Neste ano de 2025, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, da qual o Convento da Penha faz parte, celebra o Jubileu dos 350 anos de sua criação, por decisão do Papa Clemente X. A história passou, e o mesmo entusiasmo por partilhar a fé, a paz e o bem continua presente nos frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, criada a partir da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, a primaz do território brasileiro.

Na tarde desta terça-feira (15), foi realizada na Capela de Nossa Senhora da Penha, em Vila Velha-ES, uma Missa em gratidão pela história, importância e presença franciscana, sob a proteção da Imaculada Mãe de Deus. A celebração foi presidida pelo Definidor Provincial, Frei Daniel Dellandrea (irmão do Guardião Frei Gabriel) e concelebrada pelo Frei Paulo César Ferreira, Vigário do Convento; e Frei Pedro Engel. Os Freis estudantes Pedro Isaías Vitangui e Bruno Almeida de Mello, cantaram.

Ao iniciar a Missa, Frei Bruno convidou os fiéis a se unirem aos freis e juntos renderem ação de graças pela Província. “Convidamos todos vocês a se unirem a nós, frades da Província da Imaculada, em oração por uma intenção muito especial: ação de graças a Deus pelos 350 anos desta entidade. Criada pelo Papa Clemente X em 1675 para ser a presença da Ordem Franciscana na região sudeste e sul do país, enquanto a Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, a primeira do país, ficaria na região nordeste. Celebrar uma data jubilar revela-se como oportunidade de expressar a sincera gratidão pelos atos e feitos grandiosos ou cotidianos de tantos frades que tomaram parte desta história. Mas também significa renovar a esperança na continuidade desta caminhada, reafirmando nossos projetos de vida e missão, permitindo-nos sermos iluminados pelos sinais sagrados dos tempos e dos povos, que certamente auxiliam no discernimento do caminho e a ser seguido”, disse.

Na sequência, ainda no comentário inicial, o frade estudante contextualizou como está a Província atualmente. “A nossa Província hoje possui em torno de 350 frades, centena de colaboradores, missionários, benfeitores, voluntários, além de milhares de pessoas que bebem do carisma franciscano espalhado em quase 50 fraternidades, desde Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo; e nossa presença na missão franciscana em Angola e nas diversas obras franciscanas que perpassam desde momentos históricos e compartilham o mesmo sonho de serem iluminares da evangelização, sob a luz do carisma franciscano. Por cada um destes, celebremos esta Missa em ação de graças, fazendo memória e unindo-nos pelo coração e pela alma, voltados ao Pai”, animou.

Frei Daniel Dellandrea, que atualmente atua na frente de Evangelização da Educação, em sua primeira saudação, ressaltou que além de louvar e bendizer a Deus pelo Jubileu da Província, a celebração também fez memória de São Boaventura, Doutor da Igreja. “Temos muito a agradecer e compartilhar. Também ficamos admirados, maravilhados com tantas alegrias nestes 350 anos de evangelização, de história, de testemunho de muitos frades, de tantos colaboradores, leigos que conosco, compartilham desta fraternidade missionária. Que esta nossa prece de louvor e gratidão, por intercessão de Maria, possa chegar ao céu. A Igreja também celebra um santo franciscano São Boaventura de Bagnoregio, foi o primeiro ministro geral da nossa Ordem Franciscana, sucessor de São Francisco de Assis e com ele queremos louvar a Deus, contemplar tudo que Deus fez, tudo é feito por amor. Isso nos faz recordar desta bondade de Deus e nos faz expressar nosso louvor e gratidão a Ele”, afirmou.

Em sua homilia, Frei Daniel fez um resgate histórico sobre a presença franciscana no Brasil, depois, destacou a intercessão da Santa Mãe de Deus como a padroeira da Província. “O salmo de hoje nos diz: ‘Eis porque meu coração está em festa’. É esse o sentimento de cada frade da nossa Província Franciscana no dia de hoje. Estamos em festa por muitos motivos, seja a festa de São Boaventura, que toda a Igreja celebra, este Doutor, franciscano, primeiro ministro da nossa Ordem, mas também neste 15 de julho, celebramos 350 anos da instauração da nossa Província. Essa Imagem da Imaculada Conceição aqui ao lado do Altar, vem para demonstrar que essa Mãe caminha conosco, intercede por nós frades e nos impulsiona a dar este ‘sim’ para que nossa fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo possa continuar nesta peregrinação dando bons frutos”.

