Frei Jean: “Hoje é o dia mais feliz da minha vida”
21/11/2015
Frei Augusto Gabriel e Moacir Beggo
São José da Barra (MG) – Depois de duas horas e meia de uma celebração simples e bela, a ordenação presbiteral de Frei Jean Carlos Ajluni de Oliveira, neste sábado (21/11), no ginásio poliesportivo de São José da Barra (MG), parecia caminhar para o final tranquilamente, quando vieram os agradecimentos e sobrou emoção para todos. Frei Jean, que segurou o choro durante todo o rito, não resistiu e, em vários momentos, teve de interromper a sua fala. “Eu falo brincando que demorei vinte anos para ser padre, mas valeu a emoção por todos esses anos. Hoje, certamente, é o dia mais feliz da minha vida. Espero que eu seja muito feliz, e certamente serei, perseverando no sacerdócio”, professou, emocionando a todos e especialmente a família.
E foi assim durante três horas (das 17 às 20 horas). Frei Jean abraçou o ministério presbiteral num dia que ficará para sempre na memória do povo da pequena cidade São José da Barra. Cerca de 40 frades e religiosas de todos os cantos do país, um ônibus de amigos do Rio de Janeiro, uma amiga da Itália e amigos da Síria se juntaram ao bispo Dom Caetano Ferrari, da Diocese de Bauru e ex-provincial da Província da Imaculada, ao pároco Pe. Janício de Carvalho Machado para celebrar esse momento de entrega na vida de Frei Jean. Ou como disse D. Caetano: “Frei Jean quer ser padre a partir de Jesus, para glorificar o Pai, para produzir frutos de bem, na partilha do pão e no serviço de lava-pés”, enfatizou o bispo, que também recebeu a primeira profissão do ordenando na Ordem Franciscana quando era Provincial da Província da Imaculada.
Num momento de tantas atrocidades promovidas por terroristas no mundo, D. Caetano ressaltou a escolha para o bem e para a paz de Frei Jean. “Que bom a gente ver e assistir numa comunidade um jovem que quer produzir frutos, não de guerra, não de ódio, não de morte, mas frutos de bem; partilhando a vida, o pão, lavando os pés, ao modo de Francisco, irmão do bem, da misericórdia, irmão da paz”, disse D. Caetano.
Frei Luís Fernando, D. Caetano, Frei Jean e o Pe. Janício
Exortou Frei Jean que, sozinho, não vai conseguir viver esse ideal. “Só permanecendo ligado ao tronco da videira, que é Jesus, poderemos conseguir”, disse, referindo-se ao Evangelho. D. Caetano citou o Papa Francisco no final e lembrou que ele sempre pede conversão de vida. “O padre é tirado do povo para servir o povo e viver no meio do povo. O padre e o bispo são assim. Não devem exercer o ministério com se fossem funcionários”, disse. “Somos padres não para nós mesmos, mas para os outros. Para a Igreja. Não somos anjos, mas humanos. O povo compreende bem isso”, completou, agradecendo Frei Jean por tê-lo convidado para esta celebração.
Após a homilia, o rito continuou com o propósito do eleito (VEJA MAIS SOBRE O RITO DE ORDENAÇÃO). Em seguida, foi cantada a Ladainha de todos os Santos, quando o eleito prostrou-se, como sinal de sua total entrega a Deus. Veio, então, o momento central da ordenação com a imposição das mãos e a Prece de Ordenação. Na sequência, a última parte do rito: unção das mãos, vestição do eleito com a casula e a estola.
Os amigos de Frei Jean, Fátima e Sergio, trouxeram suas vestes sacerdotais. Pe. Nélson Fernandes, antigo pároco desta Paróquia e quem batizou Frei Jean, teve a alegria de revesti-lo com as vestes sagradas, enquanto o coro entoou: “Reveste-me Senhor com a tua graça”.
