Novo custódio faz ingresso oficial em Jerusalém
06/06/2016
Nesta segunda-feira, dia 6, o novo Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton fará seu ingresso oficial em Jerusalém. À tarde ele será acolhido junto à Porta de Jaffa, uma das passagens nos muros da Cidade Velha, e em cortejo chegará à Cúria da Custódia, no Convento de São Salvador.
Nos próximos dias, o novo custódio participará de várias cerimônias. Amanhã, dia 7, o novo custódio será acolhido solenemente na Basílica do Santo Sepulcro. E na quarta-feira a acolhida será no Cenáculo, sobre o Sião cristão. Ali, o Padre Custódio será ornado com o título de Guardião do Monte Sião, em recordação da primeira e histórica sede da Custódia da Terra Santa.
Na quinta-feira, 9, haverá uma cerimônia semelhante terá lugar na Basílica da Natividade, em Belém. No dia 11, em Jaffa, e no dia 18, na Basílica da Anunciação, em Nazaré.
Serviço à Terra Santa
Para o Frei Francesco, originário de Vigo Meano – Trento, essas horas que antecedem o início de um encargo importante e delicado como o de Custódio da Terra Santa, são marcadas por “temor”, mas também por “confiança”.
“Nesses últimos dias, falei de trepidação e penso que seja a palavra justa. Tenho, porém, muita confiança, porque creio no valor da obediência e, por isso, creio que a vontade de Deus passe através das mediações humanas muito concretas, como a disponibilidade em assumir este serviço pedido a mim pela Ordem”, disse o novo custódio.
E ainda: “Dou-me conta muito bem de que aquilo que me foi pedido vai além de minhas forças e capacidades. Venho na ponta dos pés e em humildade, consciente de que é preciso escutar e aprender. Se alguma coisa, realmente, me deu alegria nesses dias, antes de minha chegada a Jerusalém, não foram as manchetes de jornais ou as felicitações, mas as mensagens de muitas pessoas simples que me asseguraram apoio por meio da oração. E também muitos Frades me escreveram desde a Terra Santa: nós te esperamos e rezamos por ti. Inclusive os Frades da Síria que, apesar de viver uma situação de grande sofrimento, encorajaram-me e se ofereceram para apoiar-me com suas orações”.
O serviço à Terra Santa, a que Frei Francesco foi chamado a assumir, se coloca no percurso que o religioso considera, à luz da fé, quase natural. “Para mim viver na Terra Santa significa voltar ao concreto do carisma franciscano. Francisco, homem prático e concreto, filho de comerciante, voltou transformado de sua experiência na Terra Santa. A partir daquela peregrinação entraram na Regra não Bulada algumas indicações fundamentais, ainda hoje em relação com a experiência missionária. Somos chamados a “não fazer rixas ou disputas” e adotar um estilo de minoridade, em todos os contextos aos quais somos chamados a viver. “Confessando” de ser cristãos através do serviço aos irmãos e “anunciando” Cristo quando vimos que isso agrada ao Senhor. Usando uma inteligência no diálogo que nos permita compreender quando o coração de nosso interlocutor está pronto a acolher nosso anúncio. Esses traços do carisma franciscano estão indissoluvelmente ligados à experiência da Terra Santa».
“Aposta de Deus”
Da situação da Terra Santa, hoje, marcada por profundos conflitos, Frei Francesco Patton fala como de uma “aposta de Deus”.
“Creio que haja um significado o fato de que, quando Deus escolheu encarnar-se, o tenha feito exatamente na Terra Santa. A história desta terra está marcada por conflitos e embates. O fato de que Deus tenha escolhido encarnar-se aqui parece mesmo uma aposta. Quase como dizer: se se realizarem aqui, então é possível que a paz e a justiça possam reinar em toda a terra. Todos nós somos chamados a ir e a permanecer na Terra Santa, sabendo que somos uma parte deste “sonho de Deus”. A possibilidade, a saber, de que “o lobo paste com o cordeiro”, como nos diz a visão de Isaías. E que venha um tempo, como o testemunham os profetas, “de céus novos e terra nova”. Devemos crer que tudo isso acontecerá. Porque aquilo que impede a realização dos projetos de Deus é nossa falta de fé”, destacou o sacerdote.
Frei Francesco afirma que os primeiros dias de seu serão uma espécie de ‘noviciado’. “Não tenho a presunção de conseguir entrar logo nesta realidade complexa como a da Custódia da Terra Santa e no contexto eclesial e social na qual, como Frade menor, somos chamados a trabalhar. Colocar-me-ei na escuta. Creio que as experiências internacionais a serviço da Ordem possam ajudar-me a prestar atenção às várias sensibilidades e culturas”.
De uma coisa, porém, Frei Francesco está seguro: “Meu coração está na Terra Santa. Desde o dia em que me comunicaram a nomeação, comecei a lembrar, diariamente, na oração os confrades que vivem na Síria, todos aqueles que servem com tanta dedicação nos santuários e estão empenhados nas Paróquias e nas diferentes realidades sociais da Custódia; os que se empenham nos vários centros e não esquecendo os Padres Comissários, empenhados a difundir a obra da Custódia em todo o mundo. Sinto por eles grande afeto e reconhecimento. São preciosos para mim e os sinto todos unidos na oração”.