Fraternidades de São Paulo assumem a Capelania do Mosteiro da Luz sob a coordenação de Frei Estêvão
20/01/2024
O Incansável. Poderíamos definir assim Frei Estêvão Ottenbreit, que, aos 81 anos, agora volta a assumir uma nova missão na Província da Imaculada Conceição do Brasil: a capelania do Mosteiro da Luz, em São Paulo, tão cara aos frades pela história do confrade santo Frei Galvão.
Natural de Grosswallstadt, na Alemanha, onde nasceu no dia 6 de setembro de 1942, Frei Estêvão veio para o Brasil ainda jovem, onde recebeu o hábito franciscano no Noviciado de Rodeio em 19 de dezembro de 1963. Professou solenemente na Ordem dos Frades Menores em 3 de outubro de 1968. Foi ordenado presbítero em 13 de dezembro de 1969. Já em 1981 foi eleito Definidor e Vigário Provincial em 1982. Foi eleito Ministro Provincial em 28 de novembro de 1985 e reeleito em 20 de novembro de 1991. Nesses dois mandatos, não poupou esforços para ver a Missão de Angola se tornar uma realidade, mesmo em meio às enormes dificuldades, especialmente no período da guerra. Em 1997, foi eleito Vigário Geral da Ordem dos Frades Menores (sexênio 1997-2003). Em 2003 foi designado como gerente geral da Missionszentrale, em Bonn, na Alemanha.
Em 2009, foi eleito Vigário Provincial para o sexênio 2010-2015 e foi o guardião da Fraternidade Internacional Santo Antônio (Antonianum), em Roma, de 2016 a 2022. Desde o início do processo da Causa de Frei Bruno Linden é um dos vice-postuladores. Reside atualmente no Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro.
Frei Estêvão, em nome da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, convida para a Missa de abertura do início da assistência dos Frades Menores ao Mosteiro da Luz no dia 2 de fevereiro de 2024, Festa da Apresentação do Senhor, às 9 horas.
O Mosteiro da Luz fica na Av. Tiradentes, 676, São Paulo (SP)
Site Franciscanos – Como recebeu a nomeação do Governo Provincial para ser capelão do Mosteiro da Luz?
Frei Estêvão – Antes de tudo gostaria de agradecer pela oportunidade desta entrevista e logo quero também dizer que responderei as perguntas, não escondendo os meus sonhos pessoais de vida franciscana. Não vou dizer que fiquei “surpreendido”. Há anos falamos da possibilidade de estar presente no lugar onde Frei Galvão deu a sua vida, onde idealizou e iniciou a construção do mosteiro (na época recolhimento) e onde encontrou, enfim, o lugar para acolher o que restou de seu corpo físico. Além disso, Frei Gustavo (Medella), nosso Vigário Provincial, me consultou um dia para saber se eu eventualmente aceitaria uma transferência para São Paulo para coordenar a capelania do mosteiro da Luz. Minha resposta foi “sim”, principalmente porque alimentei desde muito tempo o desejo que a nossa Província pudesse um dia assumir este serviço.
uSite Franciscanos – Quais são os trabalhos de uma capelania no mosteiro?
Frei Estêvão – Esta pergunta é importante. Precisamos ter clareza de que se trata. Cada mosteiro conta sempre com uma capela ou igreja conventual. Serve, principalmente, para a celebração da liturgia (santa missa, ofício divino) da comunidade monacal. Não é uma paróquia. No caso do Mosteiro da Luz e, por causa do túmulo que abriga o primeiro santo brasileiro, a capela conventual é Santuário. Nele se acolhe os frequentadores diários e os devotos e peregrinos ocasionais. Dada à boa localização do Mosteiro da Luz (estação do metrô), as santas missas são bem frequentadas. De segunda a sexta-feira às 7 h, sábado às 8 h e às 16 a missa irradiada pela Rádio 9 de julho e, aos domingos e dias de festivos, às 8 h, 10 h e 16 h. Nesta igreja conventual podem ser celebrados também batismos e casamentos, observando as normas da Diocese. Logo, logo se pensa também de retomar alguns horários de atendimento e de confissões. Oportunamente são acolhidos também grupos de peregrinos.
Site Franciscanos – Com o santuário Frei Galvão de Guaratinguetá sob a assistência dos frades menores e agora o mosteiro da Luz, a Província volta a ser “casa de Frei Galvão”?
