Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frei Marcos: “A nossa oração que vai a Deus deve ir também ao encontro do meu irmão”

23/10/2022

Notícias

 Guaratinguetá (SP) – O Definidor Provincial e mestre dos frades no Tempo de Teologia, Frei Marcos Andrade, presidiu a Santa Missa, às 19h30, no encerramento do oitavo dia da Novena em preparação à Festa de Frei Galvão, no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). O reitor do Santuário, Frei Diego Atalino de Melo, concelebrou e acolheu com carinho e gratidão Frei Marcos, o diácono Frei Gabriel Dellandrea, seus confrades e o povo, que, mais uma vez, lotou o Santuário do primeiro santo brasileiro.

Na festa deste ano, estão sendo recordados os 200 anos da passagem de Frei Galvão para a eternidade, com o tema: “É morrendo que se vive para a vida Eterna”. Uma motivação proveniente da Oração da Paz atribuída a São Francisco de Assis. O gesto concreto deste terceiro dia da Novena foi a doação de óleo de cozinha.

Tendo como tema do dia “Frei Galvão, exemplo de oração e humildade”, Frei Marcos explicou que a oração deve nos conduzir ao encontro com Deus e ao encontro com o irmão, ou não é oração. Segundo ele, conforme o tema, para rezar verdadeiramente precisamos da humildade. “Ontem, o Frei Gustavo Medella dizia que a palavra humildade vem de húmus, da terra fértil. Depois, o grego usa essa mesma palavra, para falar do homem. A palavra homem deriva de terra, porque nós somos criados do barro. O chão é o nosso lugar. A palavra humilitas, que vem do latim, significa do lugar mais baixo e próximo do chão. Por isso queremos compreender o que é humildade, quais as condições para sermos homens e mulheres humildes, para que possamos rezar verdadeiramente”, ensinou.

Tomando a primeira leitura, Frei Marcos disse que ela nos recorda a olharmos para o Senhor, que o Senhor não é um juiz, ou melhor, o Senhor é um juiz que não discrimina pessoas. “Assim também nós devemos ser homens e mulheres que não discriminam pessoas. Num mundo tão discriminatório, inclusive no nosso país, que alguns anos atrás era considerado pelo mundo como um país em que todos conviviam em perfeita harmonia. E essa harmonia me parece que não estamos conseguindo mais alcançá-la com tanta discriminação em todos os sentidos. Devemos olhar para o Senhor, que não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta. Deus escuta e nós devemos escutar como ele”, orientou, mesmo vivendo num mundo ruidoso, em que precisamos do som cada vez mais alto porque não conseguimos nos ouvir.

Num mundo dominado por ruídos de todos os lados nas cidades, Frei Marcos lamenta que estamos perdendo a audição. Já é constante os casos de polícia por causa de som muito alto. “E quando a gente vai lá para o interior, até estranha o silêncio e não consegue dormir mais porque estamos acostumados com o ruído”, observou.

“Mas Deus escuta e devemos treinar o nosso ouvido para escutar o outro, principalmente o mais pobre, o mais sofrido”, disse, indicando o caminho para buscar a humildade, tão necessária para a nossa oração, que se dá no cuidado da escuta, em não discriminar o meu irmão, a minha irmã, de servir como Deus serve, principalmente os mais necessitados.

Para o celebrante, o Evangelho de hoje fala dos dois modos de oração. Dois homens subiram ao templo para rezar: um fariseu e o outro cobrador de impostos. “E assim, às vezes, nós podemos nos colocar: de um modo ou de outro. Às vezes como o fariseu, às vezes como o cobrador de impostos. Um, em pé, rezava em seu íntimo: ‘eu te agradeço, ó Deus, não sou como os outros, pecadores, lascados, desobedientes. Eu não. Os outros são desonestos, adúlteros. Eu jejuo duas vezes, eu dou o dízimo de toda a minha renda. O outro, o cobrador de impostos, fica a distância e nem se atrevia levantar os olhos para o céu, mas batia a mão no peito dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador’. Essa é a grande oração desse cobrador de impostos, reconhecendo as suas falhas, como nós fazemos em cada Eucaristia, nos colocando diante de Deus, porque tantas vezes podemos rezar como fariseu, mas tantas vezes devemos rezar pedindo o perdão de Deus porque temos muitos limites”, aconselhou.

