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Jubileus: retorno ao “primeiro amor”

01/12/2018

Notícias

São Paulo (SP) – “Queremos reiniciar nossa consagração e nosso serviço ministerial, fundados no primeiro amor e profundamente reconciliados Naquele que nos chama a segui-Lo”. Foi este convite que o novo Ministro Provincial, Frei César Külkamp, fez aos frades desta Província da Imaculada Conceição que celebraram seus jubileus durante a Celebração Eucarística, neste sábado (1º/12), no histórico Convento São Francisco, no centro de São Paulo. Este momento de Ação de Graças pelo dom da vocação foi também do jovem Frei Augusto Luiz Gabriel, que renovou os votos como professo temporário.

A Missa, que começou às 10h30, marcou o encerramento do Encontro que teve início ainda na sexta-feira (30/11). Na acolhida dos frades e dos fiéis, o ex-ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, citou o nome de todos os jubilandos, destacando os com mais de 70 anos de vida religiosa ou sacerdotal.  “É com muita alegria que nós queremos render graças a Deus por esses confrades que doam a sua vida a serviço do reino na vocação religiosa, em primeiro lugar como frades menores, mas também na sua vocação franciscana no sacerdócio”, disse Frei Fidêncio.

Frei César presidiu a Celebração Eucarística, tendo como concelebrantes o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, e o guardião do Convento São Francisco e Definidor, Frei Mário Tagliari. Na sua homilia, Frei César explicou que jubileu vem da tradição hebraica, de realizar uma solenidade pública a cada 50 anos da história e, nesse tempo, as dívidas eram perdoadas, as penas esquecidas e os escravos libertados. “A Igreja manteve esta tradição e também celebra jubileus. E são ocasiões em que o Papa proclama um ano santo, também com indulgência plenária e experiência da misericórdia de Deus (remissão, perdão total de pecados e de crimes). E por extensão jubileu virou o cinquentenário de um fato marcante (um nascimento, um casamento, uma consagração religiosa e sacerdotal, etc.) – daí, podemos dizer que celebrar jubileus de prata ou de ouro significa fazer esta experiência de reconciliação total da vida; de reconhecimento de que Deus é o dono da nossa vida, da nossa consagração religiosa franciscana e do ministério ordenado”, pontuou o Ministro Provincial.

Segundo o presidente da Celebração, este momento acontece depois do Capítulo provincial, ocasião em que se refletiu sobre a minoridade, não apenas uma característica qualquer, mas aquilo que qualifica a fraternidade. “Somos uma fraternidade de menores, irmãos que não se escolheram, mas receberam-se uns aos outros como dons de Deus, para se ajudarem no seguimento mais perfeito de Jesus Cristo. Aquele que se fez menor no mistério que vamos celebrar daqui a pouco, do seu Natal, no mistério de sua paixão e no mistério eucarístico. Foi nesta contemplação do nosso Salvador que São Francisco percebeu o caminho que queria trilhar. E inaugurou um caminho que nós, hoje, continuamos perseguindo”, destacou. “Esta é a nossa Consagração – nossa Regra nos diz que nossa forma de vida é seguir a Cristo pobre e humilde (Rnb 9,1). Não é qualquer interpretação de Cristo. É o Cristo ‘que por nós se fez pobre neste mundo” (RB 6). É neste Cristo que fundamentamos a nossa vida”, acrescentou.

Frei César lembrou que a Conferência de Medellín e o Concílio Vaticano II, expressões da Igreja viva, pediram aos religiosos para retomarem a vida religiosa como uma missão profética. “Para tanto, devem voltar ao seu primeiro amor. Retomar aquilo que nos fez interromper nossas vidas em determinado momento, nos fez sair do seio de nossas famílias e modificar nossos projetos de vida. Este primeiro amor, a nossa vocação, parte daquilo que também inspirou São Francisco a mudar de vida, a se converter: o Evangelho – dispor-se a abraçá-lo com toda a nossa vida e todo o nosso querer. ‘É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo fazer de todo o coração!’, disse São Francisco ao ouvir o Evangelho, no início de sua vida”, observou o frade.

