Frei Evaldo será ordenado presbítero neste sábado
10/02/2020
“Vós sois sal da terra – Vós sois luz do mundo” (Mt 5,13,14).
É com esse lema que Frei Evaldo Ludwig será ordenado presbítero no dia 15 de fevereiro de 2020, na Paróquia São Luiz Gonzaga, em Xaxim (SC). O bispo da Diocese de Chapecó, Dom Odelir José Magri, MCCJ, fará a imposição das mãos durante a Celebração Eucarística, às 19 horas. Sua primeira Missa será no dia seguinte, às 10 horas, no mesmo local da ordenação.
Para Frei Evaldo, o período da formação foi muito importante e decisivo para dar a base da vida franciscana, que é a fraternidade. “E depois que convivi e vi a realidade do nosso dia a dia, mesmo sabendo das dificuldades e mazelas, não voltei mais atrás. E disse no meu íntimo: é isso que eu quero e não interessa o que for acontecer, apenas pedi e continuo pedindo que Deus me inspire, e que São Francisco me ajude a seguir fiel aos votos e ao carisma franciscano”, confessa. Direto, Frei Evaldo não gosta de meia voltas. “A franqueza me ajuda e atrapalha, como meus próprios colegas de turma dizem: ‘Tenho sangue de alemão’”, confessa.
Como presbítero, sente-se motivado a continuar a pastoral da escuta. “Essa expectativa é a maior delas. Já como diácono esse serviço é muito valoroso e desejo continuar, pois já aprendi muito e é uma oportunidade de estar perto das chagas humanas de hoje. Quero estar aberto sempre para servir onde a Província assim desejar e ajudar em tudo e a todos aqueles que me procurarem”, garante o também cozinheiro de mão cheia.
Acompanhe a entrevista a Moacir Beggo!
Site Franciscanos – Frei Evaldo, por favor, fale um pouco de sua vida e de sua família.
Frei Evaldo – Sou Frei Evaldo Ludwig, nasci em Campo Êre, SC, no dia 16 de novembro de 1986, portanto tenho 33 anos. Sou filho de Arno e Doralina Ludwig e tenho dois irmãos Evandro Ludwig e Maristela Ludwig Benvenutti, sou o mais novo da família. Desde pequeno demonstrei interesse em seguir uma vocação religiosa, claro, espelhado na minha família, de modo especial no meu pai e minha mãe, que sempre nos incentivavam a participação na vida de fé da comunidade. Tinha um tio padre (que faleceu em Chapecó em 2018) e tenho primos sacerdotes que também serviram de inspiração. No decorrer da vida, minha família foi morar em Gaspar,SC, cidade essa que me oportunizou conhecer os frades. Iniciei a minha caminhada no Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga, SC, no ano 2006, e Postulantado em Guaratinguetá, SP, no ano 2007. Ingressei no Noviciado em Rodeio, SC, no ano de 2008, onde fiz a primeira profissão em 2009.
De 2009 a 2011 cursei Filosofia em Curitiba, morando em Rondinha, Campo Largo, PR, e em 2012, por opção, vivenciei o ano de estágio pastoral em Curitibanos, SC. Cheguei à Fraternidade Nossa Senhora Mãe Terra em Imbariê, em Duque de Caxias, RJ, em 2013 para o tempo da Teologia, onde residi até 2014. Fui transferido para Petrópolis, morando nos anos de 2015 e 2016. Ao final de 2016, conclui o curso de Teologia e fui transferido para Lages, SC, onde residi 2017-2018 (cidade em que fui ordenado diácono). Em 2018, fui transferido para Xaxim, onde resido.
Site Franciscanos – Como você se define?
Frei Evaldo – Tenho personalidade forte. Não gosto de muitas voltas, sou direto. Mas a franqueza me ajuda e atrapalha, como meus próprios colegas de turma dizem: “Tenho sangue de alemão”. Gosto de ajudar em tudo que for possível e aprendi com o tempo que a calma é restauradora e edifica, e que o tempo é o maior juiz das nossas ações. Gosto de cozinhar e de trabalhar com a terra, é edificante.
Site Franciscanos – Como se deu o seu discernimento vocacional?
Frei Evaldo – O desejo vocacional vem desde muito cedo. Mas a busca para realização foi um pouco mais tarde. Em 2005, em Gaspar, SC, tomei coragem e procurei os frades para conversar. Na época, quem me atendeu foi Frei Germano Guesser, que, de uma forma muito atenciosa, me acolheu e explicou os passos para o acompanhamento vocacional. Naquele mesmo período, Frei Alex Sandro Ciarnoscki foi transferido para Gaspar e passou a ser o promotor vocacional e a me acompanhar. Havia muitas dúvidas a serem esclarecidas que desde o início me proporcionou a ver a vida religiosa franciscana como uma opção de vida. Comecei a conhecer mais sobre São Francisco de Assis e, a partir desse conhecimento da vida do santo e da vida dos frades, optei em ser um franciscano. A participação na comunidade de fé sempre foi um pilar importantíssimo. Ali, aprendi de forma concreta a ação de Deus na vida comunitária, de modo especial nas celebrações, ajuda nas festas e na participação do grupo de jovens. Quando recebi o Sacramento da Crisma, no mesmo dia, a comunidade me convidou para ser catequista e assim continuei a minha caminhada comunitária até o dia que entrei no seminário. Tudo isso me ajudou a seguir em frente com o meu desejo de ser um frade franciscano.
