Frei Augusto Luiz Gabriel será ordenado presbítero no dia 14 de outubro
10/10/2023
“Ser Presbítero é ter disposição ‘infinita para Servir’”
Pelas mãos de Dom Odelir José Magri, bispo diocesano de Chapecó (SC), Frei Augusto Luiz Gabriel será ordenado presbítero no próximo dia 14 de outubro, às 16 horas, na Igreja Matriz São Luiz Gonzaga, em Xaxim (SC). Sua Primeira Missa será celebrada no dia 15 de outubro, às 10 horas, na Comunidade N. Sra. da Salete de Vila Tigre, em Xaxim. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura”, é o lema de Frei Augusto para a ordenação presbiteral.
Filho de Domingos Gabriel e Elenir Fátima Roman Gabriel, Frei Augusto é natural de Xaxim (SC), onde nasceu no dia 9 de julho de 1994. É irmão de Tatiana, casada com Luciano Dervanoski, pais da pequena Angela Hellena.
Frei Augusto Ingressou no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP) em 2009, onde cursou o Ensino Médio, concluindo em 2011 no Seminário São Francisco de Assis em Ituporanga (SC). Fez o Noviciado em Rodeio (SC) durante os anos de 2013 até 2 de agosto de 2014, data de sua Primeira Profissão Religiosa. Fez uma experiência pastoral em Santo Amaro da Imperatriz (SC) antes de cursar Filosofia (2015-2017). Em 2018, viveu o Ano Missionário no Convento São Francisco em São Paulo (SP), onde atuou na Frente de Evangelização da Comunicação. Cursou Teologia de 2019 a 2022. Em 5 de dezembro de 2020 fez a Profissão Solene na Ordem dos Frades Menores e, em 17 de dezembro de 2022, foi ordenado diácono. Em 2023 está a serviço da Evangelização em Colatina (ES), na Fraternidade Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, e é também animador das Juventudes.
Acompanhe a entrevista!
Site Franciscanos – Como se deu o seu discernimento vocacional? Você sempre quis ser franciscano?
Frei Augusto – Desde quando me conheço por gente, a vida dos franciscanos me despertava certa curiosidade. Com a graça de Deus venho de uma “paróquia franciscana”, então o contato com os frades era frequente e ainda criança gostava de vê-los usando “aquela roupa marrom”. O tempo passou, tinha outros planos. Hoje brinco, que meus primeiros animadores vocacionais foram meus pais. Eles percebiam este anseio, talvez pelas muitas perguntas minhas, e volta e meia conversavam sobre o assunto, do jeito deles. Interessante, que os primeiros dois livros franciscanos que li, são do meu pai, do tempo de encontro de jovens dele.
A decisão de conversar com um franciscano sobre o “como faz pra ser frei”, foi após a celebração de sétimo dia de meu tio, Arquimedes Turra. Na ocasião, Frei René Zarpelon presidiu a Eucaristia e no final da missa fui conversar com ele. Era meados de janeiro de 2008. A partir daquele dia vi que a coisa era séria. E então comecei a fazer os encontros vocacionais e depois percorri o caminho formativo franciscano, como está descrito no início desta entrevista.
Vejo como Deus em tudo foi me conduzindo e concedendo a graça de ser hoje também um religioso franciscano, além de me capacitar para as diferentes realidades. Um frade que, como tantos outros, busca ser fiel, com alegria, disposição e responsabilidade ao que prometeu – com muita naturalidade –, à Igreja, Ordem e Província, mesmo diante de desafios, crises, pecados e limitações. Muitos anos depois, já sendo frade temporariamente professo, lembrei-me que meu tio, Arquimedes Turra, era jornalista, um ilustre comunicador que diariamente rezava pelas ondas do rádio a oração do Angelus com uma voz imponente e marcante, da manhã e da tarde, sempre as seis horas. Hoje, tenho clareza e convicção que tudo faz sentido e que sou desafiado, na realidade em que me encontrar, a comunicar por todo o mundo, o ‘Evangelho a toda criatura’, lema de minha Ordenação Presbiteral.
Por isso, sim, sempre quis ser frade franciscano. Durante o discernimento vocacional, também conheci outros carismas, mas São Francisco me conquistou primeiro e por isso busquei ser fiel a este encontro, a este chamado que foi se concretizando no dia a dia do percurso vocacional. Aos poucos, no decorrer da vida, vamos descobrindo que as coisas vão fazendo sentido, vão se encaixando, vão nos realizando, por isso, é preciso perseverar, acreditar, colocar-se nas mãos de Deus e confiar!
Site Franciscanos – O que é para você o ministério presbiteral?
Frei Augusto – Diante da grandeza deste ministério me sinto pequeno. Ser presbítero é uma grande graça, missão, uma vocação. Certamente, daqui a um tempo saberei responder melhor esta pergunta, mas, de antemão vale dizer que me coloquei à disposição para assumir este ministério estando aberto para a graça de Deus. “É por Ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado” (Rm 1,5), foi o lema de minha Ordenação Diaconal e até então, como diácono, descobri na vivência diária a importância de estar aberto para a graça de Deus que nos prepara para a missão. Porém, não basta ter uma atitude de abertura – isso é sim importante –, mas também vejo que um presbítero precisa estar atento aos sinais do nosso tempo, de nossa Igreja, fraternidade, Ordem, Província e do local em que se encontrar. Então, neste sentido, ser presbítero é ter disposição ‘infinita para servir’, ‘para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, como verdadeiro sacerdote do Novo Testamento’. Que Deus nos ajude a trilhar este caminho de Jesus, um caminho trinitário, que dê lugar ao “Espírito do Senhor e à sua santa operação”, para poder caminhar sobre as pegadas de Cristo e chegar com Ele ao Pai. Assumo o ministério do presbiterado, tendo consciência da grandiosidade deste serviço, bem como da importância desta missão que Deus nos concede a graça e nos prepara dia após dia para viver.
