Frei Fidêncio Vanboemmel: Só gratidão!
04/11/2018
No final de 2015, perto de completar seis anos de seu serviço como Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel já se preparava para fazer as malas. Tinha cumprido a missão que seus confrades lhe delegaram no Capítulo Provincial de 2009. Veio, então, o Capítulo atípico no mês de janeiro e, para a surpresa de muitos, Frei Fidêncio foi chamado a novamente ficar mais três anos à frente desta Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, uma entidade criada há 343 anos, no dia 15 de julho de 1675 pelo Papa Clemente X, e que hoje tem 381 frades.
Por força dos Estatutos, neste Capítulo Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel não poderá mais ser reeleito. Foram 9 anos de muito trabalho, de muitas viagens, reuniões e visitas fazendo a animação provincial.
Diante do tamanho estrutural e humano da Província, confessa que perdeu muitas noites de sono. “É um desafio conciliar a administração das estruturas necessárias e, por outro lado, ter o cuidado com o humano de cada irmão”, diz Frei Fidêncio. Quando a Província foi criada, tinha apenas 10 conventos e hoje tem 46 Fraternidades. Frei Fidêncio colecionou frustrações, tristezas neste período, mas elas não se sobrepuseram às muitas alegrias. E o maior sentimento com que deixa esta missão se resume numa palavra: Gratidão!
Frei Fidêncio não fala sobre o futuro, deixa em aberto seu “destino”, mas como diz Hermann Hesse, um famoso escritor do nosso tempo de juventude: “A cada chamado da vida, o coração deve estar pronto para a despedida e para novo começo”.
É com este sentimento também de gratidão que desejamos ao sr., Frei Fidêncio, muitas alegrias, luz, serenidade, leveza, saúde e paz. Parafraseando o nosso amado Papa Francisco: Reze por nós!
Acompanhe a entrevista dada a Moacir Beggo!
Site Franciscanos – Que avaliação o sr. faz do governo nestes nove anos à frente da Província?
Frei Fidêncio Vanboemmel – Creio que existem dois pontos de vista para se fazer uma correta avaliação desses nove anos à frente da Província, isto é, do primeiro mandato de seis anos e a reeleição por mais três anos.
O primeiro ponto de vista brota da minha visão pessoal, isto é, daquilo que vivenciei e experimentei no exercício do meu serviço de Ministro de uma Fraternidade Provincial com um número significativo de irmãos e um vasto leque de atividades formativas e de evangelização. Pude, nestes nove anos, conhecer todas as nossas realidades, mas ao mesmo tempo sinto-me devedor de um conhecimento mais aprofundado das muitas realidades da Província, daquilo que se passa no coração de cada fraternidade e de cada irmão. Os meus confrades, nestes nove anos, foram muito generosos e deles aprendi a lição do famoso relato do “Espelho da Perfeição” onde se narra como São Francisco descreveu o frade perfeito.
Portanto, foram nove anos de amadurecimento e crescimento pessoal, com as surpresas naturais do cotidiano da vida de cada frade, de cada Fraternidade e da Fraternidade Provincial como um todo.
O outro ponto de vista é a avaliação que os irmãos da fraternidade e os nossos leigos e leigas fazem daquilo que costumamos chamar de “governo”, ou, franciscanamente falando, do serviço que um Ministro Provincial deve prestar. Pela colaboração de todos, aqui expresso o meu muito obrigado! E pelas minhas fragilidades e limitações pessoais, peço misericórdia e perdão!
Site Franciscanos – Que avaliação o sr. faz das Frentes de Evangelização e dos Secretariados?
Frei Fidêncio – Na Província houve uma compreensão gradual do conceito de Evangelização. O que hoje denominamos Frentes de Evangelização é resultado de uma caminhada de 21 anos quando, em 1997, elaborou-se o chamado Pré-Plano de Evangelização. Desde então, de Capítulo em Capítulo, a Fraternidade Provincial foi aprimorando e clareando o “Plano de Evangelização”, até chegarmos a definir as cinco Frentes de Evangelização, animadas pelo Secretariado da Evangelização, e integradas com a Formação, animada pelo Secretariado para a Formação e os Estudos.
As Frentes de Evangelização deram maior clareza à nossa missão evangelizadora, sempre feita em fraternidade e a partir da fraternidade, em consonância com as exigências da Ordem dos Frades Menores, da Igreja e as interpelações do mundo atual. Todas as Frentes de Evangelização e Formação se regem por princípios e dimensões transversais comuns, particularmente os núcleos centrais do nosso carisma franciscano: fraternidade, minoridade, oração, pobreza, obediência, justiça e paz, comunhão e diálogo ecumênico e intercultural.
Site Franciscanos – Qual o sentimento que define esta partida?
