Festa da Penha começa neste domingo de Páscoa
12/04/2017
Moacir Beggo
O segundo santuário mariano mais visitado no Brasil, o Convento da Penha, em Vila Velha (ES), começará neste domingo, 16 de abril, as celebrações preparatórias para a grande festa de Nossa Senhora da Penha, que é realizada sempre na segunda-feira da oitava da Páscoa, ou seja, no dia 24 de abril. Neste ano, a festa acontecerá em meio a dois feriados prolongados, a Semana Santa e Tiradentes, e a expectativa é de que mais de 1 milhão de pessoas participem das celebrações e romarias durante este período, tendo em vista os anos anteriores.
Segundo o guardião e reitor do Convento e Santuário da Penha, Frei Paulo Pereira, “ano a ano é notável o crescimento do número de pessoas que participam da programação, e na edição deste ano, com a graça de Deus, não será diferente”, espera. Para o guardião do Convento, o povo capixaba revela-se em diversas manifestações. “A Festa da Penha é, certamente, a mais destacada”, explica o frade.
O frade destaca que, além de todo o momento de fé proporcionado pelo evento, o Convento da Penha é uma excelente opção de visita pela importância do monumento para a história e para a cultura do Espírito Santo. “O Convento, ao longo do tempo, foi convertido no ícone da identidade do povo capixaba”, acrescenta.
Este ano, a Festa da Penha terá onze romarias, incluindo a tradicional Romaria dos Homens, que tem a maior participação de todo o oitavário. A Romaria dos Homens nasceu em 1958 e não tem similar no mundo, principalmente pelo expressivo número de mais de 500 mil participantes que percorrem 14 quilômetros, entoando cânticos e orações. É realizada no primeiro sábado após a Páscoa, à noite, saindo da praça da Catedral Metropolitana de Vitória até o Parque da Prainha, quando se dá a Celebração Eucarística por volta das 23h30. Por trás de todas as romarias e celebrações está um ‘exército’ de voluntários. “Pode-se afirmar que a alma da Festa da Penha tem a marca da boa vontade e do generoso serviço”, explica Frei Paulo.
A Festa da Penha é a maior manifestação religiosa do Espírito Santo e a terceira maior festa religiosa do país, atrás apenas da festa da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, no estado de São Paulo, e a do Círio de Nazaré, em Belém, no Pará.
Ao contrário da palavra novena, muito comum na liturgia, a palavra oitavário não é muito conhecida. O oitavário acontece em vista da grande festa de Nossa Senhora das 7 Alegrias, que é celebrada na segunda-feira após a oitava da Páscoa.
PROGRAMAÇÃO RELIGIOSAOitavário16 a 24 de abril às 14h30 no Caminho 16 de abrilBênção da Romaria dos Cavaleiros às 10h na Prainha 17 de abrilSimpósio Mariano no Santuário de Vila Velha às 19h30. 18 de abrilCelebração e bênção para casais no Campinho às 20h. 19 de abrilApresentação do Grupo de Teatro Shalom no Campinho do Convento às 19h30. 20 de abrilApresentação da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo no Santuário de Vila Velha às 19h30. 21 de abrilCantando com Maria (Frei Florival, Frei Paulo César e Jovens de Terra Vermelha) no Campinho às 19h30. 22 de abrilRomaria da Diocese de São Mateus às 8h no Campinho. 23 de abrilMissa da Diocese de Colatina no Campinho às 8h. 24 de abrilMissa da CRB e Seminário no Campinho às 7h. PROGRAMAÇÃO FESTIVA |
ENTREVISTA
Frei Paulo Pereira
Site Franciscanos – Durante todo o tempo que esteve como guardião do Santuário do Divino Espírito Santo, o sr. participou de pelo menos um dia do Oitavário. Desta vez, terá o desafio de conduzir a sua primeira Festa da Penha. Quais são as suas expectativas?
Frei Paulo Roberto Pereira – A Festa da Penha movimenta a cidade de Vila Velha, a Arquidiocese de Vitória, o Estado do Espírito Santo inteiro. Assim, nos seis anos que fiz parte da fraternidade franciscana a serviço da Paróquia do Rosário pude experimentar a grandiosidade deste evento. Sempre repito que, olhando à distância, o movimento do Convento da Penha é bem grande; estando diretamente envolvido na missão deste santuário, posso dizer que o movimento é um sem-número de vezes maior. A missão do Convento se estende para além do aspecto devocional, supera os espaços dos exercícios de piedade, amplifica a dimensão da penitência e da romaria. O Convento, ao longo do tempo, foi convertido no ícone da identidade do povo capixaba; não erra quem diz que todo capixaba tem uma parte do Convento no seu coração. Tais elementos justificam o gigantismo da Festa da Penha.