Sobre São Boaventura, o Definidor enfatizou “o caminho ensinado pelo Doutor da Igreja” para compreender a grandeza de Deus pela razão. “São Boaventura é italiano e dedicou toda sua vida ao estudo. Fez isso de uma forma que pode compreender o uso da razão e da fé, uma vida dedicada ao estudo e a dimensão da fé. Esse santo nos ensina um caminho muito especial, onde é possível compreender as maravilhas de Deus pelo uso da razão, tudo que vemos nos fala do amor de Deus. E ao perceber e perceber esse mistério, então, construímos essa relação filial com Deus. Após ingressar na Ordem dos Frades Menores, São Boaventura se dedicou aos estudos e tornou-se mestre da Teologia. Em uma de suas obras mais importantes chama-se ‘Itinerário da Mente para Deus’, onde ele faz um convite a um caminho espiritual, um percurso que leva conhecimento de todas as criaturas para contemplação de Deus. São Boaventura nos mostra que toda criação é um sinal de Deus, um sinal do Criador, um reflexo de sua bondade, desde as coisas mais simples até as grandiosas, tudo nos fala de Deus”, refletiu.

Ainda sobre o santo franciscano, Frei Daniel trouxe para a realidade atual a importância da contemplação. “Podemos aprender com este santo a reintegrar a dimensão da contemplação em nossa vida, a buscar no silêncio interior e buscar ouvir a voz de Deus que se revela, se manifesta a nós. Ele nos desafia a ouvir o divino em todas as coisas que estão a nossa volta, tudo nos leva a reconhecer a presença de Deus. Quando chegamos a este Convento, ficamos maravilhados, seja pela vista da cidade, a natureza que está ao seu redor, ficamos maravilhados pela linda Capela em cima dessa pedra, a Imagem da Virgem da Penha, tudo isso nos leva ao silêncio, à contemplação. Esse espaço nos fala de Deus. Ao chegarmos no alto desta montanha e nos maravilharmos com tantas coisas, devemos nos recordar que também na planície da nossa casa, na rotina dos nossos dias, lá também há os sinais, os vestígios de Deus, obras do seu amor. Que tenhamos este olhar contemplativo! Todas as coisas nos falam de Deus. É este olhar que São Boaventura nos recorda: a contemplação. O que na sua vida, que parece às vezes tão normal, mas poderia ser visto de uma outra forma, como um sinal da graça e da bênção de Deus”.

Em uma citação do Frei Paulo Roberto Pereira, Ministro Provincial, Frei Daniel evidenciou duas dimensões ao celebrar a história da Província. “A primeira dimensão é a gratidão. Gratidão pelos passos que foram dados. 350 anos, quanta história, quantas lutas, desafios, quantas alegrias, a história que envolve tantos frades… Também a colaboração de tantas pessoas que têm o coração franciscano como nós frades, somam conosco na evangelização, participaram desta história. A segunda dimensão é motivo de compromisso pelos passos ainda a serem dados. É uma história que não termina porque o projeto do Reino de Deus há de ter continuidade. Por isso, Frei Paulo nos recorda dessa fidelidade nossa ao anúncio do Evangelho de Jesus Cristo e a viver o carisma que um dia foi intuído por São Francisco de Assis, é um compromisso nosso”.

Por fim, Frei Daniel disse que o Evangelho (Mt 5,13-19) inspira os cristãos a testemunharem que são “sal e luz”, portadores de luz divina. “Também Jesus nos recorda que devemos ser sal da terra e luz do mundo. Dar sabor e ajudar a iluminar os outros. Somos chamados a sermos portadores desta luz divina, principalmente onde há escuridão. Assim nos recordamos daquela oração de São Francisco que nos diz: ‘onde houver trevas, que eu leve a luz’, esta é a missão também confiada a todos nós, como discípulos e missionários de Jesus, levar a luz divina aonde houver a escuridão. Por que nosso coração está em festa? São tantas alegrias que podemos trazer, seja pela história da Província, pelo modelo de santidade de São Boaventura, seja pela história de cada um de vocês…

Após a homilia, Frei Paulo César apresentou as preces da comunidade de fé, destacando a história da Província e os fiéis que de alguma forma ajudam os frades a darem continuidade a missão evangelizadora. Antes da bênção de Nossa Senhora da Penha, ele também rezou uma oração de ação de graças enviada pela Província. ”

Rosário Franciscano

A noite, os freis voltaram a se encontrar na Capela, desta vez para a tradicional oração das Sete Alegrias de Nossa Senhora. “Toda Terça Tem Terço”, esse bordão já conhecido nas redes sociais do Convento se transformou momento de unidade e devoção.

Os fiéis foram levados a meditar os sete momentos em que o coração da Virgem Santíssima se encheu da mais perfeita alegria. A Imagem da Imaculada Conceição, Padroeira da Província, foi colocada em local de destaque no cenário. A apresentação ficou por conta do Frei Paulo César Ferreira, com participação dos freis Daniel Dellandrea, Pedro Isaías Vitangui e Bruno Almeida de Mello.

Nos intervalos de cada mistério, Frei Paulo apresentou pequenas reflexões sobre os evangelhos da semana. As intenções que os fiéis escreviam nos comentários também foram lidas.

A intenção principal do Terço foi de ação de graças pelo jubileu de 350 anos de criação da Província da Imaculada, por todos os frades, colaboradores, benfeitores e pelas frentes de evangelização.

A oração foi encerrada com a oração da Salve Rainha cantada e a bênção final.

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Cristian Oliveira (Ascom do Convento)