Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Dª Terezinha fala sobre ser mãe de dois filhos padres: “É uma alegria que não cabe no peito”

16/05/2023

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Era uma manhã de sol, mas com o vento frio do outono do Sul do Brasil. Dª Terezinha Corrêa Dellandrea, mãe dos Freis Daniel e Gabriel, já tinha cozinhado batatinhas para fazer uma gostosa maionese e colocou-as para esfriar numa vasilha de vidro perto da janela. O fogão já fervia outra panela: agora de chuchu, para fazer uma tigela deste legume que o Gabriel gosta bem quentinho e sem quase nenhum tempero. No forno, um pedaço de carne já assava para servir no almoço que reuniria a família completa, pois o Daniel estava por chegar. Na grande cozinha tem uma mesa grande, que ao invés de ser ladeada por cadeiras, tem grandes bancos para acolher a família toda. O espaço de cozinhar é também local para acolher todo mundo, além de ter uma outra mesa com imagens de santos, flores e fotos dos filhos, das netinhas e outros objetos simbólicos da família. Toda a casa respira a alegria pela proximidade da Ordenação Presbiteral de Frei Gabriel. Sentamos à mesa e Dª Terezinha concedeu a entrevista abaixo, sempre muito emocionada.

Acompanhe!

Site Franciscanos – Como o seu coração recebe esses dois filhos presbíteros?

Dª Terezinha – Eu recebo com muita emoção (pausa para choro). É uma emoção muito grande que a gente não tem nem explicação do que sente, sabe? É muito lindo, uma alegria tão grande que não cabe no peito. É uma pergunta que muitos me fazem, muitos me perguntam o que eu sinto.  “Eu gostaria de saber o que você sente no coração, sabendo que um filho [frei] já é uma alegria muito grande, né, para uma mãe. Imagina dois?”. Então, o que sinto no meu coração é uma emoção muito forte, um agradecimento muito grande a Deus, que faço todo dia por ter me dado essa graça de ter três filhos, sendo dois padres e um que me deu as netinhas (Clara e Anita). Um bom pai e um bom filho também.

Site Franciscanos – Como a sra. recebeu a decisão de Frei Daniel de ser frade e depois a de Frei Gabriel?

Dª Terezinha – Eu recebi sempre apoiando eles. Sempre apoiei eles, nunca interferi. A escolha era deles. Então, a gente fica feliz por eles hoje, pela escolha deles, pois deu tudo certo.

Site Franciscanos – Quando eles eram crianças, a senhora imaginava que um dia teria dois frades franciscanos e presbíteros?

Dª Terezinha – Não (pausa para choro). Quando eu e o Sérgio viemos morar em Rodeio (Sérgio, esposo de Dona Terezinha, nasceu em Rodeio, mas ela nasceu na cidade vizinha, Ascurra, onde cresceu e só saiu de lá após ter se casado), ele comprou uma máquina fotográfica e nós pegamos o Daniel e fomos para a Igreja (Matriz São Francisco de Assis – do Noviciado de Rodeio/SC) e batemos um monte de fotos dele sentado naquela escadaria. Eu nunca poderia imaginar que nessa Igreja ele iria servir como coroinha e, como coroinha, despertar nele a vocação. No começo foi difícil entender. Quando ele veio falar comigo que queria estudar num seminário, eu pensei: “Nossa, como vai ser isso… como vai ser?”. E tudo foi se resolvendo. Eu lembro que no dia de Nossa Senhora Aparecida, ele me disse: “Mãe, eu queria estudar no seminário”. E eu tinha uma imagem dela em cima de uma mesa. Eu não sabia mais o que responder pra ele, então eu disse: “Vai lá e reza para Nossa Senhora, para ela te dar uma luz”. E então eu vi ele lá, ajoelhado, na frente da Nossa Senhora. E depois disso as portas se abriram e “quando eu vi”, ele estava indo embora. Sofri bastante, pois senti muito a falta dele. Eu já estava grávida do Gabriel, e chorava de muita saudade dele pois não era como hoje com os celulares, onde podemos conversar mais. A gente ia visitar ele bastante, pois era perto (Ituporanga/SC). Eu tive uma gravidez [do Gabriel] de muita saudade, de muito choro, mas quando ele nasceu, o frei sorriso (risos), tudo se transformou em alegria. No caso dele, eu também não imaginava. Ele sempre dizia: “Nunca vou te deixar”. Me lembro que as pessoas perguntavam se ele também iria ser frei. Ele respondia que não queria, que nunca iria me deixar. E ele se espelhou no irmão depois de tantas visitas nos seminários. Na Semana Missionária da Ordenação do Daniel, se ele tinha dúvidas, acabou quando ele me disse: “Mãe, eu também quero ir”. E eu apoiei ele, pois sempre apoiei a decisão deles. E foi, ficou, e ficou firme. A gente sofreu pela separação, pois ele foi direto para São Paulo, que não era perto para estar visitando, mas deu certo.