A expectativa cresce à medida que a Festa se aproxima. Cresce também o envolvimento de todos, voluntários, poderes públicos, frades, amigos do Convento e do povo fiel. Ano a ano é notável o crescimento do número de pessoas que participam da programação, e na edição deste ano, com a graça de Deus, não será diferente. Num tempo marcado pela palavra crise, tendo vivido recentemente experiências traumáticas como a lama no Rio Doce, a seca que assola o Estado, a greve dos policiais, o povo capixaba sabe que vai encontrar no sorriso da Virgem das Alegrias o alento e o vigor necessários para seguir crendo, seguir cultivando o sonho de uma Terra Sem Males.
Site Franciscanos – Como foi a preparação da festa? Como se deu o envolvimento dos voluntários?
Frei Paulo – Frei Valdecir, guardião do Convento até a última festa, quando perguntado sobre o número de voluntários dizia que era impossível afirmar com precisão. Afinal, àqueles mais de quatrocentos inscritos e identificados com camisetas especialmente confeccionadas para os dias da Festa, se somava uma enorme quantidade de gente anônima que, com dedicação e empenho, criatividade e devoção desenvolvia alguma atividade relacionada à Festa. Assim, pode-se afirmar que a alma da Festa da Penha tem a marca da boa vontade e do generoso serviço.
Desde meados do ano passado uma equipe formada por agentes da Mitra Diocesana, da Associação dos Amigos do Convento da Penha e da Fraternidade Franciscana, tem se reunido para organizar a Festa. São muitas as dimensões a serem planejadas, afinal é uma festa das Igreja Locais do Espírito Santo. As Comunidades de Base, os Serviços e Pastorais de todas as Dioceses do Estado marcam presença. É uma festa religiosa que tem apelos culturais e turísticos. A comissão tem que estar atenta a tudo isso.
Site Franciscanos – Como o sr. vê essa forte manifestação de fé no Espírito Santo?
Frei Paulo – Marcadamente religioso, o povo capixaba revela-se em diversas manifestações. A Festa da Penha é, certamente, a mais destacada. As romarias, o encontro com Deus no alto da montanha, a devoção mariana, na Festa estão unidas numa só expressão. Tal expressão, tão ao jeito do povo simples buscar a Deus e cultivar sua fé, garante a grandiosidade e beleza da Festa da Penha.
Site Franciscanos – Quais as diferenças de ser um guardião no Santuário do Divino Espírito Santo e ser guardião no Convento da Penha?
Frei Paulo – Na forma franciscana de organizar a vida e a missão, ao Guardião é dada a tarefa de animar os irmãos; esta tarefa é igual em todas as casas da Província. Entretanto, no imaginário do povo do Espírito Santo, o guardião da Penha é aquele que guarda a casa de Nossa Senhora. Neste aspecto, é preciso ser mais cuidadoso. Sem fugir das responsabilidades próprias, sobretudo no trato com as esferas de governo, o Guardião do Convento da Penha deve procurar revelar a dimensão da fraternidade, marca fundamental da evangelização franciscana.
Site Franciscanos – A Festa deste ano acontece em meio a dois feriados prolongados. O sr. acredita que isso possa aumentar a participação nas celebrações?
Frei Paulo – A Semana Santa já é olhada por muitos como “Feriadão”; com esse nome abordada pela imprensa tradicional, com essa designação são elaborados esquemas especiais de atendimento nos bancos e serviços em geral e até a ação das polícias, sobretudo a rodoviária. Os cristãos católicos são chamados a viver este tempo com intensidade e fé. Neste espírito, entre os capixabas a Semana Santa é estendida até a Festa da Penha.
O dia 21 de abril, feriado de Tiradentes e da Inconfidência Mineira, será numa sexta-feira e com a Festa da Penha na segunda seguinte, formará um conjunto de quatro dias feriados. É difícil imaginar o impacto destas folgas na participação dos romeiros e devotos. Se, de um lado, pode haver um esvaziamento por conta de viagens, de outro, mais pessoas terão tempo livre para virem participar da Festa. Esta é a expectativa.
A proximidade da Festa da Penha, a ser celebrada entre os dias 16 a 24 de abril, sugere que sejam intensificadas as preces para que se converta em momento de revitalização da fé e da missão de cada um e de toda a Igreja.
Virgem das Alegrias, rogai por nós!