Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

O encantamento do Natal de Greccio nas festividades no Convento São Francisco

04/10/2023

Notícias

Missa, às 10 horas, presidida por Frei Roberto Aparecido Pereira

São Paulo (SP) – Padroeiro de duas grandes igrejas franciscanas desta Província da Imaculada Conceição, em São Paulo, São Francisco de Assis mostrou o quanto é querido pelos seus fiéis devotos. O Convento São Francisco, no centro da metrópole paulistana, caprichou nas festividades, com as Missas, pregações e bênçãos, onde os temas se concentraram nos Jubileus dos 800 anos de Aprovação da Regra dos Frades Menores e o Natal de Greccio celebrados em 2023.  A outra igreja é a Paróquia da Vila Clementino.

Ao mesmo tempo, em Roma, o Papa Francisco colocava o Santo de Assis no centro do grande acontecimento da segunda parte da Laudato Si’: “Louvai a Deus, por todas as suas criaturas: foi este o convite que São Francisco de Assis fez com a sua vida, os seus cânticos e os seus gestos. Retomou assim a proposta dos salmos da Bíblia e reproduziu a sensibilidade de Jesus para com as criaturas de seu Pai”, escreveu o xará do Poverello de Assis. Esta nova exortação apostólica leva o nome de Laudate Deum, tirada do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis.

GRECCIO TAMBÉM LEMBRA QUE “O AMOR NÃO É AMADO”

No largo São Francisco, as Missas começaram às 7h e terminaram às 18h, assim como as bênçãos dos animais e dos devotos. Barracas foram montadas no Largo, para o bolo de São Francisco, pães e produtos do Convento, doces e salgados e venda de livros, artigos religiosos e artesanato. A macarronada do Convento, para homenagear a terra do Santo de Assis, não faltou. O dia nublado e o clima ameno só ajudaram. Mas isso só até às 16h30, quando um temporal caiu em São Paulo: Bem-vinda irmã chuva!

Para o reitor e pároco do Santuário e Convento São Francisco, Frei Mário Luiz Tagliari, a Novena que preparou para a festa foi toda ela sobre o Mistério da Encarnação, da luz que iluminou o mundo, da fragilidade e dos desafios a partir daquela noite. “Nesse ano estamos celebrando os 800 anos da aprovação da Regra e também 800 anos da criação do Presépio de Greccio. Criação é a experiência que Francisco quis viver. Não foi uma encenação, não foi um teatro, mas ele voltou feliz de Roma com a aprovação da Regra. Praticamente, menos de um mês, no dia 28 de novembro, ele teve a aprovação definitiva da Regra”, situou o frade.

A felicidade de Francisco o levou ao Vale de Rieti, onde está a aldeiazinha de Greccio, e lá quis vivenciar com toda a alegria e liberdade a aprovação do Papa ao seu modelo de vida. Ele quis viver, com muita intensidade, a encarnação de Deus numa criança frágil. Ele disse: ‘Eu quero ver e sentir com todos os meus sentidos, a pobreza e apuros que passou a Virgem Maria, Mãe de Jesus, ao dar à luz dentro de uma gruta junto com animais, colocando o Menino Jesus num coxo, em meio às palhas'”, explicou o reitor, ressaltando que os dois acontecimentos estão muito interligados.

Em Greccio, ele pede a um sr. chamado João para que arrume esse lugar a fim de vivenciar essa experiência. “Então, dentro de uma gruta, o povo da aldeia toda vem com tochas, ilumina aquela noite fria e passam toda a noite contemplando o Mistério da Encarnação, que é Deus assumir nossa vida e nossa humanidade, de uma forma tão simples, tão frágil, numa criança precisando do aquecimento do boi e do burro”, detalhou.

A partir desse tema, segundo Frei Mário, refletiu-se sobre nosso cuidado para com as pessoas, com as crianças, com os pobres, aqueles que não têm acesso ao mínimo direito de viver com dignidade. “A Novena para esta festa trabalhou vários aspectos a partir disso, e o tema da Eucaristia, porque no mesmo altar em que ele celebrou a noite de Natal, foi celebrada a Eucaristia. Então, esse mesmo Deus que se faz humilde, criança, também se faz alimento. E as pessoas que estavam lá levaram essas palhas para casa e, segundo os hagiógrafos, os animais eram curados com as palhas em que Jesus teria repousado. Interessante é que ele abriu mão de ter um bebê. No entanto, as pessoas teriam visto nos braços dele o Menino Jesus e ele falando com tanto carinho, com tanta efusão, que quando dizia a palavra Belém, ele imitava o balido de uma ovelha: Belém, Belém… Isso mostra o quanto de humano ele expressou nisso”, destacou.

O franciscano secular Aureliano Pereira

“E o Papa Francisco com a segunda exortação, a continuação da Laudato Si’, continua chamando a atenção que amor não é amado, como chorava São Francisco há 800 anos. Como o amor não é amado? Não é amado na fragilidade de quem está sofrendo diante de guerras, diante de tanta gente migrando, refugiando-se e morrendo no mar, de tanto ódio, intolerância e discriminação. É um apelo para nós revermos as nossas relações humanas, as qualidades das nossas relações humanas. Como convivemos com pessoas, com animais e com a natureza”, completou.

O Bispo Auxiliar da Região Episcopal Sé, Dom Rogério Augusto das Neves, presidiu a Eucaristia ao meio-dia.

DEVOÇÃO E FESTA DOS ANIMAIS

Aos 88 anos, o franciscano secular Aureliano Pereira chegou para a Missa das 8h30. “Moro em Santo André, mas foi aqui, na Igreja das Chagas que fiz a minha profissão na Ordem Franciscana Secular, que antes chamávamos de Venerável Ordem Terceira, quando eu era conhecido com o meu nome religioso: Irmão Constantino. Hoje, pertenço à Fraternidade de Sapopemba. Mas o dia de São Francisco eu celebro aqui”, contou.  Cearense, tem dois filhos do seu primeiro casamento e, com a morte de sua esposa, voltou a casar novamente e teve duas filhas.

Ele é professo desde 1968 e lamenta que hoje não esteja havendo renovação da Ordem Franciscana Secular. “Infelizmente, o jovem de hoje não quer compromisso ério”, avalia. Animado, ele carrega com ele uma frase que ouviu de Dom Paulo Evaristo Arns: “Esperança sempre!”.

A prevalência de caezinhos nas festividades é comum no Largo, mas quem roubou a cena já há 3 anos foi uma alpaca, animal da família dos camelídeos. É menor que a lhama, tendo uma pelagem mais longa e macia. É criada no Peru, Chile e na Bolívia (região dos Andes) para aproveitamento da sua lã. Segundo o seu cuidador, André Luís da Silva, ela reside no Jardim Paulista: “Todo ano a gente a traz para a bênção dos animais”. Tranquila, ela desfilou e ganhou o público.


Moacir Beggo