Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Partilhar das misérias, dores e sofrimentos de nosso povo

06/08/2016

Notícias

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Frei Augusto Luiz Gabriel (fotos) e Moacir Beggo

Gaspar (SC) – A bela e grandiosa Matriz de São Pedro Apóstolo de Gaspar, no alto da colina no Vale do Itajaí, foi testemunha da quinta ordenação de um bispo franciscano neste sábado (6/8), às 9 horas, quando Frei Evaristo Pascoal Spengler foi ordenado bispo pelo Secretário Geral da CNBB e Bispo Auxiliar de Brasília, Dom Leonardo Ulrich Steiner (ordenante principal), e pelos bispos Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém (PA), e Dom Mauro Morelli, Bispo Emérito da Diocese de Duque de Caxias (RJ).

A igreja estava repleta pelos paroquianos de Gaspar e também pelos fiéis da Baixada Fluminense, RJ, um dos últimos locais de trabalho de Frei Evaristo, além de familiares e amigos do ordenando. A cerimônia contou ainda com a presença de 12 bispos além dos ordenantes, entre eles o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, que é natural de Gaspar, os confrades bispos de Frei Evaristo, Dom Severino Clasen, Dom Bernardo Bahlmann, Dom João Bosco, frades de toda a Província, especialmente de um grande grupo de Frades estudantes que vieram de Rondinha, os noviços de Rodeio, dezenas de padres, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas.

Nas palavras de boas vindas, o bispo anfitrião, Dom Rafael Biernaski, da Diocese de Blumenau, Dom Evaristo é um presente de Deus. “Frei Evaristo é um filho desta terra e o quinto bispo escolhido desta região. E a destinatária desse presente de Deus é a Prelazia de Marajó”, saudou.

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Obedecendo ao rito inicial, Frei Evaristo foi apresentado pelo Vigário Geral da Prelazia do Marajó, Pe. José Antônio. A bula papal, assinada pelo Papa Francisco, foi lida pelo Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Fidêncio Vanboemmel. “Saudação e bênção apostólica. Dileto filho, queremos que mostre este nosso decreto ao clero e ao povo da tua Prelazia, aos quais exortamos que, sob tua direção, de coração sincero, cumpram a vontade de Cristo na sua vida diária”, leu Frei Fidêncio.

Um momento de silêncio tomou conta da assembleia durante a imposição das mãos dos bispos, antecedida pela prostração e a Ladainha de Todos os Santos. Um momento central da celebração foi a prece de ordenação, quando Dom Evaristo ficou de joelhos, e os diáconos Frei Edvaldo Soares e Frei Róbson Scudela seguraram aberto sobre sua cabeça o livro dos Evangelhos e todos os bispos rezaram juntos: “Enviai agora sobre este eleito a força que de vós procede, o Espírito Soberano, que destes ao vosso amado Filho, Jesus Cristo, e ele transmitiu aos santos Apóstolos, que fundaram a Igreja por toda a parte, como vosso templo, para glória e perene louvor ao vosso nome”.

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Logo após, o eleito teve a cabeça ungida com o óleo santo e recebeu as insígnias: o anel, sinal de fidelidade, foi trazido pelos sobrinhos Antônio e Ketlyn (afilhada de Frei Evaristo); a mitra, sinal de santidade, pelas irmãs Maristela e Ângela; e o báculo, significando o cuidado do rebanho, pelos irmãos Carmen e Renato. A irmã Gertrudes fez a Primeira Leitura e o irmão Aloir fez a segunda.

A três horas de celebração não tiraram ânimo da assembleia. Em várias ocasiões, o público expressou a emoção e a alegria através de aplausos, como no momento em que Dom Evaristo, já portando todas as insígnias episcopais (anel, báculo, mitra) andou entre o povo, distribuindo sorrisos e bênçãos. O riso constante, marca registrada de Frei Evaristo, davam sinais do contentamento e da gratidão que povoavam o coração do novo bispo.

Dom Leonardo fez uma bela homilia. “A fé, sugada no peito de tua mãe e embalada no colo de teu pai, partilhada com teus irmãos e irmãs, com a tua comunidade de fé, pede que avances para águas mais profundas. A palavra ouvida que te despertou para a vida religiosa franciscana e para o presbiterado, pede que avances para águas da animação e santificação de uma Igreja particular. Para águas mais profundas: mais doação, mais disponibilidade, mais meditação, mais atenção, mais generosidade, maior desprendimento, mais amor… Pede que seja Menor entre os menores”, exortou o Secretário Geral da CNBB.

