Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Formação em partilha e comunhão com o próximo na Festa da Penha

05/04/2024

Notícias

Assim como os degraus da ladeira da penitência de Nossa Senhora da Penha exigem fé, determinação e força de vontade dos devotos, a caminhada religiosa de um jovem que ingressa na Ordem dos Frades Menores também é exigente. É preciso percorrer etapas como a fase do acolhimento, do aspirantado, do postulantado, do noviciado e da teologia, até chegar à profissão solene. O objetivo é permitir aos vocacionados o encontro com Deus, com eles mesmos e com o próximo, a partir dos ensinamentos de São Francisco de Assis. 

No percurso, é necessário o desprendimento de tudo o que aprisiona e impede o ser humano de viver em profunda comunhão com Deus. Por outro lado, é importante o acúmulo de sabedoria por meio dos estudos e das experiências de vida. Justamente por isso, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil favorece aos vocacionados a diversidade de experiências para os frades em formação. Nesse contexto, a vida em comunidade e o contato com a fé do povo são fundamentais.

Neste ano, três pós-noviços estão na Festa de Nossa Senhora da Penha para viver uma experiência e sentir de perto o quanto a religiosidade popular traduz a essência da verdadeira humildade e entrega a devoção à mãe de Jesus Cristo. São eles: Frei Felipe Fernando de Noronha, Frei Cristian dos Santos Lopes, residentes no Convento São Boa Ventura, em Campo Largo (PR); e Frei Vinícius de Oliveira Betim, que atualmente cumpre seu ano missionário, em Colatina (ES). Esta é a primeira vez que vocacionados, nessa fase de formação, deixam  a residência de  saem para a vivência externa.

“Nos últimos anos, a Província vem discutindo o seu processo formativo como um todo. No Fórum de Formação constatamos que é necessário rever o processo formativo inicial e também o permanente. Com o fechamento do curso de Filosofia na FAE, os freis Cristian e Frei Felipe iniciaram uma caminhada diferente no pós-noviciado. Há um anseio que vai além da formação intelectual, é necessário um contato mais próximo às realidades das nossas frentes de evangelização”, explicou o mestre, Frei  Roger Strapazzon.

Segundo ele, a presença dos frades jovens em um evento tão significativo da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, como é o caso da Festa da Penha, reforça que o processo formativo é contínuo. “A convivência mais próxima da realidade do povo, permite sensibilizar o formando de que o Evangelho é vida, com suas lutas e conquistas, dores e alegrias, angústias e esperanças. Rompe com as estruturas e permite que sejamos criativos para anunciar a paz e o bem”, salientou.

Frei Cristian,de 28 anos, acredita que é importante para a sua formação estar num espaço sagrado que carrega fortemente o carisma franciscano, em momentos fortes que envolvem a Província. “Aqui é um local onde os frades estão presentes há muitos anos, e conviver com os outros confrades que moram e vivem essa experiência no seu cotidiano é muito importante. Além disso, aqui podemos experimentar a religiosidade popular do povo. Creio que isso enriquece muito a nossa caminhada vocacional. O contato com o outro faz toda a diferença em nossa caminhada”.

De acordo com ele, a vivência da fé, porque a formação teórica, por si só, não se sustenta. A nossa vida franciscana, conforme disse São Francisco, deve usar a ciência para o bem comum e útil. Por isso, não há nada mais útil que conhecer o outro. Acabamos de sair do noviciado, então esse contato enriquece muito tudo o que aprendemos na sala de aula”, afirmou.

O frade comentou que este ano, os frades do pós-noviciado estão passando por uma nova experiência de caminhada formativa. “Estamos morando em Campo Largo (PR), e estudando também virtualmente. Fazemos o curso de espanhol, oferecido pelo Colégio Bom Jesus, temos também as atividades de estudo internas sobre os documentos da Ordem, introdução ao pensar, e também estamos cursando aulas sobre a geografia franciscana no formato online. Tudo isso possibilita ter a graça de estar aqui na Penha e, ao mesmo tempo, não parar com nossa formação teórica”, explicou.

Para Frei Felipe, de 23 anos, estar na Festa da Penha significa uma oportunidade marcante no processo da sua formação de poder desfrutar da realidade da Província. “Sabemos das festas em nossas casas, mas, uma coisa é conhecer e a outra é viver. Por isso, essa é uma oportunidade grandiosa de podermos viver a realidade, conviver, trabalhar e ver de perto o trabalho da Província e a grandeza desses momentos de poder estar com o povo de Deus”.

Segundo ele, o fato de estar na Festa da Penha representa uma confiança da província e também um carinho dos mestres e demais lideranças de saber da importância dos eventos e permitir  que os novos frades participem desses grandes momentos. “Essa é uma nova modalidade de formação, onde trabalhamos e vemos como as coisas funcionam. O jeito de formar muda um pouco para fortalecer ainda mais a nossa caminhada”.

Já Frei Vinícius de Oliveira Betim, de 24 anos, que vive as adaptações da etapa formativa que atualmente está em seu ano missionário, também considerada pós-noviciado, acredita que a Festa de Nossa Senhora da Penha é muito importante no processo de formação religiosa dos frades porque é algo vivenciado. “Podemos muitas vezes ler o livro sobre a história, ouvir e ver pelas redes sociais como é, mas, estar ali junto e partilhar da fé do povo capixaba é bem importante para a formação, pois agrega em nossa caminhada. Muito mais que dar assistência, nós vivenciamos a festa com os devotos da Senhora da Penha”, explicou.

Serviço de Animação Vocacional

Além da vivência com os devotos de Nossa Senhora da Penha, os frades também estão atendendo interessados em ingressar na vida religiosa e devotos que desejam contribuir com as ações vocacionais, no Campinho do Convento da Penha..

De acordo com Frei Jeã Paulo Andrade, do Serviço de Animação Vocacional (SAV), a festa da Penha tem um alcance enorme em todo o estado do Espírito Santo. Também entre os mais jovens. “Quando esses jovens chegam aqui no Convento e encontram frades jovens pode haver uma identificação maior. Talvez os jovens consigam se imaginar também como frades franciscanos”.

O frade explicou que este é o terceiro ano que o Serviço de Animação Vocacional tem um espaço franciscano durante a festa. “É uma oportunidade para conversar com mais calma com os devotos de Nossa Senhora Penha e também para acolher alguns jovens que tenham dúvidas sobre sua vocação, sobre São Francisco ou mesmo do que é ser frade menor. Além disso, nesse espaço podemos conversar, acolher os nossos benfeitores do Pró-Vocações e Missões Franciscanas e fazer novos cadastros de pessoas que são simpatizantes do carisma e querem ajudar na formação dos futuros frades”, salienta.

“Os frades que recém saíram do noviciado estão cheios do vigor do carisma franciscano e imagino que podem transmitir aos jovens de forma ainda mais contundente a alegria e beleza de ser consagrado. É uma alegria poder contar com a presença de alguns dos jovens frades de nossa província na festa desse ano”, disse o frade do SAV

Dentre as experiências vividas pelos frades, durante a Festa da Penha, está também a bênção de objetos, ato constantemente solicitado pelos devotos. Homens e mulheres, idosos e jovens, assim como as crianças sentem-se felizes e acolhidos com a presença dos vocacionados. Nesse ambiente  de fé e devoção  os jovens frades  vivem suas experiências inspirados por São Francisco de Assis, assim como fez Frei Pedro Palácios, desde que chegou a Vila Velha (ES), em 1558, trazendo a devoção a Nossa Senhora das Alegrias, a Santa da Penha.


Adriana Rodrigues