Emoção marca a Missa de corpo presente de Frei Moiséis
30/07/2020
Barra (BA) – O bispo franciscano Dom Frei Luiz Flávio Cappio, da Diocese da Barra (BA), presidiu nesta quinta-feira, 30 de julho, a Missa de Corpo Presente de Frei Moiséis Beserra de Lima, que faleceu ontem em Beira Rio, na cidade de Oliveira dos Brejinhos-BA. A celebração, que começou com a oração das Vésperas às 15 horas, teve a presença de sacerdotes, seminaristas, diáconos e das equipes de liturgia e músicos. A Santa Missa foi transmitida pelo Canal Youtube da Diocese.
Dom Cappio saudou a todos e “de uma maneira muito carinhosa, nosso querido Pe. Provincial, Frei César Külkamp e, na pessoa dele, todos os provinciais anteriores que permitiram a presença de nosso querido Moiséis conosco”.
Na sua homilia, D. Cappio se emocionou ao fazer um resumo dos vinte anos de evangelização de Frei Moiséis na Diocese. “Meu querido Frei Moiséis, quero agradecer a você por ter doado para nossa Diocese da Barra os melhores anos da sua vida, quando você já havia atingido a sabedoria dos homens maduros e ainda guardava consigo o vigor e a resistência do jovem. Você estava em Campos do Jordão, era pároco da Paróquia de Abernéssia, uma das mais ricas do Brasil, e de lá você se ofereceu para vir ajudar o seu confrade amigo nas Missões das Diocese da Barra. Isso já são vinte anos. E ao longo desses vinte anos, meu querido confrade, você sempre esteve ao nosso lado. Você nunca disse um não. Em todas as nossas iniciativas missionárias, pastorais, você era o primeiro a dar o seu ‘sim’ e ir à frente, empurrando seus companheiros padres, religiosos, religiosas, os nossos queridos leigos, que muito lhe amam e lhe querem bem”.
“Obrigado, meu querido confrade, por você ter desvendado os brejos da Barra, caminhando no meio daquele areão, debaixo daquele sol quente, escaldante. Você percorreu todos os brejos da Barra, levando àquele povo a mensagem de esperança, a mensagem de fé, a mensagem de amor, de fraternidade”, disse, emocionando-se.
Segundo o bispo franciscano, a casa dos mais pobres eram as suas preferidas. “Obrigado, Frei Moisés, por esse exemplo maravilhoso de opção pelos pequenos, de opção pelos pobres, de opção pelos abandonados, de opção pela vida”, disse.
“E você foi esse instrumento de vida para muitos de nossos irmãos. Você serviu praticamente em todas as paróquias de nossa Diocese, principalmente na pastoral missionária, nas Santas Missões Populares, em que você ia à frente. E todos gostavam de você e queriam ouvi-lo cantar. E você congregava o povo cantando. E todos te acompanhavam. Você, como o bom pastor, ia à frente das ovelhas. Mas o ponto alto de sua jornada, meu querido confrade, foi na região da Chapada Diamantina, onde enfrentou corajosamente aquela região do Cocal, que faz parte do município de Brotas de Macaúbas, mas que estava, assim, abandonada pela distância. Era muito longe. O acesso era dificílimo. E foi você que escolheu ir para lá, foi você que se ofereceu para ir lá. Eu me lembro, você estava em Brotas, e Pe. Joel era recém-ordenado. E vocês me disseram: agora, nós temos condições de ser uma presença no Cocal, que reúne em torno de 24 comunidades. E você prontamente me disse: ‘Eu vou para o Cocal!’. E você foi para o Cocal. E você passou lá os anos mais gloriosos de sua vida. Lá você viveu, semeou aquilo que a Igreja do Brasil nos pede: verdadeiras comunidades eclesiais. Aquilo que nosso querido Papa Francisco nos pede: no meio dos pequenos, dos pobres, dos mais esquecidos”, ressaltou.
