Frei Medella pede para deixar Jesus no centro de nossa vida
04/06/2017
Moacir Beggo
São Paulo (SP) – Domingo de sol, manhã agradável de outono, para muita gente o centro velho de São Paulo é “morto”. Mas no Largo São Francisco, o domingo de Pentecostes mostrou uma Igreja viva e participativa. Às 10h30, a igreja do Convento São Francisco, que celebra 370 anos de fundação neste ano, ficou cheia de fiéis para celebrar Antônio, na sua Trezena; Maria, no Ano Mariano; e o Espírito Santo na solenidade deste dia.
Neste domingo, a Trezena chegou ao quinto dia e o pregador, Frei Gustavo Medella, refletiu sobre o tema “Santo Antônio e Santa Maria, ajudai-nos a nos tornar morada do Espírito”.
O Definidor e coordenador da Frente de Comunicação da Província da Imaculada tomou um texto de Santo Antônio, “um teólogo brilhante e intelectual de primeira linha”, para fundamentar sua reflexão.
“Santo Antônio chama a atenção para o significado da saudação que Jesus repete várias vezes: ‘A paz esteja convosco’. O santo destaca que a palavra PAZ, composta por três letras, em latim PAX (P A X) é um convite de Jesus à fé na unidade da Trindade. O “P” refere-se ao Pai, o “A”, primeira vogal, aponta para Jesus, a voz (ou vogal) do Pai, e o “X”, consoante dupla, é o Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho. Ao nos dizer, ainda hoje, a ‘paz esteja convosco’, Jesus nos recomenda a fé na unidade da Trindade. Em relação à Trindade, pela fé, Maria é Filha do Pai, Mãe do Filho e esposa do Espírito Santo. Eis aí o primeiro elemento para sermos morada do Espírito: a fé na Trindade Santa”, explicou.
Segundo Frei Gustavo, outro ponto destacado por Antônio é a posição na qual Jesus se coloca entre os seus: sempre no meio deles. “Santo Antônio nos lembra que o centro é o lugar que compete a Jesus, no céu, no seio da Virgem, na manjedoura e na cruz. No céu, segundo diz o livro do Apocalipse, o ‘Cordeiro está no centro do trono, isto é, no Seio do Pai’; no ventre de Maria, Nossa Senhora é símbolo dos habitantes de Sião, sobre os quais diz o profeta Isaías: ‘Exultai e cantai louvores, habitantes de Sião, porque grande é no meio de vós o Santo de Israel’ (Is 12,6); na manjedoura, colocado entre dois animais; sobre o madeiro da cruz, crucificado entre dois condenados. Sempre ao centro. Por isso, diz Antônio: ‘Jesus está no centro de todo coração. Está no centro porque dele, como do centro, todos os raios da graça se irradiam a nós que caminhamos ao seu redor e nos agitamos na periferia’”, acrescentou o frade, citando os raios que irradiam do Sagrado Coração de Jesus.
Para o frade, Jesus diz ainda que está em ‘vosso meio’ como aquele que serve. “Justamente porque Jesus está no centro é que o cristão tem a segurança de sair de si. Os apóstolos, cheios do Espírito Santo, fizeram-se compreender porque ganharam a coragem de abandonar os próprios medos, tiveram a capacidade de ir ao encontro do outro para anunciar com as palavras e com a vida as maravilhas do Senhor. Está aí a segunda lição que Maria e Antônio nos ensinam para sermos morada do Espírito: Deixar que Jesus seja o centro em nossas vidas para termos a coragem de sair de nós mesmos para nos colocar a serviço da humanidade. ‘Eu estou em vosso meio como aquele que serve’. É deste modo que devemos estar no meio do mundo”, enfatizou Frei Gustavo.
O frade terminou a homilia dando um alento às pessoas. “E quando caímos no pecado do egoísmo e da indiferença? Baseando-se no exemplo de São Pedro, que foi capaz de negar Jesus por três vezes, Santo Antônio nos instrui: ‘Pedro que, antes de todos, tinha caído renegando-O, levantou-se no meio dos irmãos, indicando com isso a nós que, levantando-nos do pecado, nos colocamos no meio dos irmãos, porque no centro existe o amor que se estende seja ao amigo ou ao inimigo’”, ensinou.
Todo dia, Frei Gustavo deixa uma “tarefa de casa” para refletir. Ontem, ele esqueceu do desafio e deixou, neste domingo, duas tarefas: “Reforcemos nossa fé na Santíssima Trindade pela oração e meditação e busquemos sair de nós para nos colocarmos à disposição do outro, perguntando-nos, o que eu posso fazer por aqueles que precisam de mim?”.
No encerramento da celebração, ao fechar-se o Tempo da Páscoa, o Círio foi apagado. Segundo Frei Medella, como discípulos de Jesus, cheios do Espírito Santo, agora devemos ser nós a “Luz de Cristo” que se irradia em meio aos irmãos. Frei Medella deu a bênção final, própria para o dia.
A Missa das 10h30 conta com as crianças da catequese, que participaram ativamente da liturgia. O pároco, Frei Alvaci Mendes da Luz, lembrou que nesta segunda a Trezena continua ao meio-dia. Uma das campanhas da Paróquia, segundo Frei Alvaci, é angariar fundos para restaurar e pintar a fachada do Convento até setembro, quando serão celebrados, festivamente, os 370 anos do Convento.