“Estamos juntos à terra, onde nascemos e fomos criados. Essa é a humildade da oração. O evangelista conclui. Esse último voltou para casa justificado, isto é, salvo. O outro não, porque quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”, acrescentou Frei Marcos, lembrando Frei Egídio, um frade hortelão nos Escritos de São Francisco, que sempre dizia aos frades: ‘Quem quer ir para cima, tem que ir pra baixo’. Tem que encostar no chão, na terra, de onde nós viemos, sendo pequenos, humildes, servos.

Sobre Frei Galvão, recordou que o Papa Bento XVI, na canonização do santo brasileiro, destacou a sua relação com a Eucaristia e com a caridade. Dizia Bento XVI que Frei Galvão foi um homem que prolongava a adoração eucarística. “Isto é, fazia de sua vida uma Eucaristia. Por quê? Porque a Missa não acontece só aqui neste momento que estamos reunidos, ela perpassa toda a nossa vida, a missão que deve ser levada adiante. Tudo que viemos buscar aqui neste encontro com o Senhor é para continuarmos na vida. É a oração contínua que nós precisamos marcar no tempo para não nos esquecermos, não somente da nossa relação com Deus, mas da nossa relação com o irmão”, ilustrou.

Um segundo exemplo que o Papa Bento XVI recordou de Frei Galvão era como homem da caridade. “E a sua caridade ele aprendeu na família. Relendo sua biografia, quando sua mãe faleceu aos 38 anos, no guarda-roupa não havia mudas de roupa suficiente para ela, porque distribuía aos pobres. E Frei Galvão aprendeu isso dos pais. Por isso, sua vida foi uma constante doação. Pessoas vinham de todos os cantos à procura de Frei Galvão e ele acolhia a todos. Frei Galvão um exemplo de caridade”, ressaltou.

“Neste domingo do Senhor, em que o tema desta Novena nos fala da oração e da humildade, mas a caridade, a escuta, a Eucaristia, estão dizendo a mesma coisa, que devemos rezar sempre, sem cessar. A nossa Oração que vai a Deus deve ir também ao encontro do meu irmão e da minha irmã, especialmente daqueles que mais sofrem, dos mais necessitados”, frisou.

“Quem sabe, assim, no final da nossa jornada nós podemos dizer como São Paulo na segunda leitura de hoje: ‘Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Mas o Senhor esteve sempre ao meu lado’. O Senhor está sempre ao nosso lado e nos dá força, ele que fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente e ouvida por todas as nações. Essa é a missão que Deus nos envia para sermos homens e mulheres de oração, mas de uma oração humilde, que nos faz estarmos sempre em contato com Deus, escutando e servindo o meu irmão”, concluiu.

  MISSA INCLUSIVA

O Pe. César Alberto dos Santos, Reitor do Santuário da Esperança, presidiu a primeira Missa da Novena em louvor a Frei Galvão neste domingo (23/10), às 15h, no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá. Como portador de necessidades especiais, ele representou a todos com necessidades especiais nesta Missa Inclusiva. O reitor do Santuário, Frei Diego Atalino de Melo, acolheu Pe. César, o Pe. Nelson Ferreira Lopes, da Paróquia Santo Expedito, em Guaratinguetá (SP), os peregrinos que vêm de outras cidades e os fiéis devotos que lotaram o Santuário. e precisou acompanhar no telão ao lado da igreja. Hoje, o gesto concreto foi a doação de óleo de cozinha.

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Na sua reflexão, Pe. César lembrou que o homem moderno tem dificuldade para acreditar que Deus o escuta, porque tem dificuldade de aceitar que o Deus do cristãos, o Deus do Evangelho, esse Deus que acabamos de ouvir, ele nos escuta, porque nos ama, nos quer bem. “Ele nos escuta quando sofremos, quando padecemos de dificuldades físicas, quando nós passamos por enfermidades longas, quando passamos por doenças da alma. Quantas pessoas sofrem de depressão hoje! Quantos jovem padecem de ansiedade! Não conseguem nem dormir. O que fazer meu Deus, num tempo em que existe tantos males?  Essa é a pergunta de sempre, porque mudam os males, mas a pergunta continua”, observou o celebrante.

