Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

São Francisco reúne Mendicantes e Beneditinos

02/10/2015

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Moacir Beggo

São Paulo (SP) – Três Ordens distintas, os Franciscanos, os Dominicanos e os Beneditinos têm muito em comum e, nesta sexta-feira, 2 de outubro, reuniram-se às 15 horas no Convento São Francisco, no Centro de São Paulo, para celebrar o segundo dia do Tríduo em homenagem a São Francisco de Assis, o Padroeiro da Ecologia e o Protetor dos animais.

Essas três Ordens têm muitos laços afetivos como explicou Frei Alvaci Mendes da Luz, que fez o convite a essas  três tradicionais Ordens religiosas presentes em São Paulo.

As Três Ordens

Em Roma, São Domingos, o fundador dos Dominicanos ou Padres Pregadores, conheceu São Francisco de Assis, o fundador dos Frades Menores, e se tornaram grandes amigos. “Essas Ordens fundadas por eles foram chamadas de Mendicantes pela sua característica de “mendigar”, ou seja, de recorrer humildemente ao sustento econômico das pessoas para viver o voto da pobreza e desempenhar a sua missão evangelizadora”. Os maiores pensadores da época, S. Tomás de Aquino e São Boaventura, eram mendicantes.
Já com os beneditinos, a Ordem dos Frades Menores tem laços bem afetivos logo na sua origem. Em 1210, Francisco pediu ao bispo de Assis e depois aos Cônegos de São Rufino alguma igrejinha para cuidar. Recebeu uma resposta negativa e, persistente como era, Francisco fez o pedido ao abade do mosteiro de São Bento, Dom Teobaldo. Este, com o consenso da comunidade monacal, concedeu a Francisco e aos seus primeiros companheiros a Porciúncula para o simples uso e moradia. Mas pediram uma condição: se a religião constituída por Francisco crescesse, a Porciúncula fosse a casa-mãe. Até hoje, a pequena igrejinha é o símbolo da Ordem dos Frades Menores. A ligação com os monges também se deu no ramo feminino, quando Francisco recorreu às Beneditinas do Mosteiro de São Paulo para acolher Clara de Assis. Pouco depois, Clara foi para a Ermida de Santo Ângelo de Panço, onde Inês, sua irmã de sangue, juntou-se a ela. Só depois deste tempo de adaptação em um Mosteiro, as Damas Pobres foram morar no Convento de São Damião.

A Celebração foi presidida por Frei Gustavo Medella, tendo como concelebrantes Frei Alvaci e Frei Miguel da Cruz. Mas a homilia foi lida por Frei André, já que o Prior dos Dominicanos, Frei Márcio A. Couto, OP, teve um imprevisto e não pôde comparecer.

O pregador, partindo do Evangelho, lembrou que os pequenos que acolhem o convite de Jesus para seguir o seu exemplo de mansidão e humildade fazem a experiência do amor divino. “Francisco de Assis respondeu a esse chamado: fez-se ‘pequeno’, menor, humilde e pobre, contentando-se apenas com Deus. Descobriu que o Evangelho vivido integralmente torna a criatura nova, uma pessoa ressuscitada, participante da verdadeira humanidade do Filho de Deus, e, portanto autênticos servidores dos irmãos, de todos os irmãos”, disse Frei Márcio.

O religioso dominicano lembrou que Francisco é apresentado pelos biógrafos como fácil, alegre, poético: é o trovador que salta, canta… “Os seus escritos revelam, ao contrário, uma atitude sofrida, assinalada pela experiência da cruz: ‘Quem não carrega sua cruz e não vem após mim, não pode ser meu discípulo’ (Lc 14,27). Parece evidente que o horizonte humano, como o vê Francisco, está assinalado pelo sofrimento ao qual ninguém pode fugir e que o fiel, seguindo o Senhor crucificado, deve saber assumir”, observou Frei Márcio.

Com paciência e humildade, São Francisco soube dar a reposta a esse chamado. “À paciência e à humildade ocorre acrescentar a alegria. A felicidade, que as bem-aventuranças evangélicas projetam para um futuro escatológico, Francisco a colhe como já presente, à mão daqueles que aceitam as exigências e as promessas do Evangelho”, acrescentou o frade dominicano.

“As difíceis exigências do morrer para si mesmo, da espoliação interior, da abertura e do serviço aos irmãos, se transformam, paradoxalmente, na alegria das bem-aventuranças e no pacífico reino das virtudes: pobreza, pureza de coração, paz e, sobretudo, sabedoria, experiência e gosto de Deus. Esta é a antropologia que Francisco propõe”, explicou.

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Segundo o frade, à luz de tudo isso a partilha se torna um dom. “Porque tudo vem de Deus, o que partilhamos não é o que temos, mas o que recebemos. Ao descobrir isso, Francisco nos ensina que quem partilha não perde nada de si, mas ganha muito porque faz alguém feliz de um dom que recebeu do próprio Deus e que não lhe pertence. À luz da espiritualidade, compreendemos que partilhar é um ato mais divino do que humano”, concluiu.

No final da celebração, todos os religiosos foram convidados ao presbitério para dar a bênção final.