Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Capítulo Geral da Ordem começa neste domingo

04/05/2015

Notícias

Moacir Beggo
Representantes de 120 países da Ordem dos Frades Menores estarão reunidos, de 10 de maio a 7 de junho, em Santa Maria dos Anjos, Assis, na Itália, por ocasião do Capítulo Geral. Este grande evento para a Ordem dos Frades Menores tem como tema “Irmãos e Menores no nosso tempo”. Desta Província Franciscana da Imaculada Conceição estarão participando o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel e Frei Walter de Carvalho Júnior, representante dos Irmãos Leigos da Conferência Brasileira (CFMB). Do Brasil participam ainda 6 provinciais e 3 custódios, representando mais nove entidades.
“O Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores é uma assembleia que reúne irmãos de todas as partes do mundo. Não importa a nacionalidade, a língua, a cultura e o costume de cada irmão capitular, uma vez que a comunhão de todos representa a universalidade da Ordem. Por isso, aquilo que realmente importa é a comum compreensão da linguagem do Evangelho, tal como no primeiro Pentecostes da Igreja (At 2,6-7), ou nos primitivos capítulos de Pentecostes onde os irmãos simplesmente ‘discutiam como pudessem fielmente observar a Regra e o Santo Evangelho'(LTC 53)”, explica Frei Fidêncio.

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Frei Fidêncio (à esq.) e Frei Walter

Este Capítulo vai eleger também o 121º representante de São Francisco de Assis. Atualmente, a Ordem dos Frades Menores tem como Ministro Geral o norte-americano Frei Michael Perry, que foi eleito em 22 de maio de 2013 depois que o Papa Francisco nomeou o então Ministro Geral da Ordem, Frei José Rodríguez Carballo, arcebispo. A eleição do novo Ministro Geral está programada para o dia 21 de maio, uma quinta-feira que antecede à Solenidade do Domingo de Pentecostes.
“A eleição, na compreensão de São Francisco, significa escolher um irmão que seja o ‘custódio’ (RB 8,2). E se você me pergunta: Custódio para ‘custodiar’ (cuidar/vigiar) o quê ou a quem? Respondo: O ‘custodiar’ de um Ministro significa cuidar e/ou vigiar para que a essência do Santo Evangelho seja observada por todos os Irmãos; custodiar significa atender (estar voltado) e fazer valer a observância da mútua aliança prometida na profissão religiosa da nossa Vida e Regra; custodiar é vigiar (ser sentinela) para que os valores essenciais do carisma (“não perder de vista o ponto de partida”, diria Santa Clara), não fiquem ofuscados na alma do frade ou perdidos num horizonte distante da realidade do cotidiano. E quais valores? A fé, a catolicidade, a fraternidade, a missionariedade, a itinerância, a obediência, a pobreza, a minoridade, a castidade, a partilha, o cuidado por tudo o que S. Francisco chama de irmão e irmã, etc. Este ‘custodiar’ não é tarefa exclusiva de um único frade (do Ministro Geral/Custódio), mas de cada irmão-menor de ontem, do hoje e do amanhã. Esta corresponsabilidade torna-nos livres e felizes para acolher na fé estas palavras de São Francisco: eleger um custódio é escolher um irmão “ao qual todos estão firmemente obrigados a obedecer” (RB 8,1b)”, detalha o Ministro Provincial.
Sobre o tema, Frei Fidêncio diz que são filhos-irmãos, concebidos por São Francisco de Assis como “Frades Menores” (cf. 1Cel 38), unidos pelo vínculo da unidade. “Foi assim que passaram a ser reconhecidos ao longo da história da Igreja. Eis, portanto, a razão maior da escolha do tema do Capítulo Geral: ‘Irmãos e Menores no nosso Tempo'”, observa.
“Viver como “Irmãos e Menores no nosso tempo” nos provoca a um redimensionamento da nossa vida pessoal, fraterna e das nossas estruturas. Somos convocados, no nosso tempo, a rever nossa vida com Deus, nossa qualidade evangélica nas nossas relações fraternas, o espírito da originalidade do nosso carisma, a nossa paixão pela evangelização feita em fraternidade e a partir da fraternidade, o nosso diálogo com o mundo e as culturas. Somos provocados a rever e a redimensionar o nosso ‘ser-menor’, enquanto irmãos”, adianta Frei Fidêncio.
Os Capítulos sempre tiveram importância na vida da Ordem, para não perderem de vista o espírito primitivo fundacional. Já de início, São Francisco exigia de seus frades encontros fraternos como condição fundamental de vida.
Quando a Fraternidade tinha atingido o número de oito frades, Francisco os reuniu e lhes falou muitas coisas do Reino de Deus, da conversão pessoal, da abnegação de si mesmo, depois os separou dois a dois e os enviou para os quatro cantos do mundo, para que anunciassem a paz e a penitência.
A segunda reunião aconteceu no retorno deles, quando prestavam conta de seus atos e se penitenciavam por não terem sido suficientemente fiéis. Desses dois encontros já se depreende com facilidade os elementos constitutivos de um capítulo: vida espiritual, organização da vida em comum e organização da vida apostólica. “Reuniam-se com prazer e gostavam de estar juntos” (3). Porque eram peregrinos e itinerantes, viam a reunião fraterna como uma forma de consolidação do projeto de comunhão de vida consagrada ao seguimento de Jesus Cristo.
PEQUENA CRONOLOGIA –  Em 1212, Francisco determinou dois capítulos anuais: um em Pentecostes e outro em setembro, na festa de São Miguel (em torno de 300 frades);

  • Em 1216, Jacques de Vitry afirmava que os frades se reuniam uma vez por ano, em lugar marcado, para se alegrarem no Senhor, comerem juntos, para formular e promulgar leis;
  • Em 1217, a Ordem é dividida em Províncias, pelo aumento do número dos Frades e para facilitar o governo. Começam os Capítulos Gerais, formados com os Ministros Provinciais, e o Capítulos Provinciais, com a mesma dinâmica dos Capítulo Geral;
  • Em 1223, o Capítulo Geral passa a ser realizado de três em três anos, em Pentecostes;
  • Em 1239, ao encerrar o mandato de Frei Elias, foram promulgadas as primeiras Constituições Gerais da Ordem;
  • Para São Francisco, o Capítulo Provincial era esperado com ansiedade, pela importância que tinha na vida da Ordem.
  • Após o Concilio Vaticano 2º, as Constituições Gerais preveem a possibilidade de Capítulo Provincial Extraordinário em fidelidade às estruturas de governo da Ordem.