Segundo o Ministro Provincial, Francisco não estava tão preocupado em ter técnicas e formas de anunciar o Evangelho. “Queria antes que o Evangelho penetrasse todo o seu ser. Somente assim poderia impregnar o mundo ao seu redor. O monge Marcelo Barros chama a isso evangelismo ou evangelicidade – aquilo que se converte de fato em testemunho do Evangelho, em verdadeira esperança para aqueles que já não esperam muita coisa”, explicou.

Refletindo sobre a Palavra de Deus, ao se referir à Carta aos Colossenses, São Paulo pede que a Palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em nós. “E que tudo o que fizermos, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Vivemos tempos de ostentação, até mesmo espiritual, de individualismo – nosso Capítulo falou dos riscos da autorreferencialidade. Nossos projetos de evangelização não podem ser apropriados e nem espelhar simplesmente a nós mesmos. Ficarão vazios. Precisam ser expressão de uma fraternidade a serviço, menor entre os menores, sacramento de unidade e fraternidade com todos os que partilham conosco a missão de Jesus”, insistiu.

“E é o próprio Cristo que nos dá este mandato na passagem do Evangelho de hoje. Ao se preparar para subir a Jerusalém, onde seria entregue, torturado e sofreria a própria morte, ele convida os seus discípulos – e hoje cada um de nós – a segui-Lo até o fim. E nos dá suas condições: ‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder sua vida por causa de mim, vai encontrá-la'”, exortou, completando sua homilia: “Caros jubilandos, é isto que nós celebramos hoje! Foi isto que cada um de vocês partilhou, no dia de ontem, de suas experiências vividas nos mais diferentes lugares, com erros e com acertos, porque somos humanos e estamos a caminho. E é por isso que hoje é dia de jubileu. Queremos pedir o perdão jubilar de todas as nossas dívidas, culpas. Queremos reiniciar nossa consagração e nosso serviço ministerial, fundados no primeiro amor e profundamente reconciliados naquele que nos chama a segui-lo. Somente n’Ele, que é amor e misericórdia, poderemos cantar como o salmista: “minha alma se glorie no Senhor”.

Em seguida, em silêncio, cada jubilando recebeu uma vela acesa e fez a renovação dos votos de vida consagrada franciscana e o compromisso sacerdotal de guiar o povo de Deus diante do Ministro Provincial. Primeiros, foram chamados para este momento Frei Fabiano Kessin, Frei Arlindo Oliveira Campos, e Frei Mário Stein, celebrando 25anos de vida religiosa; depois Frei José Pereira, Frei Ricardo Backes e Frei Tarcísio Theiss, celebrando 50 anos de vida sacerdotal; e, por último, Frei Athaylton Monteiro Belo e Frei Germano Guesser, celebrando 25 anos de sacerdócio.

RENOVAÇÃO DOS VOTOS

Foi um momento especial também para o jovem Frei Augusto Luiz Gabriel, que está concluindo o Ano Missionário no Setor de Comunicação da Província e renovou os votos de pobreza, obediência e castidade diante do Ministro Provincial. Agora, ele segue para os estudos de Teologia em Petrópolis. Frei César chamou sua mãe, Elenir Fátima Gabriel, e sua irmã, Tatiana Gabriel Dervanoski, para ficarem ao lado de Frei Augusto. “Foi uma grande e bonita surpresa renovar os votos ao lado dos meus familiares, ali representados pela minha mãe e irmã. Acredito que a presença da família no processo formativo do frade menor franciscano é muito importante e de grande valor! Outrora, foram eles que me incentivaram a dar os primeiros passos na vida de Igreja, e, hoje, puderam acompanhar, bem de perto, mais um importante passo de minha caminhada religiosa franciscana. Meu muito obrigado à Fraternidade Provincial e aos meus familiares”, festejou Frei Augusto.

Antes de terminar, Frei Odorico Decker tocou “Ave Maria” com sua gaita e teve a companhia de Luiz, um parente de Frei Ricardo Backes.

Nesta segunda-feira, dia 3, a Celebração dos Jubileus será realizada, às 10 horas,  para os frades mais idosos na Fraternidade de Brangança Paulista.

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Comunicação da Província da Imaculada Conceição