Frei Fidêncio – O sentimento da gratidão! Gratidão a Deus, a cada confrade e a todos os nossos colaboradores e colaboradoras, leigos e leigas, parceiros na missão evangelizadora.
Site Franciscanos – O que faltou fazer no seu governo? Qual a sua maior frustração ou tristeza? Perdeu muitas noites de sono?
Frei Fidêncio – Tenho consciência de que fizemos muito nesses nove anos. Da mesma forma, tenho clareza de que outras coisas poderiam ter sido feitas melhor, não por preguiça ou comodidade, mas por conta do acúmulo de serviços e, paralelamente, por alguma fragilidade pessoal no cuidado com a saúde. Acalentei muito o sonho de redimensionar algumas Frentes de Evangelização e fortalecer outras. Mas, como dizia Frei Estêvão, “temos de ir para a guerra com os soldados que temos”.
Frustrações e tristezas também são “ossos do ofício”. É um desafio conciliar a administração das estruturas necessárias e, por outro lado, ter o cuidado com o humano de cada irmão. Assim, por exemplo, de um lado está a frustração da não conclusão da reforma do Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro, quando a Fraternidade Provincial foi vítima de outros interesses que emperraram a obra do restauro, e, por outro lado, estão as tristezas vivenciadas pelas diferentes “perdas” de irmãos.
Confesso que não foi somente uma noite em que perdi o sono. Não raro acordava no meio da noite, sempre ansioso na busca de encontrar soluções para aliviar as dores deste ou daquele irmão, ou encontrar caminhos para solucionar as provações naturais da nossa vida fraterna, ou ainda, acalmar alguns pesadelos administrativos.
Site Franciscanos– Quais as maiores alegrias neste período à frente do Governo?
Frei Fidêncio – Graças a Deus, as alegrias foram muitas!
Em primeiro lugar destaco o serviço de todos os irmãos que, junto com o “governo”, assumiram serviços de corresponsabilidade na animação da vida provincial: os definidores, os guardiães e coordenadores das fraternidades, a secretaria provincial, os secretários dos secretariados, a equipe administrativa, os coordenadores dos Regionais e, particularmente, o esforço pessoal de cada confrade que procurou viver com alegria e generosidade a sua vocação evangélica em fraternidade e na missão evangelizadora.
Alegria pela amplificação dos espaços para oferecer qualidade de vida aos confrades idosos e doentes na fraternidade de Bragança Paulista. Da mesma forma, o cuidado que muitas fraternidades procuram oferecer aos nossos irmãos idosos.
Alegria de cada visita à nossa missão em Angola, particularmente pelo florescimento das vocações e do trabalho abnegado dos nossos confrades missionários.
Alegria de celebrar as admissões dos candidatos à vida franciscana, as profissões e as ordenações dos nossos confrades nas diferentes fraternidades formativas e evangelizadoras.
Alegria de ter equacionado algumas questões administrativas que pesavam sobre a Província.
Alegria de poder contar com tantos leigos e leigas que abraçam o nosso Plano de Evangelização e fazem questão de dizer: “A nossa Província…”.
Alegria porque houve um despertar da Fraternidade Provincial para uma evangelização junto aos jovens: paróquias, santuários, colégios, etc.
Alegria de ter concluído a primeira etapa da causa de Frei Bruno Linden.
Site Franciscanos – O seu Governo se deu no auge das tecnologias dos smartphones. Isso ajudou e aproximou os frades ou distanciou?
Frei Fidêncio – Sim, isso é verdade. Quantas novidades tecnológicas surgiram nestes últimos anos!
Positivamente falando, conseguimos avançar muito através das novas tecnologias de comunicação. Sei que elas são fundamentais e instrumentos necessários no campo da evangelização, do relacionamento interpessoal, da comunicação rápida e eficaz.
Negativamente falando, eles também podem ser instrumentos “diabólicos”, isto é, dividem e não somam, quando destroem em nós a capacidade do diálogo fraterno, ou quando nos distanciam da proximidade afetiva dos irmãos dados pelo Senhor, ou quando nos isolam no individualismo de um mundo virtual sem alma e sem espírito. E ainda, podem ser risco quando roubam de nós a sacralidade claustral e a privacidade do sentido de “família”.
Comunicações – Qual o futuro da Missão de Angola?
Frei Fidêncio – Já falei que a Missão de Angola é uma das grandes alegrias, mesmo com todos os desafios próprios de uma missão. Fomos para Angola com a missão de restituir ao Senhor a graça dos 100 anos da restauração da Província da Imaculada Conceição do Brasil. Hoje, 27 anos depois da ida dos primeiros frades a Angola, digo que o futuro da Missão em Angola é promissor. Até agora a missão se constituiu numa Fundação. Certamente o próximo passo será a criação de uma Custódia dependente.