Site Franciscanos – A senhora já conhecia os franciscanos e São Francisco de Assis antes de eles se tornarem seminaristas? Como é a vida religiosa da família?

Dª Terezinha – Nunca tinha ouvido. Eu soube quando vim morar em Rodeio. Mas depois nos envolvemos na comunidade. A gente sempre participava das celebrações todo final de semana. Em 2003 fomos convidados para ser ministros da Eucaristia e aceitamos. Até hoje fazemos essa missão e fazemos o que podemos pela comunidade, mantendo aquela fé acesa, ainda mais com os filhos freis. Nós cultivamos isso.

Site Franciscanos – Quais santos e santas a senhora é devota?

Dª Terezinha – Eu sou devota de todos os santos, mas a que mais mexe comigo é Santa Terezinha. E eu sempre procurava saber o porquê tinha essa devoção. E  lembrei um dia: quando ia para a aula, ainda pequena, tinha uma gruta no caminho para a escola. E lá havia imagens muito lindas e eu ficava admirada olhando-as. Uma delas era de Santa Terezinha. E um dia dormindo sonhei com aquela gruta e lembrei dessa imagem. Era ela que estava ali. Isso mexeu comigo quando era criança e por isso tenho uma devoção muito grande por ela. A imagem dela me chama muito a atenção. Tanto é que uma vez que visitei o Daniel em Petrópolis e fui numa igreja (Catedral São Pedro de Alcântara). Todo mundo visitou a igreja e saiu. Eu fiquei lá, rezando diante de uma imagem de Santa Terezinha. Eu pedi que ela protegesse o Daniel para mim, pois deixaria ele nas mãos dela. E quando fui sair, vi que ela tinha um buquê de rosas nas mãos. Quando eu virei as costas, aquele buquê caiu no chão como se ela me dissesse: “Pode ir que ele vai ficar nas minhas mãos”. E até hoje eu rezo e peço a bênção e a proteção dos meus filhos. Tudo o que a gente pede para Deus não podemos duvidar, pois Ele escuta o nosso pedido de mãe. Sempre que eu rezo eu coloco os meus filhos nas mãos de Santa Terezinha e durante o dia eu esqueço que podem estar em perigo, pois sei no meu coração que eles têm a proteção de Deus.

Dª Terezinha e sr. Sérgio no ateliê de costura

Site Franciscanos – O que você diria para uma mãe que está indecisa em aceitar seu filho como seminarista?

Dª Terezinha – O que eu diria? Em primeiro lugar eu acho que a mãe nem precisaria ter dúvida em aceitar. Simplesmente aceitar e colocar nas mãos de Deus, deixar ele no caminho que escolheu e rezar e agradecer a Deus por ter tomado essa decisão de ser um frei, um padre. Isso vem muito do apoio da mãe, do pai, nessa caminhada. Os pais não precisam mais se preocupar, pois sabem onde está o filho. O que vale é a oração da gente e deixar ele seguir o caminho. É um caminho muito lindo, muito valioso na vida da família. Nenhuma mãe deveria ter dúvidas. E mesmo que depois não desse certo e esse filho tivesse que voltar atrás, ao menos ele teve uma experiência que poderia dizer: “Eu tive a minha experiência e a minha mãe e a minha família me apoiou”. É um caminho muito lindo e o que precisa é de oração para que continue. Então, acho que muitos jovens deveriam entrar e fazer essa experiência. Não precisa ser um padre, frei, mas fazer essa experiência de vida religiosa. Se todo jovem tivesse essa oportunidade de fazer essa experiência, mesmo que depois não seja aquilo que ele queria, pelo menos fez uma experiência, teve conhecimento sobre a religião. Todo apoio, especialmente da mãe, é muito bom.

ORDENAÇÃO PRESBITERAL NESTE SÁBADO

Frei Gabriel Dellandrea será ordenado presbítero pelo bispo diocesano de Rio do Sul (SC), Dom Onécimo Alberton, no dia 20 de maio, às 16 horas, na Igreja São Virgílio do Rodeio 50, em Rodeio e a Primeira Missa ele vai presidir no domingo, 21 de maio, às 10 horas, na Igreja Matriz São Francisco de Assis de Rodeio. “Concedei, meu Deus, que eu vos conheça muito, para poder agir sempre segundo os vossos ensinamentos e de acordo com a vossa Santíssima Vontade”. A oração de São Francisco de Assis foi escolhida como lema para a sua ordenação.

A Família Dellandrea, da esq. para dir: Frei Gabriel, Dª Terezinha, Sr. Sérgio, Carolina com a pequena Anita, Elton com a pequena Clara e Frei Daniel


Moacir Beggo