Diocese de Joaçaba: encerramento do processo diocesano
16/01/2018
A última sessão solene do Tribunal Eclesiástico, nomeado pelo bispo diocesano D. Mário Marquez, será antes da Caminhada Penitencial Frei Bruno no dia 25 de fevereiro, em Joaçaba (SC).
Joaçaba (SC) – Depois de quase cinco anos de trabalhos, o bispo D. Mário Marquez (OFMCap), da Diocese de Joaçaba (SC), anunciou oficialmente nesta terça-feira – 16 de janeiro – o encerramento do processo diocesano da Causa de Frei Bruno Linden, frade franciscano que deixou suas marcas de santidade no estado de Santa Catarina, principalmente no Oeste e no Vale do Itajaí. Esse momento histórico poderá ser visto pela multidão, que participa todo ano da Caminhada Penitencial Frei Bruno, durante a última sessão solene do Tribunal Eclesiástico para a Causa de Frei Bruno em frente à Catedral Santa Terezinha de Joaçaba, no dia 25 de fevereiro, dia da morte de Frei Bruno, às 8 horas. Em seguida terá início a Caminhada Penitencial que terminará no Cemitério Frei Edgar com a Celebração Eucarística.
“É uma grande satisfação estar informando neste momento que estamos encerrando o processo diocesano da Causa de Frei Bruno. Há cinco anos criei o Tribunal eclesiástico e iniciei o processo para a beatificação de Frei Bruno. Graças a Deus, com o empenho do Tribunal que recolheu os depoimentos e testemunhos das pessoas e da Comissão Histórica, estamos concluindo esta fase para enviar o processo a Roma, entregando a documentação lacrada aos dois vice-postuladores, Frei Estêvão Ottenbreit e Frei Alex Ciarnoscki, que farão chegar a documentação às mãos do Postulador da Ordem Franciscana, Giuseppe Califano. Ele, por sua vez, entregará os documentos à Congregação para as Causas dos Santos no Vaticano”, adiantou D. Mário.
Segundo o bispo, o coroamento desta fase é resultado da demonstração de fé do povo através das caminhadas penitenciais e do amor a Frei Bruno. “Tudo isso veio fortalecer a nossa ação cristã, a nossa evangelização, a nossa missão como cristãos no mundo tendo em vista que Frei Bruno, como um bom franciscano, na sua humildade e seu jeito de ser, marcou tanto nossa região no Oeste Catarinense e toda Santa Catarina. Por isso, nos orgulhamos e esperamos que seja aprovado esse processo e que seja conhecido futuramente, além de sua beatificação, a sua canonização”, destacou o bispo franciscano capuchinho.
O processo da Causa de Frei Bruno recebeu o “nihil obstat” (nada contrário) no dia 7 de maio de 2013, quando o Cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, enviou documento a D. Mário Marquez informando não existir impedimento para iniciar oficialmente o processo de beatificação do frade franciscano da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. No mesmo ano, no dia 30 de outubro, foi instalado o Tribunal Eclesiástico da Diocese, formado por: Pe. Davi Lenor Ribeiro dos Santos, delegado do bispo, Pe. Clair José Lovera, promotor de justiça; Michelle Selig, notária (secretária); e Cláudio Orço, notário auxiliar. Trabalhou neste processo também uma Comissão histórica formada por Frei Clarêncio Neotti e a historiadora Iraci Lopes, que teve a missão de recolher toda a documentação sobre Frei Bruno, tudo o que se escreveu sobre ele e todas as referências à vida e santidade de Frei Bruno.
“Depois de quase 5 anos nos vimos cada vez mais como Frei Bruno viveu as virtudes cristãs em grau heroico. Podemos chegar à conclusão que Frei Bruno foi uma pessoa de Deus. Uma pessoa que viveu a sua vida cristã, a sua vocação cristã, de uma forma tão intensa, torna-se para nós modelo de vida consagrada e de vivência cristã. Para o povo da região do Oeste Catarinense e do Vale do Itajaí, celebrar este momento, esta caminhada, é motivo para agradecer a Deus que nos concedeu Frei Bruno como amigo e como intercessor junto ao povo de Deus”, celebra o vice-postulador Frei Alex Ciarnoscki. “Aqui merece ser feito um agradecimento a Dom Mário e aos membros do Tribunal Eclesiástico – Pe. Davi, Pe. Clair, Michelle, Cláudio) e à Comissão Histórica pelo grande trabalho feito”, enfatizou o frade.