Frei Jean dá a bênção à sua irmã gêmea Jeane
Depois, com a unção das mãos com o óleo do santo Crisma, D. Caetano atou as mãos de Frei Jean e sua mãe, D. Catarina, desatou a fita e recebeu a primeira bênção do neopresbítero. Os sobrinhos, Davi e João Gabriel, carregaram em procissão o cálice e a patena para serem entregues a Frei Jean. O rito terminou com o abraço do bispo, dos sacerdotes e religiosos e da família. Na sequência, teve início da liturgia eucarística.
PÓS-COMUNHÃO
Frei Jean, que viveu em Jerusalém e tem descendência árabe, pode contar com a presença de um grupo de amigos sírios, refugiados que estão residindo em Belo Horizonte e vieram junto com o Pe. George Rateb Massis, da Igreja do Sagrado Coração de Jesus dos Siríacos Católicos. A jovem Naden Zakour emocionou com um belo canto em árabe que dizia assim, segundo explicou Frei Jean: “O Senhor é a luz dos dias da minha vida”.
AGRADECIMENTOS
Frei João Mannes, Definidor da Província, agradeceu em nome do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e de toda a Província, ao bispo D. Caetano, aos confrades, aos familiares, a Frei Diego Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional, ao povo e, por último, fez um agradecimento especial ao pároco Pe. Janício pelo acolhimento e dedicação nestes dias.
Pela comunidade, Raquel Queiroz disse que este foi um dia abençoado. “Deus recebeu o seu sim, Frei Jean. Deus o escolheu e fez o seu coração pertencer a ele e, a seu tempo, o chamou para o seu ministério. Seu sacerdócio nos enche de esperança. Sua juventude nos enche de sonhos. Sua fé enfeita nossa Igreja. Estamos aqui, seus amigos da boa terra, homens e mulheres de fé, que confiamos na sua vocação. Queremos tomar parte do seu sim. Pense em nós todos ao longo do seu ministério. Quando vier o cansaço, o medo, lembre-se deste dia, de nós”, prometeu.
Na sequência, um coro de crianças de flautas doces tocou e o maestro Tales cantou “Doce é sentir”, emocionando o povo e Frei Jean.
MAIS EMOÇÕES
“Louvado sejas meu Senhor por ter chamado à vida nesta família, nesta comunidade São José, e nesta família franciscana. Quero agradecer a Paróquia São José, de forma muito especial o Pe. Janício, que nesses dias não foi apenas um pároco. Ele foi o meu pai (o pai de Frei Jean é falecido) e nele agradeço a todos”, disse Frei Jean.
Frei Jean agradeceu os formadores de duas etapas em sua caminhada. “Dei uma parada no meio, mas foi vontade de Deus”, explicou. Ele também não esqueceu a família, os amigos, especialmente Maria Bruno, a italiana que fez a Primeira Leitura, e os seus amigos sírios que vieram de longe, assim como seus confrades da Custódia do Sagrado Coração de Jesus, da Província de Santa Cruz, da Província do Santíssimo Nome, da Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora e da Imaculada Conceição. “É quase uma reunião da Conferência dos Frades Menores do Brasil”, brincou. Mas ele chorou ao agradecer o canto dos sírios, ao agradecer D. Caetano e o povo.
“Quando entrei no Noviciado tinha um sonho muito grande de usar o hábito franciscano e o sr. entregou ele a mim. Hoje, realizo outro sonho de me vestir com as vestes sacerdotais. Os orientais têm o costume de rezar sempre pelos bispos de suas ordenações. Certamente sempre rezarei pelo sr.”, garantiu.
Por último, agradeceu seus colegas de turma que estavam presentes, o prefeito João Passos, e pessoas importantes da comunidade, como Rosa e Roseli, que ajudaram na organização desta celebração. Por último, consagrou o seu ministério a São Francisco, a São José e à Imaculada Conceição. Pediu aos frades que o ajudasse a cantar “Salve Mestre, Pai Amado”, “São José, a vós nosso amor” e “Imaculada Conceição”.
E, na confraternização, depois de um dia intenso, Frei Jean ainda teve forças para dançar com os sírios.
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