Ele contou como aos 18 anos, quando era seminarista, descobriu que tinha câncer. “Estava bem mal e fui para o hospital e já imaginei o meu fim. Dentro de mim começou aquela angústia. É bonita a oração do salmo: o pobre clama a Deus e ele o escuta, ele o atende, ele está vendo o seu sofrimento. Muito bem. Foi numa noite que veio um confrade desses freis para ficar comigo. Meus pais estavam muito cansados. E começamos a rezar. Eu confesso que tinha o coração fechado, mas a oração, aquela cantilena do terço, aquela oração a Maria, que tanto agradou a Frei Galvão e deveria agradar a nós até hoje, foi me envolvendo e ele, então, me convidou no final do terço a dizer o que eu sentia na alma. Ah, por que ele fez aquela pergunta! Hoje, ele é bispo. Então eu falei para ele o que eu sentia. Ele disse: Você tem toda a liberdade de reclamar a Deus e pedir ajuda. Eu já vinha há meses no hospital e não falava muito fácil daquela situação, mas naquela noite eu falei. E foi, então, que pedi a primeira coisa: a confissão. Eu senti bem forte que eu só poderia dar o passo de aceitar o sofrimento que me era imposto – ninguém quer sofrer -, se eu me confessasse. A partir dali a minha vida começou a mudar porque eu aceitei o que acontecia, comecei a dar passos. A primeira coisa que fiz foi falar, porque não falava. Eu falei com aquele frei, com os médicos e assim por diante. E Deus foi mandando pessoas na minha vida que significaram a resposta de Deus e assim acontece nas nossas vidas. Deus manda um frade, a vizinha, Deus manda alguém, Deus manda Frei Galvão que te dá uma pílula. Ele incentiva amar Nossa Senhora, que acompanha no nosso sofrimento”, contou.

“Deus nos acompanha sempre quando estamos sofrendo e podemos entregar a Deus essa pobreza. Ele não nos desampara, ele nos ajuda sempre. De alguma forma ele coloca alguém que vainos ajudar”, incentivou.

Sorteio do Fusca

Hoje, às 12h, foi sorteado o Fusca de Frei Galvão. O ganhador foi o Rafael Leandro, da cidade de Aparecida. Seu número foi o número 15821. O Santuário alegra-se por sua vitória.

A história do ganhador do Fusca 2022 é curiosa. Hoje, pela manhã, ele participou da santa missa às 8h. E se convenceu por primeiro a comprar um bilhete, antes da Missa. E assim o fez. Mal sabia o que lhe esperava.

Ao ser sorteado rapidamente, os frades Diego e Leandro, ligaram comunicando que ele havia sido sorteado. Às 14h chegava ao Santuário o novo proprietário do Fusca, Rafael.

“Agradecemos todas as pessoas que ajudaram nessa ação entre amigos. Agradecimento extensivo a todos os que adquiriram bilhetes. A nossa equipe de voluntários deste Santuário. Ao Clube do Fusca, pela parceria”.

ADRIANA GIL

Neste domingo, depois da Missa das 19h30, o show foi de Adriana Gil, que é natural de São José dos Campos (SP) e iniciou sua vida na música aos nove anos, quando cantou na sua Primeira Eucaristia. Depois, serviu nas Missas com seu ministério de música até os 18 anos.

 

Ao longo do tempo, a música virou sua profissão e, durante 19 anos, ela executou trabalhos na área musical em eventos. Hoje, ela dedica exclusivamente o seu dom para evangelizar por meio da música. Adriana Gil é casada e mãe de uma menina.


 PROGRAMAÇÃO

24 de outubro – Segunda-feira (Gesto concreto: Fralda Geriátrica)

07h00 – Missa
15h00 – Missa 9° dia da Novena – Tema: “Frei Galvão, Esperança dos Enfermos”.
15h00 – Abertura das Barraquinhas de Doces e Salgados
19h30 – Missa 9° dia da Novena – Tema: “Frei Galvão, Esperança dos Enfermos”. Preside o Cardeal Dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo.
21h00 – Show com Giovanna Urano (Canta Comigo)
21h00 – Ação entre amigos


Equipe de Comunicação do Santuário Frei Galvão