Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

A devoção popular ao Divino em Santa Catarina

11/05/2018

Notícias

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Frei Daniel Dellandrea

Santo Amaro da Imperatriz (SC) – Desde 1854, a Festa em honra ao Divino Espírito Santo é celebrada na Paróquia de Santo Amaro, mantendo suas tradições com base em sua história, cultura e na forte devoção de seu povo.  Visitar Santo Amaro da Imperatriz durante o mês que será celebrada a festa, é deparar-se com ruas enfeitadas de bandeirolas, casas e lojas ornamentadas com a “pomba do Divino”, escutar toques de tambor, de cantorias e insistentes foguetes. Sinais que evidenciam o grande evento social e religioso que se tornou a Festa do Divino para essa localidade.

As festividades do Divino tem início no domingo da Páscoa. Como de costume, na missa das 19h, ocorre solenemente o envio das Bandeiras. O pároco abençoa as sete Bandeiras, invocando o Divino Espírito Santo e as entrega aos procuradores da Bandeira, que têm como missão conduzi-las às casas dos paroquianos.

Na paróquia de Santo Amaro são instituídos 33 procuradores. Cada procurador conduz a Bandeira em seu quarteirão ou em todo o bairro que reside. Junto do procurador, acompanham pessoas que, por devoção ou em pagamento de promessas, levam a Bandeira e a salva ornada de flores onde serão colocados os donativos em dinheiro. Ao longo do trajeto, é costume o toque de instrumentos de percussão (tambor e bumbo) e foguetes para anunciar a passagem da Bandeira peditória, costume este que originou na época em que a maioria da população vivia da roça. Ao ouvir os foguetes e o toque do tambor, corriam do meio das plantações para suas casas, pois a Bandeira se aproximava.

Ao chegar às casas, empresas ou estabelecimentos comerciais, as pessoas beijam a pombinha do Divino e se emocionam com a visita da Bandeira.  Muitos se reúnem em torno dela, segurando as fitas coloridas, fazendo suas preces, orações e cantos em louvor ao Divino. Também é comum a Bandeira percorrer as dependências da casa ou do estabelecimento como uma forma de abençoar todos os espaços. Na saída, os fiéis beijam de novo a Bandeira e alguns acrescentam mais uma fita ao mastro, ou cortam um pedacinho da fita de acordo com a sua promessa. O procurador aproveita a oportunidade para deixar um folder da programação das novenas e da Festa do decorrente ano. Após isso, em sinal de agradecimento, oferecem uma contribuição sendo colocada na salva de flores.

À noite são realizadas as tradicionais novenas açorianas, geralmente na casa dos procuradores ou de alguma outra família. Diante dos criativos altares montados pela família que recebe, o Capelão conduz cânticos, orações e ladainhas em honra de Nossa Senhora e do Divino Espírito Santo. Terminada a novena, o procurador inicia o tradicional leilão das massas oferecidas ao Divino e, em algumas ocasiões, um Grupo Folclórico realiza a cantoria do Divino, onde o folião-mestre entoa, como no passado, os versos inspirados na hora, sendo repetidos pelos demais componentes do grupo. Ao final da cantoria, é passada a salva para os fiéis que desejam contribuir e, pelas mãos do procurador, é conduzida a Bandeira do Divino no meio do povo para ser tocada.

Nove dias antes da Festa do Divino têm início à novena de Pentecostes, que é celebrada na Igreja Matriz e preparada pelo Conselho Pastoral da Comunidade (CPC). Nesta novena são refletidos temas referentes ao Espírito Santo e sua ação inovadora na Igreja. A novena deste ano acontece de 10 a 18 de maio e traz o tema “As virtudes de viver no Espírito Santo”.

Este período de 50 dias entre o domingo da Páscoa e o dia de Pentecostes é de suma importância para a realização da Festa do Divino. É uma verdadeira missão popular, onde os próprios leigos visitam as residências das pessoas conduzindo a Bandeira do Divino como símbolo da fé. Numa perspectiva religiosa, as visitas da Bandeira e a realização das novenas açorianas servem de motivação para a vivência da fé cristã, como também para a propagação da devoção ao Divino. Já numa perspectiva de publicidade, a visita da Bandeira e as novenas ajudam na divulgação da festa e acaba gerando no povo uma expectativa positiva e o desejo de participar dos dias do evento.

É um tempo de louvor, de gratidão e de promessas a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. As novenas populares, a visita da Bandeira do Divino, o cortejo e as belas celebrações de Pentecostes mesclam harmonicamente entre a simplicidade e nobreza.  As graças alcançadas e a certeza dos dons Divinos recebidos transformam-se em generosidade nas ofertas e na disposição em servir.  Constata-se assim que a forte espiritualidade em torno da Festa do Divino desperta nos fiéis um maior compromisso comunitário e eclesial.