Site Franciscanos – Quais as suas expectativas como presbítero no Pontificado do Papa Francisco?
Frei Augusto – Agradeço por esta pergunta e por me lembrar que serei presbítero no Pontificado do Papa Francisco, grande pastor, sábio profeta e um grande divulgador de nosso carisma franciscano! O Papa Francisco é criativo, firme, ousado, novo, feliz, assim como foi o de Assis, e olha que até rimou, embora não seja poeta. Sua vida e sua missão sem dúvida me inspiram e ensinam. Assim, minhas expectativas enquanto um jovem e futuro presbítero é ser fiel, obediente e estar em comunhão com Francisco, nosso Papa.
A cada Eucaristia a Igreja prevê que rezemos pelo Papa, que assumindo o nome de Francisco, nos remete para uma ética do cuidado, da Casa Comum, da irmandade, fraternidade, cuidado aos pequenos, aos que não têm voz e vez. Francisco nos ensina a ser do povo, abraçar as pessoas, olhar com amor para os que vêm ao nosso encontro e saber ouvir, mais do que discursar. Francisco de nome, Francisco de espírito, Francisco Papa que nos desafia enquanto franciscanos a olharmos sempre para o Santo de Assis e buscarmos inspiração para nossa missão diária e para a nossa vida. Para além de expectativas, ser presbítero no tempo de Francisco – que é o nosso tempo –, é também um grande desafio, porém, nos sobram exemplos!
Site Franciscanos – Você compõe a equipe de Evangelização com as Juventudes na Província. Como você apresentaria São Francisco e Santa Clara aos jovens.
Frei Augusto – São Francisco e Santa Clara são jovens que provocam, que propõem mudanças, que desejam fazer, reconstruir, recomeçar, que buscam ser melhores, empáticos, acessíveis, comprometidos… Aos jovens franciscanos de nossas paróquias, conventos, provinciais, custódias e Ordem, busco apresentar este carisma que provém de Assis com estas características e virtudes. Assim como São Francisco e Santa Clara, nossos jovens provocam, buscam pela novidade do Evangelho e do carisma. Longe da rotina, querem mais roteiros, mais missões, caminhadas, encontros, formações e mais vivência prática e evangélica. E, sem dúvidas, Santa Clara e São Francisco são nossa inspiração para que neste caminho juvenil possamos levá-los a percorrerem os caminhos de Jesus, nosso Mestre. É para Ele, com o auxílio e exemplo de nossos santos franciscanos e fundadores de nossos carismas, bem como de nossas fraternidades e frades, que buscamos indicar a direção e apresentar este carisma tão rico e necessário.
Site Franciscanos – A oração é o pilar da vida consagrada. Quem é a sua fonte de inspiração? Onde busca alimento para sua espiritualidade?
Frei Augusto – Recorro ao texto de Tomás de Celano, intitulado ‘O amor de Francisco pela oração’, para responder sobre a fonte de inspiração: “Frequentemente, sem mover os lábios, meditava por longo tempo dentro de si, concentrando internamente as potências exteriores, se elevava com o espírito ao céu. Deste modo, dirigia toda a mente e o afeto àquela única coisa que pedia a Deus: não era tanto um que rezava, quanto, ele mesmo todo transformado na própria oração” (2Cel 61,95). Assim, em um tempo em que muitas coisas tiram nossa atenção e nos desafiam ainda mais a manter o foco no essencial, a inspiração sem dúvida é a partir dos textos espirituais franciscanos, da oração em fraternidade, da oração como defesa contra o ativismo, entendendo que dependemos da graça de Deus enquanto alimento para nossa espiritualidade. Rezar neste sentido significa confiar no Pai, deixando que Ele de fato conduza a nossa vida. Assim, vejo que a experiência da oração constitui uma das mais relevantes formas de viver o tempo!
Site Franciscanos – O que diria para um jovem sobre a vida religiosa franciscana?
Frei Augusto – Vale a pena ser franciscano! Se você sente em seu coração este chamado não tenha receio de tentar, de começar, de dar ouvido ao que sente. É preciso coragem, entusiasmo, perseverança e insistência. É um caminho gratificante que nos realiza, nos congrega, nos preenche e nos faz irmãos de tudo e todos, desde a Casa Comum à aquele que bate em nossa porta pedindo por ajuda. Ser franciscano é um caminho de possibilidades, mas mais do que isso, é um caminho realmente feliz.
Aproveito o espaço para a agradecer a todos os frades da Província, bem como às Irmãs Clarissas que rezam sempre por nós e nos acompanham. E, em especial, os formadores, que desde os tempos iniciais zelaram pela nossa formação e mesmo diante de contínuas transformações e desafios buscaram sempre oferecer o melhor. Nossa gratidão também a todos os colaboradores e pessoas que nesta caminhada nos auxiliaram, formando uma grande fraternidade. Por tudo, sou grato!
Moacir Beggo