Segundo Frei Alex, a documentação será encaminhada para a Secretaria da Congregação da Causa dos Santos, em Roma, e depois se aguardará a avaliação positiva da Secretaria. “Depois desta fase, o Tribunal deverá agora começar a segunda próxima etapa, que se trata de recolher aqueles pretensos milagres realizados por intercessão de Frei Bruno. Essa etapa deverá começar em meados deste ano”, adiantou Frei Alex.
COMO FOI A ETAPA DIOCESANA
O primeiro passo para um pedido de beatificação é o clamor popular diante da fama de santidade. No caso de Frei Bruno, isso pôde ser visto intensamente há 28 anos na Caminhada Penitencial Frei Bruno. A partir dessa constatação, a Província Franciscana da Imaculada Conceição, através do seu Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, fez o pedido para abertura da causa, através do documento oficial “Libellum Supplicem” ao bispo diocesano D. Mário Marquez. De acordo com as regras da Santa Sé para a fase diocesana dos processos de canonização, é o bispo da diocese onde faleceu o candidato à santidade que abre o processo. Frei Bruno morreu em Joaçaba no dia 25 de fevereiro de 1960, aos 83 anos de idade.
Com a acolhida do pedido feito pela Província, o bispo fez em seguida uma consulta aos bispos do Regional de Santa Catarina. Tendo o sinal verde dos bispos, ele encaminhou o pedido de abertura do processo ao responsável da Congregação da Causa dos Santos, em Roma, para pedir o “nihil obstat”, um decreto para mostrar que não existe um obstáculo que deponha contra a causa. Esse documento da Congregação foi enviado a D. Mário no dia 7 de maio de 2013.
Com essas duas garantias, dos bispos do Regional e de Roma, o processo pôde caminhar e D. Mário nomeou e instalou o Tribunal Eclesiástico no dia 30 de outubro de 2013.
Desde então, o Tribunal trabalhou na elaboração do processo, do qual constam os documentos oficiais necessários para a sua abertura; 33 depoimentos de pessoas que conheceram e conviveram com Frei Bruno; uma biografia completa, acompanhada de documentos históricos; os escritos de Frei Bruno, acompanhados de uma avaliação teológica. No total, serão anexadas 5.000 folhas aos autos do processo.
Terminadas as investigações, os autos serão enviados em duas cópias à Congregação para as Causas dos Santos e os originais ficarão em poder do bispo D. Mário.
PRÓXIMA ETAPA – FASE ROMANA
A Congregação para as Causas dos Santos, presidida pelo Cardeal Prefeito Angelo Amato, vai receber o processo da Causa de Frei Bruno. Um relator desta Congregação dará parecer positivo ou negativo sobre a causa. Esse parecer é submetido a votações de uma comissão teológica e, depois, dos bispos e cardeais membros da Congregação. Se eles decidirem pela continuidade da causa, enviam ao Papa o pedido para um decreto de reconhecimento das virtudes heroicas. Se o Papa aceita a solicitação, o candidato passa a ser chamado “venerável”.
Para ser beato, ou bem-aventurado, que significa representar um modelo de vida para a comunidade, será necessário o reconhecimento de um milagre realizado por intercessão do Servo de Deus. No caso de Frei Bruno já existem relatos de graças e eventuais curas que serão analisadas pelo Tribunal a partir da metade deste ano. Deve-se, portanto, incentivar o povo cristão a pedir um milagre pela intercessão de Frei Bruno.
Depois, ainda é preciso passar por mais uma fase: a canonização. Para ser proclamado santo é imprescindível a comprovação de outro milagre, que deve ocorrer após seu reconhecimento como beato.
PEQUENA BIOGRAFIA
FREI BRUNO LINDEN
* Dusseldorf, Alemanha, 08/09/1876
† Joaçaba, SC, 25/02/1960 (c/ 83 anos)
1894 – Chegada ao Brasil
1898 – Profissão solene
1901 – Ordenação presbiteral – Petrópolis
1902 – Petrópolis (RJ) – vigário paroquial
1904-1909 – Gaspar (SC) como superior e pároco e, a partir de 1906, como vigário paroquial.
1909 – São José (SC) como vigário paroquial e bibliotecário e, a partir de 1914, como superior e pároco.
1917 – Não-Me-Toque (RS), como superior e pároco.
1926 -1945 – Rodeio (SC), como guardião e pároco.
1945 – Esteves Júnior (SC) – apenas no mês de janeiro.
1945-1952 – Xaxim, como superior e pároco a partir de novembro. Em 1952, como vigário paroquial.
1956-1960 – Joaçaba, vigário cooperador, quando ficou no início de fevereiro alguns meses em Luzerna. Morreu em Joaçaba.