Frei Anselmo celebra 50 anos de sacerdócio no dia de São Francisco
03/10/2012
Bodas de Ouro
Hoje, peço licença aos queridos Leitores para falar e apresentar-lhes um admirável confrade, que é um colega meu: Frei Anselmo. Aos 82 anos, ele estará comemorando, no dia 4 de outubro, dourados 50 anos de sacerdote. Ele é muito admirado por centenas, senão milhares de devotos de Santo Antônio que vem ao Convento do Largo da Carioca (Rio) para receber de suas mãos o perdão dos pecados e as luzes para seus problemas pessoais. Mas ele é também muito conhecido e admirado pelo Brasil afora por suas palestras e pela ajuda aos cegos. Ele mesmo é cego, mas já municiou a mais de 100 cegos com máquinas de escrever em Braille, compradas com o suor de seus trabalhos e com o dinheiro de doadores que apoiam seus cuidados pastorais. Atualmente, ele já não viaja mais tanto, antes corria o Brasil todo, mas mesmo assim continua promovendo a causa dos cegos e ajudando os deficientes visuais.
Um clássico
Frei Anselmo escreveu um livro clássico sobre seu itinerário espiritual e sobre a cegueira que o atingiu quando tinha 18 e 19 anos. O livro intitula-se “50 Anos de Luz nas ‘Trevas – Deixei de Enxergar e Comecei a Ver”. (Ed. VOZES, em 8ª. edição). Nele cita Helen Keller, a mundialmente famosa cega norte-americana: “Quando se fecha uma porta da felicidade, abre-se outra, mas muitas vezes ficamos a olhar tanto tempo a porta fechada que não vemos a outra que se abriu para nós”. E ele acrescenta: “Diante de tantas portas fechadas, estive para cair no desespero, mas guiado pela luz da fé e da esperança encontrei uma porta que se abriu e descobri um novo caminho a percorrer”.
Sou feliz
Sempre existem novas possibilidades e Frei Anselmo as encontrou ou, melhor, as criou. Não se entregou diante das negativas que lhe impediam que continuasse sonhando em ser padre e franciscano. Foi mandado embora do seminário porque, diziam, não teria, como cego, condições de cursar Filosofia e Teologia. Pois bem. Aprendeu o alfabeto Braille e a caminhar sozinho pelas movimentadas e intrincadas ruas de São Paulo. Passaram-se 8 anos e ele voltou então a bater à porta do Convento com os diplomas de Filosofia e Teologia debaixo do braço. Não tiveram como não aceitá-lo. Por especial permissão do Papa João XXIII, acabou ordenado padre em 1962. Agora, ele está celebrando e os amigos festejando seus 50 anos de sacerdócio. Ele é um exemplo para os que se veem diante de portas fechadas. Deixou de enxergar, mas está vendo de uma forma nova e especial. E confessa cheio de agradecimentos: “Sou feliz, muito feliz! Em minha vida de padre, nunca me deixei vencer pela tristeza”. Parabéns, querido confrade! Você é uma bênção na igreja e nos corredores do Convento de Santo Antônio, para cegos e não cegos.
Pensamentos
Cito seu livro: “Por mais prolongado que seja o inverno, ele jamais pode impedir que, na primavera, as flores se abram à luz do sol”. “As dificuldades na luta valorizam o prêmio da vitória”. “Quando as coisas se tornam difíceis é que avaliamos nossas verdadeiras forças. Para enxergar basta abrir os olhos, mas para ver é preciso fechá-los”. “Olhando, apenas enxergamos. Contemplando é que começamos verdadeiramente a ver”. “A fé, o amor e esperança nos dão a sensibilidade de ver as realidades da vida despidas de sua aparência enganadora”. Quem perde o sentido da vida precisa de alguém que o ensine a amar. Quem ama precisa de Deus para crescer no amor”. “A luz de Deus dissipa todas as trevas e ilumina por dentro. É precisamente esta luz que faz ver o verdadeiro sentido da vida presente, que é apenas um pobre e desafinado prelúdio da sinfonia que será executada somente na eternidade, e um pálido brilho de uma aurora que anuncia o esplendor do eterno dia”.
Frei Anselmo é gaúcho de Balisa, perto de Erechim. Tem 82 anos. Está forte e rijo. A ele lembramos os votos que os romanos davam aos homenageados: Vivat! Crescat! Floreat! Viva, cresça e floresça! Parabéns e “ad multos annos” (por muitos anos).