Se os confrades no início da missão muito sofreram junto com o povo angolano, sempre sonhando um País melhor, também nos alegramos por tudo o que foi feito ao longo desses 27 anos. Além de rezar pelas vocações, também devemos render graças a Deus porque Ele está enviando vocacionados e, consequentemente, nos oferecendo novos irmãos angolanos.
Nesses anos, a Província procurou trabalhar para que a Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola tivesse uma estrutura básica para as etapas formativas, sem nos descuidarmos do campo da evangelização. Por isso, eis o apelo de Jesus: “A messe é grande, mas faltam operários para a messe…”. Coragem, confrades!
Site Franciscanos – O sr. deixa o governo num momento de incertezas e desalentos quanto ao futuro do País. Que país espera para o próximo triênio?
Frei Fidêncio – Sim, na nossa evangelização e em todos os lugares onde pisam os nossos pés, ouvimos o clamor do povo que sonha o sonho do justo que clama por justiça, aspira por seu direito e não deseja ser tratado apenas como pagador de impostos que favorecem uma minoria, espera por uma educação eficaz para todos, reivindica o cuidado efetivo na área da saúde, sonha a felicidade da casa própria e moradia digna, clama por uma segurança mais eficaz, angustia-se pela incerteza do emprego e dos direitos trabalhistas.
Espero que nos próximos anos haja menos desconstrução dos valores do nosso Brasil. Espero uma real valorização dos direitos conquistados pelas classes operárias, agricultores e todos os empobrecidos. Espero menos delapidação do patrimônio público. Espero uma reforma política que priorize a verdadeira democracia. Espero uma Constituição precisa para evitar glosas e emendas que privilegiam interesses. Espero que os políticos e todas as esferas administrativas não usem a “máquina administrativa” para o enriquecimento ilícito, mas invistam nas reais necessidades básicas do nosso País.
Site Franciscanos– Quais os desafios da vida religiosa hoje? E quais os rumos da Ordem dos Frades Menores? O carisma franciscano está forte hoje?
Frei Fidêncio – Existe uma farta literatura que aborda essa temática dos desafios da vida religiosa no mundo de hoje. Entre tantos, destaco alguns: a diminuição numérica de vocacionados e vocacionadas, particularmente nos países do hemisfério norte; o novo rosto da vida consagrada que emerge de países do hemisfério sul; a vivência dos conselhos evangélicos (os votos) como sinal profético num mundo vazio de sentido; a dimensão missionária que obriga a vida consagrada a sair das estruturas cômodas; a vivência da fé centrada na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo como combate da paralisia espiritual, etc.
Creio que a Ordem dos Frades não está isenta desses desafios. Os últimos Capítulos Gerais, assim como outros documentos da Ordem, destacaram que nós somos “portadores do dom de Evangelho” e que devemos caminhar “rumo às periferias com a alegria do Evangelho”.
O carisma de São Francisco perpassou pela história e continua forte no mundo de hoje. Continua vivo não só para a grande família franciscana, mas também vigoroso no mundo atual. O próprio Papa Francisco, numa mensagem deixada ao quinto festival franciscano de Assis, em 2013, afirmou: “Que toda a Igreja seja franciscana” com “uma adesão sempre maior à espiritualidade do pobrezinho de Assis, ícone de Cristo Senhor”.
Site Franciscanos – O Secretário Geral para a Formação e Estudos, Frei Cesare Vaiani, disse que “vemos muitos frades brilhantes como “manager” (administradores) pastorais mas pouco presentes na fraternidade”. Como o sr. vê o desafio da vida em fraternidade?
Frei Fidêncio – A vida fraterna é o elemento essencial do nosso Carisma. Francisco de Assis acolheu na fé a fraternidade como dádiva divina quando afirmou no Testamento: “O Senhor me deu irmãos”. Por isso o testemunho evangélico da fraternidade deve acompanhar os irmãos na missão evangelizadora: “ir dois a dois”, sempre como irmãos.
O empenho do governo provincial ao insistir que cada fraternidade elaborasse o seu “Projeto Fraterno de Vida e Missão” muito ajudou a combater a tentação de sermos brilhantes como “manager” nos diversos ofícios, mas pouco eficientes na questão da vida fraterna. Há anos a Ordem vem falando que a Fraternidade é um aprendizado, um espaço espiritual onde irmãos não se escolhem por afinidades, ofícios ou idades, mas se acolhem na fé para viverem em comunhão a mesma Regra e Forma de Vida concebida por São Francisco como “revelação do Altíssimo”.
Site Franciscanos – O sr. concorda que clericalismo e dinheiro são as maiores ameaças para Ordem como disse o Definidor Geral Frei Valmir Ramos?
