Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Capitulares mesclam trabalho e peregrinações

17/05/2015

Notícias

Frei Walter de Carvalho Júnior

Assis (Itália) – Ao iniciar a primeira sessão do sábado, o moderador convidou os capitulares para um minuto de silêncio em memória de dois frades falecidos no dia anterior: Frei Olivo Tondello, da nossa Província da Imaculada Conceição do Brasil, e Frei Angel Dario C. Morales, porto-riquenho, da Custódia do Caribe, este último de apenas 49 anos de idade, vítima também do câncer.

O trabalho da assembleia capitular concentrou-se em ouvir e comentar o que os secretários dos grupos relataram sobre a discussão em torno do Instrumentum Laboris, apresentado em linhas gerais na sexta-feira. Ainda na mesma manhã de sábado, um dos peritos responsáveis pela redação do Documento Final do Capítulo explicitou justamente o que pretendem fazer para cumprir com o que lhes fora confiado.

ASSEMBLEIAComentou-se, a propósito, que uma coisa é o Documento Final, outra, porém, mas não dissociada, são as decisões operacionais (mandatos) que resultam do Capítulo. Vários capitulares se manifestaram. Uns expressando o que gostariam de ver presente no Documento, em termos de conteúdo e método, levando às vezes em consideração o Relatório apresentado pelo ministro geral. Outros, no entanto, questionaram a preocupação, ainda fora de hora (?), com o Documento, desejando que discussões mais relacionadas ao essencial de nossa vida de frades fosse o foco de atenções e preocupações neste início dos trabalhos.

Algumas perguntas levantadas: 1) Como podemos experimentar e viver as coisas que já sabemos a partir das Fontes, da espiritualidade, e de tantos documentos que foram muito bem escritos nos últimos anos? Ou seja, como superar a lacuna que há entre o que sabemos e como vivemos? Como fugir da tentação dos fariseus, deflagrada por Jesus, pela qual eles olhavam mas não viam, ouviam mas não escutavam? Importa, assim, pormo-nos à escuta do Espírito para saber o que ele pede de nós hoje, neste Capítulo, e para a Ordem. Alguém comentou que as pessoas esperam dos capitulares não textos mas sinais, sinais que inspirem confiança, que inspirem fé, e que fujam de nossa não rara auto-referencialidade. Um dos capitulares disse crer que o Papa – que justamente escolheu, ao ser eleito, o nome do Poverello Francisco -, espera dos franciscanos algo novo. Um dos capitulares expressou que é preciso haver mais partilha e testemunho entre nós de como experimentamos (ou não) a paixão por Deus, pelo Evangelho, pela nossa vocação, pelas pessoas e pela criação.

peregrinarNa noite de sábado, a grande basílica, que abriga em seu centro a Porciúncula de Nossa Senhora dos Anjos, estava literalmente repleta de fiéis que vieram para a oração do terço, e para a procissão luminosa pela praça da basílica, com cantos diversos, e, ao fim, com a ladainha de Nossa Senhora e o Magnificat. Foi um momento de particular beleza e devoção. Nele não nos esquecemos dos confrades das nossas províncias e das pessoas que se recomendaram às nossas orações.

O domingo amanheceu ensolarado e belo, com clima ameno e agradável. Ao menos a metade dos capitulares seguiu para o Vale de Rieti para visitar, primeiramente, Greccio. O santuário, em meio à montanha verdejante, nesta época, guarda a doce recordação do presépio vivo que Francisco quis reviver no Natal de 1223, e que, assim, nos põe em contato com uma das vertentes mais expressivas da espiritualidade franciscana: a encarnação humilde e solidária de Jesus. Hoje, ali foi celebrada a missa dominical da Ascensão do Senhor, juntamente com a comunidade local. Além de afrescos medievais e de exposição permanente de presépios de vários países, é de particular beleza o dormitório de frades das primeiras gerações franciscanas, todo de madeira, com portas pequenas, com a cruz à frente. São Boaventura tinha ali a sua cela, além de São Francisco, a dele, naturalmente, mais primitiva.

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Após o almoço, servido em Greccio mesmo, os capitulares seguiram para Fonte Colombo, um dos tantos eremitérios dos inícios, presentes nas montanhas que delineiam aquele vale tão caro a São Francisco e seus companheiros. Na capela, o guardião gentilmente nos acolheu e apresentou, a partir das Fontes, dois acontecimentos que ali se deram: a composição mais definitiva da Regra, que veio a ser aprovada pelo Papa Honório, e a cirurgia dos olhos a que São Francisco se submeteu a ferro em brasa. Empregando um paradoxo, disse, por fim, que a luz que faltava aos olhos de Francisco, de certo modo, resplandecia, não sem ter custado sofrimentos ao santo, na composição da Regra aos frades, que, enfim, seria luz para o caminho da Ordem até os nossos dias.