Festa de Nossa Senhora da Muxima espera quase um milhão de fiéis
20/08/2013
Angola – O Santuário de Nossa Senhora da Muxima, o maior espaço de devoção católica em Angola, está preparado para receber, de 31 de agosto a 1º de setembro, cerca de um milhão de pessoas para a peregrinação que tem neste ano o tema “Família levanta-te e caminha, família e cultura” e o lema “Creio senhor, aumenta a minha Fé; Mamã Muxima, intercede pelos que têm fé”. Segundo o reitor do Santuário, Pe. Albino Reis Gonzalo, um programa religioso será desenvolvido com vigília, terço, catequeses, confissões e via-sacra, culminando com a grande celebração da Santa Missa no último dia da festa.
Segundo o reitor, existe uma comissão e subcomissões da Igreja Católica e do Governo de Luanda para garantir a infraestrutura em transportes, deslocamentos, energia, água, saúde, alojamento, altar-mor e iluminação, comunicação social e uma zona comercial para venda de artigos religiosos.
Pe. Albino informou que várias paróquias estão em preparação para esta peregrinação ao Santuário e pediu para que se empenhem pelo bom andamento da festa. “O objetivo é oferecer aos peregrinos uma experiência de fé e de oração, pela reconciliação pessoal, familiar e social”, explicou.
Não se conhece a data da sua construção do Santuário. Estima-se que a Igreja da Nossa Senhora da Muxima foi fundada em 1599, por Baltazar Rebelo de Aragão.
A Igreja foi classificada como “monumento provincial” em 12 de Janeiro de 1924, quando o país era província de Portugal. Hoje tem caráter nacional, assim como o Forte da Muxima.
Em 1647, Muxima caiu nas mãos dos holandeses, mas as tropas portuguesas reconquistaram-na algum tempo depois. Existem outros santuários em Angola, mas Muxima é o que mais reúne católicos. É uma devoção que remonta ao ano de 1833. Cristãos percorriam quilômetros e quilômetros durante cinco dias para fazer chegarem as suas preces a Mamã Muxima. Tudo se pedia na Igreja da Senhora Conceição da Muxima, desde chuva, saúde e filhos; uma tradição que se conserva até hoje.
Os cristãos católicos das povoações do Kwanza reforçaram a sua devoção a Mamã Muxima, no final do século XIX, quando essas regiões foram “gravemente afetadas pela doença do sono (ou tripanossomíase africana) que dizimou populações inteiras”, conta o sacerdote angolano Padre Agostinho de Sousa, que foi pároco da Muxima.
Situado a 130 quilômetros de Luanda e a 90 de Calumbo, na margem esquerda do rio Kwanza, para se chegar à Igreja de Nossa Senhora de Muxima leva-se cerca de três horas, um privilégio que os devotos dos séculos passados não tinham. Antes, de Calumbo a Muxima fazia-se em três dias, pelo Rio Kwanza. A região tem um clima tropical, quente e úmido, e o período do ano mais quente vai de dezembro a abril.
Novo Santuário
A nova igreja está sendo construída para acolher no seu interior 4 mil fiéis e uma ampla praça central capaz de receber 120 mil peregrinos. A igreja tem um formato circular tal como é tradicional nos monumentos religiosos ligados ao culto mariano, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição, a quem o povo chama Nossa Senhora da Muxima ou Mamã Muxima.
Segundo as maquetes, o santuário, localizado na margem esquerda do rio Kwanza, em frente à velha igreja, tem uma arquitetura imponente. No alto do edifício está uma enorme cruz deitada, iluminada durante a noite, que se verá dos céus e dos morros da Kissama. Uma torre com sete sinos eleva-se ao lado do templo. Por detrás do altar, estarão 15 vitrais, captando o Sol do Norte.
“O projeto teve início em agosto do ano passado, com filmagens do espaço e da forma como os fiéis praticam a sua religiosidade. Esse exaustivo trabalho de campo foi uma peça essencial para as soluções arquitetônicas escolhidas”, justifica o projetista português Júlio Quaresma.
Mas este projeto de cerca de 40 milhões de euros é muito mais do que um santuário. A vila do Muxima ganhará uma escola, um posto de polícia, centro de saúde, restaurante, hotel com duas ou três estrelas, zona comercial formal e informal, centro comunitário, parque de campismo, espaços verdes e infraestruturas (redes eléctricas, esgotos e água) e ainda uma área agrícola para os habitantes da vila poderem explorar. No plano tecnológico está ainda incluído o uso de painéis solares. Na margem oposta será construído um complexo turístico.
Presença franciscana em Angola
O trabalho missionário da Província da Imaculada Conceição começou em Angola em 1990, quando enviou para Luanda os seus primeiros missionários. Hoje, a Missão Franciscana de Angola é um celeiro de vocações.
Em 23 anos de Missão em Angola, a Fundação Imaculada Mãe de Deus colhe os frutos desta presença evangelizadora. Além dos sete noviços que estão em Rodeio (SC), a Fundação já formou dois sacerdotes: Frei Afonso Quessongo e Frei António Baza, e tem como professos temporários: Frei Alfredo Epalanga Prego, Frei João Alberto Bunga, Frei Quintino Viqui Samayenje, Frei Santana Sebastião Cafunda, Frei Tiago Manuel Quingando, Frei Gaudêncio Numa, Frei João Batista Canjenjenga, Frei José MOrais Combolo, Frei Manuel Ramos e Frei Mvula André.
A Missão de Angola foi elevada à condição de Fundação, com o nome de Imaculada Mãe de Deus, no dia 26 de maio de 1998. Hoje, a Fundação tem cinco fraternidades: São Francisco de Assis, a casa-mãe que fica em Palanca, e onde os frades atendem a Paróquia de São Lucas (fundada em 2000); a Fraternidade Porciúncula, que fica em Viana (pós-Noviciado), as duas em Luanda, na capital angolana. Em Malange – a 430 quilômetros da capital -, existem a Fraternidade do Seminário Monte Alverne e a Fraternidade São Damião, as duas no bairro de Katepa; e em Quibala está a Fraternidade Santo Antônio, que também é casa de formação da etapa do postulantado.