Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Íntegra da homilia do Ministro Provincial na Primeira Profissão de Rodeio

06/01/2020

Notícias

Caros confrades aqui presentes, especialmente os da fraternidade formadora do Noviciado, as religiosas, a OFS, os familiares e o povo amado de Deus; queridos confrades professandos na Ordem dos Frades Menores, meu cordial cumprimento de Paz e Bem!

Hoje é um dia de graça abundante de Deus, dentro deste período chamado “Ano da Graça”, este tempo privilegiado em que todos nós, os frades menores, somos iniciados no seguimento de Cristo, do jeito que o seguiu o nosso pai, São Francisco de Assis. Nós o fazemos assumindo e integrando os valores que o Santo de Assis nos deixou e também nos deixaram a história e tradição da nossa Ordem, juntamente com os valores e dons que cada um traz consigo, herdados de sua família, de sua comunidade de origem e das próprias convicções e experiências da fé cristã. Este é o grande trabalho do ano do Noviciado.

Hoje são vocês, caros confrades professandos, que vivem conosco e com toda a Província, a Província também na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, onde mais 11 noviços, terão no próximo dia 11, como vocês hoje este dia de graça, no fim deste privilegiado tempo do Noviciado Franciscano!

Estamos vivendo este tempo forte da Epifania do Senhor, sua manifestação a todos os povos: “para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. Ele nos convida à conversão e a segui-lo.

São João, na leitura de hoje, nos fala da necessidade desta luz para o discernimento que leva a escolher o espírito da verdade em vez do espírito do erro. Existe muita enganação neste mundo e é preciso saber se estamos seguindo a inspiração que vem de Deus. Nossa inspiração precisa seguir o critério da fé e do amor. Fé em Cristo e amor aos irmãos. Toda outra proposta, fundada na autossuficiência ou ensimesmamento é enganação e não edifica o Reino dos Céus. Por isso, todos precisamos de conversão, o que é um caminho difícil, mas o único verdadeiro.

Foi o caminho de penitência trilhado por São Francisco e que nos propõe, em sua Regra de Vida: “seguir a doutrina e as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo que diz: Se queres ser perfeito, vai e vende tudo que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me.” (RNB 1)

Aqui estão vocês, queridos confrades, Frei Gabriel e Frei Irven, terminando o ano de provação e pedindo para serem recebidos à obediência. Muitos irmãos e irmãs, nas diferentes etapas de formação, vividas até aqui, colaboraram para lhes mostrar o verdadeiro sentido de nossa forma de vida. Mas, principalmente, a pessoa de cada um de vocês foi importante neste protagonismo de abraçar o “espírito do Senhor e seu santo modo de operar”. Para abraçar este verdadeiro espírito de penitência e conversão.

Vocês escolheram como inspiração para este dia ou para coroar este tempo do Noviciado, um pensamento de São Francisco, presente na carta que enviou a toda a Ordem: “Vede, irmãos, que humildade a de Deus! Derramai diante dEle os vossos corações! Humilhai-vos para que Ele vos exalte!

Francisco escreve isto ao contemplar o sublime mistério da Eucaristia, onde Deus mesmo se dá a nós generosamente e de forma tão singela. Se Deus assim age, na Eucaristia, na sua Encarnação e nos sofrimentos de sua Paixão, que razões temos nós para resistirmos ao abaixamento, à humildade para construirmos verdadeiras e fraternas comunidades.

Uma atitude de mais humildade, fundada na fé e no amor, é o caminho para melhor seguir os passos do Cristo e para a renovação da vida consagrada.

A Igreja e a Ordem pedem de cada um de nós, Frades Franciscanos, resgatarmos nossa identidade de Menores e nosso sentido de fraternidade. Este é o nosso testemunho para um mundo que supervaloriza a eficiência e o personalismo nas ações.

Assim também deve ser o nosso discipulado, irmãos que agora professam esta forma de vida nesta parcela da Ordem chamada Província Franciscana da Imaculada Conceição.

O nosso discipulado não consiste em acumular saberes e competências. Ele é uma busca que nos leva a escutar e experimentar. O nosso Mestre se revela a partir da humildade de seus mistérios. Por isso,  São Francisco nos diz que a nossa vida é o Evangelho, ou seja, a vida mesma de Jesus. Ele é a revelação amorosa do Pai.

Mas, para enxergar esta revelação, é preciso converter-se, transformar nossa vida numa obediência à vontade do Pai. Francisco travou esta batalha para procurar vencer-se a si mesmo e  abandonar-se livre em Deus. É daí que vem sua profunda serenidade. É dessa atitude que podemos nos libertar dos fundamentalismos sociais, políticos e religiosos, tão presentes em nossa realidade e que cegam a tanta gente.

Francisco se faz discípulo do verdadeiro Mestre. Procura interpretar Sua vontade em todos e em tudo. Por isso, ele não vê o outro como inimigo ou ameaça. Ele é capaz de viver a fraternidade como submissão ao irmão na Ordem, mas também a todos os homens e ainda às criaturas.

Ele nos ensina com sua vida e suas atitudes o que significa transbordar de generosidade. E faz isso porque Deus é assim: amou-nos por primeiro e até o fim!

Não é uma tarefa fácil para nenhum de nós! Mas, o Noviciado terá sido fundamento para vocês se ajudou neste exercício do silenciar para poder escutar e para poder ver. Ouvir o que não tem som e ver o que não tem forma.

O mundo é confuso e barulhento. Mas é o lugar da encarnação do nosso Deus, por isso também é o lugar da nossa missão. Não podemos fugir do mundo e nem devemos. Mas, precisamos, inseridos no mundo, o nosso claustro, em suas periferias geográficas e existenciais, continuar a nossa busca pelo essencial, que não pode ser confundido pela distração silenciosa das tecnologias nem pelo barulho das ideologias que se pretendem absolutas.

Neste momento nos voltamos para Maria, também modelo de discipulado,  a mulher do silêncio e da escuta, que soube dizer sim à vontade de Deus e “faça-se em mim segundo a Vossa vontade”, ela que é a Rainha da Ordem dos Menores ajude a cada um de nós a permanecermos firmes na fidelidade, para conhecermos melhor a manifestação luminosa daquele que nos convida a seguir os seus passos de verdadeira humildade!