Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Nossa Senhora da Penha vai até o povo em 4 horas de devoção e fé

19/04/2020

Notícias


Luzes piscando dos apartamentos e casas, fiéis usando máscaras e ajoelhados durante a passagem do cortejo, devotos saudando a frota com “vivas”. Fazendo jus à tradição, o sábado da Festa da Penha foi marcado por esses e outros incontáveis gestos fervorosos dedicados à padroeira do Estado ao longo dos 50,3 km da Romaria das Famílias, que este ano, por conta da pandemia do novo coronavírus, estreou, em caráter excepcional, e substituiu à altura a histórica Romaria dos Homens e seus 14 km.

Em quatro horas e meia de um cortejo comovente por regiões da Grande Vitória, o que se viu foram pedidos de bênção para um mundo melhor e demonstrações de carinho e amor diante da imagem da santa, que desfilou em um caminhão do Corpo de Bombeiros, um dos veículos integrantes do comboio.

Em um minitrio, incansáveis, os freis Paulo Roberto Pereira, guardião do Convento, e Pedro de Oliveira, conduziram a celebração sobre rodas, que partiu do Centro de Vitória, da região da Praça Costa Pereira, às 20 horas deste sábado (18), seguiu até a área da rodoviária da capital, voltou pela Vila Rubim, acessando depois a Beira-Mar.

Eram os quilômetros iniciais de uma festa itinerante que só foi acabar por volta da 0h30 deste domingo (19), embalada com músicas religiosas compostas em tributo a Maria.

“Pisque as luzes de suas casas”
No veículo, o Frei Pedro rogou pelos moradores em várias preces à Mãe das Alegrias. Na altura do bairro Jesus de Nazareth, clamou aos céus pelas famílias daquela comunidade. “Pessoal do bairro de Jesus de Nazareth, pisque as luzes de suas casas. Queremos pedir a bênção e proteção da Virgem da Penha para toda essa região”, falou.

Mais adiante, o frade continuou: “Viva Nossa Senhora da Penha. Ela merece. É a nossa homenagem à mãe de Deus e à nossa mãe. Não foi possível ir até o santuário dela por causa dessa pandemia, mas ela passa no nosso meio para nos abençoar”.

Os carros prosseguiram pela Leitão da Silva, pela César Hilal, pela Reta da Penha, pela Fernando Ferrari e pela reta do antigo aeroporto, ainda na Capital. Entraram por Carapina, já na Serra, indo para Bairro de Fátima e retornando assim a Vitória por Jardim Camburi. Orla de Camburi, Praia do Canto e Enseada também foram trechos visitados na cidade.

Na sequência, a imagem chegou à Terceira Ponte e à orla de Vila Velha, sendo saudada por devotos em Itaparica, Itapoã e Praia da Costa até se direcionar ao Centro do município e ao destino final da caravana, a Prainha.

Uma das passagens mais emocionantes foi quando o comboio, em velocidade reduzida, atravessava a Terceira Ponte.

Nesse momento, já próximo à cidade canela-verde e próximo ao morro do Convento, um verdadeiro mosaico de luzes se formou, um belo espetáculo proporcionado pelos moradores dos vários edifícios do entorno da ligação entre Vitória e Vila Velha, coroando um formato inédito, virtual e, como seu viu, interativo do maior evento religioso do Estado.

Ao longo do percurso, católicos nas calçadas, alguns ajoelhados, saudaram a padroeira, mas a maioria continuou em suas casas acenando, atendendo assim ao pedido do comando da caravana de se manter nas residências em isolamento social para evitar o contágio da Covid-19.

Vila Velha foi onde houve mais concentração de carros nas ruas; motoristas decidiram aderir à rota, contrariando as recomendações dos organizadores.

“Estamos vivendo o tempo da solidariedade, do cuidado de um pelo outro. Deus cuida de nós. Por isso devemos ser mais cuidadosos uns com os outros (…). Fique em casa”, ressaltou Frei Pedro, defendendo o distanciamento.

“Momento histórico”
Do estúdio do G1ES, na sede da Rede Gazeta, o Padre Renato Criste e o Frei Gustavo Medella comentaram as principais cenas da romaria, falaram sobre a história de devoção à Virgem da Penha e leram as intenções de votos dos fiéis que acenderam suas velas virtuais em A Gazeta. O número impressionou: o total de intenções/velas virtuais registrado há havia passado de 40,3 mil ainda na noite de sábado.

“Momento histórico. Certamente os livros de História vão registrar essa romaria”, disse, entusiasmado, o Frei Gustavo ao ver a santa nas ruas.

Na chegada à Prainha, a mensagem transmitida pelos religiosos serviu de alento para quem observava as cenas. “Estamos aos pés do santuário. A imagem de Nossa Senhora desceu nesta noite para nos abençoar”, falou o Frei Paulo. “Sairemos mais forte desta turbulência, pois temos uma mãe que intercede por nós.”


Texto do Estúdio Gazeta – G1 Espírito Santo
Fotos: Adessandro Reis