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Tomando como base o lema episcopal do novo bispo, “Avança para águas profundas”, Dom Leonardo foi mais incisivo: “Ser bispo é um risco, quando permanecemos à margem, lavando as redes da noite do vazio de nós mesmos. Ser bispo é um risco, quando não nos entregamos de corpo e alma, por inteiro, todo inteiro ao serviço dos irmãos! É um risco, quando não chegamos até as periferias geográficas e existenciais e deixamos de anunciar e proclamar que o ‘Amor não é amado’, disse, referindo-se à frase de São Francisco de Assis.

E Dom Leonardo continuou: “Nosso ministério nos envia para as profundezas das misérias, dores e sofrimentos de nosso povo. Na profundidade do drama humano, das entranhas do abandono, somos provocados a buscar, nas águas misericordiosas e compadecidas do mistério do amor de Deus, o óleo do consolo e o vinho da proximidade para o nosso povo. Descer para a profundidade do coração de cada um de teus irmãos e irmãs; compadecido, toca, limpa, derrama o óleo da eleição, da unção nas feridas do corpo e do espírito; derrama o vinho da verdade, da alegria no coração de teus irmãos e irmãs; conduz à casa da tua Igreja aqueles que são inúteis ao Estado e à sociedade (Madre Teresa de Calcutá)”.

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Quase no final da homilia, prestou uma bela homenagem ao antecessor de Dom Evaristo, Dom José Ascona  Hermoso. “Quanto a nossa Igreja no Brasil é devedora a este homem de Deus!”, disse, pedindo orações e apoio ao novo bispo: “Certamente nos sentiremos ainda mais unidos a dom Evaristo e à Igreja do Marajó se soubermos também partilhar além da oração,  o afeto e os nossos bens”.

“NUNCA ALMEJEI SER BISPO”

Em seus agradecimentos finais, Dom Evaristo começou agradecendo carinhosamente a Deus, à Igreja, à Província Franciscana da Imaculada Conceição, aos seus confrades, familiares, ao povo que o conheceu e ao novo rebanho de fiéis na Prelazia. “Ano passado quando nossa Província Franciscana se preparava para o Capítulo Provincial recebi a visita de Frei Nestor, o Visitador, representando o Ministro Geral. Ele perguntou a cada frade onde gostaria de trabalhar nos próximos três anos. Eu lhe disse que era candidato a voltar à Missão de Angola. O Capítulo Provincial me elegeu Vigário Provincial junto com o Ministro Provincial Frei Fidêncio. Dois meses depois de ter chegado a São Paulo, fui nomeado pelo Papa Francisco para ser bispo da Prelazia do Marajó”, contou Dom Evaristo.

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“Nunca almejei ser bispo. Entendo essa tarefa não como uma promoção nem como um título, como podem alguns pensar, mas como uma missão, como um serviço que a Igreja me confia em função da própria Igreja e do povo de Marajó. Por isso, quando me perguntaram como será o bispo Frei Evaristo, respondi: continuarei a ser um frade menor, aberto a conhecer a Igreja, o povo, a história da Igreja do Marajó”, disse, recebendo um longo aplauso.

“Consciente que Deus já fez aliança com aquele povo, já caminhou muito antes de mim naquelas terras e naquelas águas. Quero somar ao trabalho já desenvolvido pelo meu antecessor, Dom Azcona, ao trabalho desenvolvido pela Ordem Regular de Santo Agostinho, aos padres diocesanos, aos religiosos e religiosas, aos missionários leigos, aos catequistas, ministros, às lideranças da Igreja e ao povo de Deus da igreja do Marajó”, prometeu.

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Frei Evaristo recebeu uma homenagem dos fiéis da Baixada Fluminense, onde residiu por muitos anos, e dos doze sacerdotes que vieram da Prelazia. Ele não se esqueceu dos seus confrades que conviveu desde o Seminário, a conhecida turma dos “Gafanhotos”:  “Sempre foi uma turma alegre e unida. Unida para tudo: estudar, trabalhar, rezar, jogar e também para comer. Achavam que essa turma comia muito. Ficou conhecida na Província como Gafanhotos. São sempre um apoio na missão”. No final da Celebração, nas suas considerações, Dom Leonardo brincou: “Não pensei que pudesse sair um bispo da turma dos Gafanhotos”.

Após a celebração, foi oferecido um almoço festivo nas dependências da empresa Bunge Alimentos.