Frei Estêvão – Gostei da expressão “casa de Frei Galvão”. Nós, os irmãos da Província da “Imaculada”, não poderíamos deixar de cuidar da memória e da devoção ao santo Frei Galvão, confrade nosso. Nasceu em Guaratinguetá, foi ordenado sacerdote no Rio de Janeiro, viveu e trabalhou em São Paulo no Convento do Largo de São Francisco e acompanhou o Recolhimento das Irmãs, hoje Mosteiro da Luz. Estes lugares – e não só estes – devem ser lugares da nossa presença, serviço e devoção. Não existe “concorrência”, mas fraterna colaboração. Aliás, foi esta a reflexão e decisão do nosso Definitório Provincial. Não se trata de ter encontrado um novo capelão. O ministro provincial insistiu diversas vezes comigo que o meu serviço será o de coordenar o serviço de capelania das três Fraternidades presentes em São Paulo. Não são as Paróquias, o SEFRAS ou o Provincialado, mas as três FRATERNIDADES que se dispõem a assumir a presença e o serviço nesta capelania. Além disso, creio que deveremos construir uma estreita colaboração entre o Santuário de Guaratinguetá e o Santuário de São Paulo.
Site Franciscanos – O sr. terá o apoio das Fraternidades de São Paulo para esse trabalho evangelizador?
Frei Estêvão – Eu, pessoalmente, espero que a proposta do Definitório Provincial seja entendida pelos frades das três Fraternidades. Será certamente um desafio, mas um desafio que coloca à prova os nossos discursos de sermos irmãos. Um desfio que, certamente, nos enriquecerá.
Site Franciscanos – O sr., que já é assistente da Federação dos Mosteiros Concepcionistas no Brasil, vai dar assistência para as irmãs do mosteiro?
Frei Estêvão – É importante distinguir as duas coisas. Uma coisa é a capelania, outra coisa é a assistência formativa à comunidade das irmãs. Há lugares onde estas duas coisas estão distintas e outros em que vão de mãos dadas. No caso do Mosteiro da Luz assumimos também a assistência formativa da comunidade. Quer dizer: retiro mensal, celebrações, reflexões, cursos, estudos, etc. Isto não vai interferir no meu serviço de assistente eclesiástico da Federação dos Mosteiros Concepcionistas do Brasil. Mais uma vez, como coordenador, procurarei programar e organizar este serviço com a ajuda de frades e de outras pessoas competentes.
Site Franciscanos – Qual a importância deste trabalho para a Província da Imaculada?
Frei Estêvão – A resposta é pessoal e por isso também subjetiva. Creio que este serviço de capelania e atendimento no Santuário nos ajuda a diversificar a nossa presença e trabalho. Não tenho dúvidas, nossa presença no passado, presente e futuro nas paróquias foi, é e será fecunda, mas ao mesmo tempo creio que os tempos atuais já pedem e permitem aos homens e mulheres de vida consagrada de concretizar a presença e o serviço em campos complementares para os quais se exige uma preparação adequada, participando assim da missão da Igreja. E especificamente, além disso, creio que seja também importante que os nossos frades conheçam melhor a Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva. Frei José Rodriguez Carballo, nosso ex-ministro Geral, costumava dizer em tom jocoso: “Se as Clarissas são as nossas irmãs, as Concepcionistas são as nossas cúmplices”. Por séculos, as Irmãs Concepcionistas sustentaram conosco a bandeira da invocação de Maria como Mãe Imaculada. Sim, com mais esta presença e serviço a nossa Província se torna cada vez mais “Casa de Frei Galvão”.
Site Franciscanos – A data de 2 de fevereiro tem algum significado especial para o Mosteiro da Luz?
uFrei Estêvão – Sim. Neste dia iniciamos a nossa presença e serviço de capelania, sob a luz e a orientação de “Nossa Senhora das Candeias”. Por coincidência feliz celebraremos também o início do Ano Jubilar do Mosteiro. Em 1774 se iniciou a construção do Mosteiro (recolhimento). 250 anos faz. Em 1775 faleceu a fundadora do recolhimento, Madre Helena do Espírito Santo. 250 anos fará. Tanto a Madre Helena como a construção do Mosteiro foram acompanhados pelo nosso confrade Frei Galvão. De 2024 a 2025 celebraremos, então, um ano jubilar e esperamos que possa renovar em todos nós a paixão e a alegria da vida consagrada.
Enfim, neste dia também encerraremos o período que o Papa Francisco concedeu às igrejas franciscanas (Família franciscana) para ganhar a indulgência plenária diante do presépio, recordando também os 800 anos da noite de Greccio quando São Francisco quis reviver o nascimento de nosso Salvador na gruta de Belém.
Entrevista a Moacir Beggo