Frei Fidêncio – Sim, o clericalismo e o dinheiro são ameaças na medida em que se perde a essência do carisma franciscano: viver o Evangelho em Fraternidade e na Minoridade, na gratuidade do servir e amar, particularmente os pobres e excluídos. A tentação do “poder” e do “ter”, já combatido por São Francisco de Assis, rouba do frade menor o encanto e a beleza do caminhar itinerante e o distancia do reto caminho da Perfeita Alegria.
Site Franciscanos – Como o sr. vê o Pontificado do Papa Francisco? Os escândalos de pedofilia do passado e que estão vindo à tona ameaçam seu Pontificado?
Frei Fidêncio – No dia 13 de março de 2013, eu estava em Luanda, na nossa missão em Angola, quando ouvimos o anúncio que o Cardeal Jorge Mário Bergoglio seria o sucessor do Papa Bento XVI. E a alegria foi ainda maior quando ele se apresentou ao mundo com o nome de Papa Francisco. Vejo que o Pontificado do Papa Francisco é para nós, Frades Menores, uma provocação para vivermos nossa vocação franciscana na “obediência e reverência ao senhor Papa” e em nossa “fé católica”, no espírito da autêntica eclesialidade.
As Exortações Apostólicas “Alegria do Evangelho” e “Alegrai-vos e Exultai”, a Carta Encíclica “Laudato Si’”, como outros documentos, homilias e discursos do Papa Francisco, trouxeram para dentro da Igreja um novo alento e frescor dos ideais sonhados pelo Concílio Vaticano II. Creio que nós, filhos de São Francisco de Assis, mais do que nunca, devemos ser protagonistas dessa Igreja em saída e profética. Com muita propriedade e linguagem clara, o Papa fala que a verdadeira Igreja de Jesus Cristo é aquela que está atenta ao clamor do povo de Deus e sensível ao grito da nossa Mãe-Terra.
Sobre a questão da pedofilia: todos sabem que a pedofilia é uma doença que leva homens e mulheres a buscarem de uma forma doentia sua satisfação sexual. Esta doença está presente em toda sociedade e também dentro da Igreja, infelizmente! Vejo que as orientações e decisões do Papa Francisco foram claras e enérgicas porque não “tapou o sol com a peneira” e muito menos colocou panos quentes para esconder essa chaga (doença) social. Por isso devemos reafirmar que qualquer forma de comportamento sexual com um(a) menor, seja criança ou adolescente, é considerado abuso sexual e, portanto, um ato criminoso e imoral. E essa pessoa deve pagar pelos seus atos.
Site Franciscanos – A partir do dia 21 de novembro, qual vai ser o destino do Frei Fidêncio?
Frei Fidêncio – Ainda não sei. Passam muitas fantasias pela cabeça! Pensei em várias possibilidades, inclusive um pequeno período sabático. Também já me perguntaram se o ex-provincial tem direito de escolher um local ou uma fraternidade. Mas confesso que isso não é do meu feitio. Por isso, como sempre preguei na formação, é melhor confiar na sabedoria da santa Obediência.
Site Franciscanos – O que diria para o futuro Ministro Provincial?
Frei Fidêncio – Teria tantas coisas para dizer, mas resumiria tudo em quatro verbos:
Abraçar com coragem e fé o serviço que a Fraternidade lhe confia.
Acreditar que nunca se está sozinho: o Espírito Santo é conselheiro maior que age em comunhão com o corpo dos conselheiros (definidores) eleitos.
Confiar em Deus e nunca tomar decisões precipitadas. Mesmo quando se perde um pouco do sono, Deus sempre aponta uma saída.
Guardar os segredos necessários, e quando não mais houver espaço no seu coração, depositá-los no coração misericordioso do Senhor.
Site Franciscanos – Que mensagem deixa para seus confrades e para as dezenas de milhares de pessoas que estão no território da Província?
Frei Fidêncio – Já falei em outras ocasiões que tive a graça de nascer no dia 25 de março, dia da solenidade da Anunciação do Senhor. Para mim a resposta decisiva da Virgem Maria ao Anjo do Senhor faz parte do meu projeto de vida: “Faça-se em mim, segundo a tua palavra”.
Sei que nestes nove anos de itinerância, mais do que em outras épocas, foi constante a provocação de deixar-me guiar por Deus e por seus mensageiros que foram todas as pessoas com as quais me encontrei e aprendi a conhecer. Também em alguns momentos foi difícil assimilar o “não tenhas medo”, particularmente no confronto com situações limítrofes da vida, ou quando me sentia na obrigação de superar os medos das minhas limitações.
Portanto, aos confrades e a todas as pessoas que rezaram e me ajudaram a renovar diariamente o “SIM” de Maria, do fundo do meu coração expresso o meu MUITO OBRIGADO!