Frei César: “São Francisco e Frei Galvão abraçaram Cristo de coração pleno”
25/10/2021
A casa de Frei Galvão foi o Convento São Francisco, no centro de São Paulo. Nele o primeiro santo brasileiro viveu 60 anos. Este dia 25 de outubro, da festa de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, foi comemorado durante todo o dia no antigo Convento franciscano e, na Missa das 15 horas, o Definidor Geral, Frei César Külkamp, presidiu a Celebração Eucarística, tendo como concelebrantes o guardião Frei Mário Tagliari e Frei Guido Moacir Scheidt.
Frei Galvão foi transferido para o Convento no dia 24 de julho de 1762, continuando os seus estudos de Filosofia e Teologia. Ele faleceu no dia 23 de dezembro de 1822, aos 83 anos de idade e foi sepultado no presbitério da capela do Mosteiro da Luz.
Na sua homilia, Frei César destacou quatro características de Frei Galvão para a nossa vida cristã:
UM SANTO BRASILEIRO
– Frei Galvão nasceu em Guaratinguetá, aqui bem perto de nós.
– Viveu na Bahia, quando adolescente, no Rio de Janeiro para cumprir sua formação franciscana, ficou um período curto no Paraná e viveu aqui em São Paulo, neste Convento de São Francisco a maior parte de sua vida, por 60 anos, assumindo as mais diferentes tarefas a serviço da fraternidade e do povo aqui atendido.
– Olhando para Frei Galvão, este santo brasileiro, paulista, que viveu tão próximo de nós, podemos nos perguntar: O que significa ser brasileiro hoje? O que significa viver numa cidade tão grande e complexa como a nossa? O que significa amar este lugar e o nosso País hoje? Que sonhos temos o direito de sonhar enquanto brasileiros e brasileiras? Seria demais sonhar um país onde todo mundo tenha comida à mesa, um teto para se abrigar, saúde com dignidade e um trabalho para garantir o pão de cada dia? Seria muita ousadia sonhar um país onde as pessoas se respeitem, onde não haja espaço para a dor, a violência, o ódio e a injustiça?
Não deixemos que ninguém tire de nós os sonhos que Deus plantou em nosso coração.
Santo Antônio Galvão, fiel filho de São Paulo e do Brasil, ajudai-nos hoje e sempre, a sonharmos com um país melhor!
UM SANTO FRANCISCANO
– Frei Galvão abraçou definitivamente a vida franciscana em 1761, com 22 anos, tornando-se Frei Antônio de Santana Galvão.
– Aqui neste Santuário de São Francisco, vocês vivem e respiram a espiritualidade franciscana com os frades que servem aqui, como fez Frei Galvão, com a Ordem Terceira de São Francisco, aqui ao lado, e com tantas pessoas apaixonadas por São Francisco de Assis e que buscam seguir seu exemplo.
– A vida franciscana se fundamenta nos valores da fraternidade, da humildade, do amor aos pobres e à pobreza, no respeito pelas pessoas e por todos os bens da criação.
– A sintonia entre São Francisco e Santo Antônio Galvão é tanta que o Evangelho proclamado hoje, na Festa de Frei Galvão, é o mesmo do Dia de São Francisco:
“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25).
São Francisco e Frei Galvão abraçaram Cristo de coração pleno, tiveram a coragem de serem simples e pequenos, e por isso se tornaram grandes:
A primeira leitura nos diz: “Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade, e assim, encontrarás graça diante do Senhor” (Eclo 3,20ª).
E São Paulo, na segunda leitura: “Deus escolheu o que o mundo considera tolo, para assim confundir os sábios; escolheu o que o mundo considera fraco, para confundir o que é forte; escolheu o que é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para mostrar a inutilidade do que é considerado importante, para que ninguém possa gloriar-se diante dele” (1 Cor 1,27-28).
– E se precisássemos definir o que distingue um franciscano, poderíamos sem medo afirmar: “O franciscano (ou a franciscana) é alguém apaixonado por Jesus Cristo.
São Francisco viveu esta paixão tão intensamente que teve a graça de receber as cinco chagas que Cristo recebeu na cruz.
Santo Antônio Galvão viveu apaixonadamente pelo Cristo, entregou sua vida a Ele sem reservas. Que ele nos inspire a sermos também apaixonados por este Deus que se fez um de nós, está junto de nós, vive no meio de nós, na Eucaristia, na Palavra, na Comunidade reunida e no irmão que partilha a caminhada conosco.
Santo Antônio Galvão, que por Jesus tinha paixão, ajudai-nos hoje e sempre, a carregar Cristo em nosso coração.
UM SANTO MARIANO
– Frei Galvão é Filho do Vale do Paraíba. Seu nascimento ocorreu alguns anos depois do encontro da pequena imagem negra de Nossa Senhora da Conceição, no Rio Paraíba em 1717: NOSSA SENHORA APARECIDA.
– Ele perdeu a mãe. D. Isabel, aos 16 anos, em 1755.
– A falta precoce de sua mãe na terra fez com que se apegasse ainda mais à Mãe do Céu. Ele tinha um carinho imenso pela Imaculada Conceição de Maria tanto que, aos 27 anos, aqui neste Convento, assinou com o próprio sangue um documento no qual se consagrava filho e escravo de Nossa Senhora.
– As pílulas de Frei Galvão, que conhecemos e tanto buscamos, trazem escrita uma oração à Nossa Senhora da Conceição: “Depois do parto, ó Virgem, permanecestes inviolada. Mãe de Deus, intercedei por nós”.
– Ele também construiu e fundou o Mosteiro da Luz, aqui perto, e lá seu corpo está sepultado. Todos os dias percorria a pé este caminho do Convento São Francisco ao Mosteiro da Luz. Ai vivem as Irmãs Concepcionistas, uma ordem fundada por Santa Beatriz da Silva em honra à Imaculada Conceição e com inspiração franciscana.
Santo Antônio Galvão, fiel devoto da Virgem Mãe, ajudai-nos hoje e sempre, a honrar nossa Mãe do Céu.
UM SANTO IRMÃO
– Ele é nosso conterrâneo, um franciscano apaixonado por Jesus e devoto fervoroso de Maria. Sempre próximo dos mais necessitados e, por isso, um irmão especial.
No ano passado, no dia de São Francisco, o Papa Francisco foi a Assis e sobre o túmulo do Santo assinou sua nova encíclica chamada Fratelli Tutti – ou seja, Todos Irmãos.
A partir do exemplo de São Francisco, o Papa nos convida a reconhecermos todas as pessoas como irmãos, filhos do mesmo Pai e, por isso, merecedores de toda a dignidade.
Frei Galvão foi incansável em levar amparo, socorro a quem mais precisava: doentes, pobres, pessoas angustiadas e em conflito. E não deixava de oferecer em todos os lugares o bem mais precioso: a Palavra de Deus.
Por estas suas ações, realizadas aqui na portaria e Igreja do Convento e nos lugares por onde passava, como pessoa humilde, franciscano cheio de amor e sacerdote zeloso, foi chamado de Apóstolo da Paz e da Caridade.
“Depositemos hoje a nossa vida e nossas necessidades nas mãos deste Santo amigo e irmão, confiantes de que ele vai levá-las e depositá-las no próprio coração de Deus”, concluiu Frei César.
Santo Antônio de Santana Galvão, SANTO BRASILEIRO, FRANCISCANO, MARIANO e IRMÃO, rogai por nós!
Pascom do Santuário e Convento São Francisco