar pelas forças do próprio Cristo. Que ela possa penetrar em nosso ser e, a partir dessa convivência, assim como fez Maria, que se deixou possuir pela força do Altíssimo, aí, sim, quem sabe ao nosso redor tudo possa mudar, a graça de Deus possa agir através de nós apesar das nossas fraquezas, apesar de sermos esse vaso de barro”, completou.

Foi com essa inspiração, que o mestre Frei Rodrigo chamou um por um os frades para fazer a renovação dos votos: Frei Bruno Gonçalves Cezário, Frei Diego Martendal, Frei João Manoel Zechinatto, Frei Ruan Felipe Sguissardi, Frei Francisco D. Pereira Cabral, Frei Jonas Ribeiro da Silva, Frei Odilon Voss, Frei Lucas de Moura Justino Souza, Frei Danilo Santos Oliveira, Frei Felipe Medeiros Carretta, Frei Leandro Ferreira Silva, Frei Matheus José Borsoi, Frei Thiago da Silva Soares e Frei Vítor da Silva Amâncio. Em seguida, cada frade, assinou o documento de renovação.

Os frades que concluem o tempo de Filosofia agora fazem um Ano Missionário. Frei Jonas Ribeiro da Silva e Frei Thiago da Silva Soares seguem para Angola; Frei Danilo Santos Oliveira, para Colatina (ES); Frei Felipe Medeiros Carretta, para a Rocinha (RJ); Frei Matheus José Borsoi, para Vila Velha (ES); e Frei Vítor da Silva Amâncio, para o Pari (SP). Como estão no último ano, ficam na Fraternidade até o dia 14, quando haverá a festa de encerramento do curso. Os frades dos 1º e 2º anos de Filosofia seguiram hoje mesmo para os estágios de um mês nas Fraternidades da Província.

Para os frades formadores desta Fraternidade também é tempo de despedidas. Com a realização Capítulo Provincial e o Congresso Capitular em andamento, o Mestre do tempo de Filosofia, Frei Rodrigo, será o Mestre dos Noviços em Rodeio e, no seu lugar, virá Frei Samuel Ferreira de Lima, o atual Mestre dos Noviços. O guardião desta Fraternidade, Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira, vai para Jerusalém e, no seu lugar, assume o guardião do Noviciado, Frei José Cruz Duarte. O vice-mestre Frei Valdir Laurentino vai para o Seminário São Francisco de Ituporanga e Frei Aldeci Miranda vai para a Fraternidade de Bragança Paulista.

Comunicação da Província da Imaculada Conceição


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