Site Franciscanos – Por que escolheu a vida religiosa franciscana?
Frei Evaldo – Eu conhecia a diferença do modo franciscano de ser e do diocesano. Sabia por que tinha um tio que era padre diocesano (que não gostou muito quando soube que entraria para seminário franciscano), por isso, na convivência com os frades descobri um modo diferente de ser Igreja. Mas confesso que a opção concreta em ser um franciscano aconteceu com o passar do tempo formativo, a opção foi acontecendo. O período da formação foi muito importante e decisivo, pois encontrei o que considero a base da vida franciscana que é a fraternidade. E depois que convivi e vi a realidade do nosso dia a dia, mesmo sabendo das dificuldades e mazelas, não voltei mais atrás. E disse no meu íntimo: é isso que eu quero e não interessa o que for acontecer, apenas pedi e continuo pedindo que Deus me inspire e que São Francisco me ajude a seguir fiel aos votos e ao carisma franciscano. Sei que tenho muito a aprender, de modo especial não ficar parado no tempo e buscar sempre ler o presente.
Site Franciscanos – Como você define a Ordem do Presbiterato?
Frei Evaldo – Seria muito bonito aqui descrever a espiritualidade do presbiterato, mas não convém. É fácil dizer que é serviço, que é dom e que é carisma, e é tudo isso mesmo. No entanto, vejo atualmente o presbiterato conforme o lema que escolhi: “Vós sois sal da terra – Vós sois Luz do mundo”. Esse lema, tirado do Evangelho de Mateus 5, 13.14, revela a grande motivação que Jesus expõe para todos os cristãos. Dar gosto fecundo à vida das pessoas pelo cuidado e a atenção. Ser honesto e direto com as palavras e exemplos. Assim, o presbítero ilumina a sua vida e, consequentemente, a vida das pessoas. Ser presbítero é cumprir até as últimas consequências o seu batizado no segundo grau da Ordem.
Site Franciscanos – Quais suas expectativas para esta nova missão?
Frei Evaldo – É uma missão difícil. Não gosto da pastoral de manutenção. Gosto de propor coisas edificantes para atender a cada situação e momento. Sou agitado e meu serviço assim se concretiza. Mas a principal motivação e urgência é, sem dúvida, a pastoral da escuta. Essa expectativa é a maior delas. Já como diácono esse serviço é muito valoroso e desejo continuar, pois já aprendi muito e é uma oportunidade de estar perto das chagas humanas de hoje. Quero estar aberto sempre para servir onde a Província assim desejar e ajudar em tudo e a todos aqueles que me procurarem.
Site Franciscanos – O que é ser presbítero no Pontificado do Papa Francisco?
Frei Evaldo – O Papa Francisco é uma bênção de Deus. O que mais chama atenção nele é o seu modo de ser aberto a todos. A diferença não é mais causa de divisão, mas de soma em prol de um projeto comum de paz, por isso, é respeitado. Ser um presbítero nesse Pontificado é entender que o serviço à Igreja é um dom de Deus e não um poder. É ser um sonhador com os pés no chão e no Evangelho e saber que a vida sacerdotal é uma cruz diária, capaz de transformar morte em vida. Falar com convicção evangélica para ajudar o bem comum. Saber se calar quando o falar não soma, mas diminui. Também é uma luta por transformações no seio da Igreja, para que cada vez mais a Mãe Igreja possa ser aberta a todos. E, sem dúvida, o Papa nos ensina e exorta a sermos homens de fé e oração antes de ser meros administradores de bens.
Site Franciscanos – Que mensagem deixaria para um jovem que quer ser sacerdote?
Frei Evaldo – A vida franciscana também oportuniza dentro das suas várias formas de servir a Igreja ser um sacerdote. É uma missão na Igreja urgente hoje. No entanto, é necessário refletir as verdadeiras motivações dessa disposição. A sociedade atual apresenta a dinâmica humana como uma disputa de poderes e, para quem quer ser um sacerdote, é divino e humano romper com esse vínculo devastador de almas. É uma missão do vinde e vede. É uma opção de vida capaz de transformar o ser humano que dela escolhe. É uma vocação com intuito de viver o seu batizado servindo na Igreja e de modo especial pela Igreja. É seguir Jesus Cristo de modo mais radical e ser instrumento fecundo de Deus no Mundo. Portanto, incentivo aos jovens fazerem uma experiência de vida na busca desse sacramento para ser transformado e ajudar a transformar o mundo.