“Você viveu esta realidade, de uma maneira tão bonita, tão gloriosa, como Francisco de Assis, alegre, feliz, sempre cantando. Obrigado, Frei Moiséis! Criamos a Quase Paróquia e, no seu trabalho bonito, auxiliado pela Missiozentrale Franciscana da Alemanha, que sempre o ajudou e nós agradecemos muito. E graças a esses irmãos benfeitores, você construiu a Paróquia de Nossa Senhora da Piedade do Cocal. Hoje, está lá o nosso querido Pe. Edvar, que mesmo no meio dessa pandemia, leva adiante o que você semeou. Hoje, ele está regando e colhendo os frutos”, acrescentou o bispo.
“Obrigado, Frei Moiséis! E lá você iniciou um trabalho profético, a partir da Encíclica Laudato Si’. Você iniciou, na Diocese da Barra, a Pastoral do Meio Ambiente. E graças ao seu trabalho conscientizador, conseguimos recuperar cinco nascentes que já haviam morrido. Você, nesse sentido, foi um profeta. Respondendo de uma maneira muito bonita aos apelos do nosso querido Papa Francisco em favor da vida, da natureza e do meio ambiente. E está lá para quem quiser ver. Tenho certeza que o Pe. Edvar vai levar adiante esta obra que é profética em toda a Igreja do Brasil”, contou.
“Você já estava cansado. As suas artroses lhe machucavam muito e achamos por bem, em comum acordo, meu querido irmão, que você descesse a Serra e ficasse mais perto dos meios que pudessem ser buscados na hora da necessidade. E você assumiu mais um desafio: de criar a Quase Paróquia do Beira Rio, desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora do Brejinho. E você, com aquele ardor missionário, já com os 68 anos de vida, iniciou uma nova jornada na Quase Paróquia São José do Beira Rio. E ali estava desde o dia de São José deste ano. E quando você lá chegou, o coronavírus também chegou. E vocês chegaram juntos. E você, fragilizado pela sua situação física, já de certo modo alquebrada, teve muito medo e muito receio. Você procurou se prevenir ao máximo, mas o coronavírus foi mais forte. Você foi levado pelo surto do desespero. E voltou para a casa do Pai”, disse D. Cappio.
“Embora não tivesse sido contagiado pela Covid 19, Frei Moiséis, rogue a Jesus, a São José, o Padroeiro de sua Quase Paróquia, para que Deus nos defenda dessa pandemia. Cada notícia que recebia da pandemia, era o mesmo que lhe dar uma facada. E você não suportou e você voltou para a casa do Pai. Obrigado, querido irmão! Muito obrigado, pelo irmão amigo que você foi de todos nós! Todos os padres, todo o povo de Deus queria estar aqui, mas é impossível. Mas se eles não podem estar aqui, você está no coração de todos. Pode ter certeza disso. E seu nome está escrito com letras de ouro nos anais da nossa querida Diocese centenária da Barra”, celebrou.
“Esteja com Deus, meu querido irmão! Que a Imaculada Conceição, Padroeira da nossa Província Franciscana, te cubra com seu manto materno. E essa imagem de São Francisco, que você traz na sua estola, te receba feliz no céu, para que lá você possa cantar como sempre cantou o ‘Cântico das Criaturas’. Muito obrigado e Deus lhe recompense! Saiba que seu nome, a sua lembrança, a sua fisionomia, alegre e feliz, como naquela foto ali, está gravada em nossos corações”, garantiu.
“Obrigado, querido Pe. Provincial, Frei César, e na sua pessoa, agradecemos a todos os nossos queridos confrades da Província da Imaculada Conceição, que sempre estiveram conosco, mas de uma maneira muito especial na pessoa do nosso querido Frei Moiséis. Paz e bem!”, completou D. Cappio.
No momento de Ação de Graças, foram muitas as mensagens de solidariedade. O corpo de Frei Moiséis foi sepultado por volta das 18 horas.