Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

No Convento São Francisco, a homenagem aos nordestinos

25/09/2021

Notícias

 São Paulo (SP) – Pela sétima vez (ano passado não teve por causa da pandemia), o Santuário São Francisco, no Largo São Francisco no centro da capital paulista, celebrou a Missa Nordestina, uma homenagem aos nordestinos que vivem nesta capital e um momento especial para recordar uma devoção muito forte no Nordeste: São Francisco das Chagas.

A equipe litúrgica do Santuário, sob a coordenação do reitor Frei Mário Tagliari, preparou uma bela Celebração Eucarística com a ajuda da Pastoral do Migrante de São Paulo e dos Postulantes da Província da Imaculada. O estandarte reproduzindo São Francisco das Chagas do Santuário de Canindé, no Ceará, abriu a procissão de entrada, às 15 horas deste sábado, 25 de setembro, ao som de cantos populares. Também estava na procissão de entrada o cartaz da 36ª Semana do Migrante, que neste ano tem o tema “Migração e diálogo”.

Como concelebrante, Frei Alisson Zanetti, que veio acompanhando os postulantes do Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá. Eles deixaram a celebração mais bonita com a animação dos cantos. Frei Mário lembrou que todos os anos esta Missa é presidida pelo Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, mas neste ano não pôde por motivo de saúde.

A Festa das Chagas de São Francisco é celebrada pela Família Franciscana no dia 17 de setembro. Em Canindé, ela dá início aos festejos de São Francisco. Na capital paulista, esta Missa também abriu os festejos em honra do Padroeiro do Convento e Santuário, a ser celebrado no dia 4 de outubro. Às 10 horas teve início a Novena de São Francisco com o tema “Francisco de Assis, homem do encontro e da paz”. O celebrante falou sobre o significado das Chagas na vida de São Francisco e na nossa vida.

Frei Mário tomou como base o salmo 136 – “Que se prenda a minha língua ao céu da boca se de ti, Jerusalém, eu me esquecer. Junto aos rios da Babilônia nós sentávamos chorando com saudades de Sião!” – para lembrar de modo especial o povo que migra. “De modo especial aqui os nordestinos, que migram em busca de melhores condições de vida nas capitais mais desenvolvidas”, explicou o celebrante. Neste domingo, 26 de setembro, é celebrado o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.

“Esse salmo nos faz lembrar as dificuldades para nos encontrarmos, para sorrir, para sermos felizes quando estamos distantes da nossa cultura, da nossa gente, muitas vezes da nossa familia. Por isso nasceu a ideia de se fazer sempre, por ocasião da festa de São Francisco das Chagas, uma Missa Nordestina Franciscana, lembrando São Francisco das Chagas e o Santuário de Canindé”, acrescentou Frei Mário, contando que o estandarte veio de lá.

Frei Mário lembrou que se tomou a liturgia das Chagas de São Francisco nesta celebração. “Por isso, as leituras de hoje nos lembram a cruz de Cristo e São Paulo nos diz que só quer gloriar-se da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo (Gl 6,14), para a qual está crucificado. E em São Francisco de Assis, as chagas não aconteceram num piscar de olhos. Mas podemos dizer que elas foram uma busca constante de identificação com o Cristo Crucificado”, disse. Segundo o frade, esse processo começa na conversão de Francisco diante do Crucifixo de São Damião, naquela igreja em ruínas, voltando da guerra, para onde foi com o sonho de ser cavaleiro. “Ele acaba sendo cavaleiro de outro Senhor e tudo culmina no Monte Alverne quando acontece essa identificação com o Cristo”, explicou Frei Mário.

Para o celebrante, essa identificação com o Cristo Crucificado era tão grande que São Francisco chorava porque o ‘Amor não é Amado’. “Mas por que o amor não é amado? Porque as pessoas sofriam, o amor de Deus não era verdadeiramente amado pelas pessoas. Também naquele tempo havia muita indiferença pela dor e pelo sofrimento dos outros. Francisco quer e vai de encontro cada vez mais com a Cruz, com o sofrimento, com a dor dos irmãos. Ele pede: ‘Senhor, me conceda duas graças quando possível: que eu possa sentir no meu corpo a sua dor, a dor Crucificado, e a sua paixão em dar a vida pelas pessoas. E assim, no dia 17 de setembro, quando São Francisco fazia a Quaresma de São Miguel, contemplando a cruz no Monte Alverne, ele recebe os estigmas. Ele recebe no seu corpo as chagas de Cristo. Francisco caminha com os irmãos por mais dois anos e termina o ‘Cântico das Criaturas’ louvando a Deus pela irmã morte”, contou o frade, lembrando que a morte de São Francisco será celebrada no dia 3, às 18 horas, no Convento.

“Que São Francisco nos ajude a também a nos encontrarmos com Cristo Crucificado, mas também com o Cristo que nos envia a amarmos, a ajudar os crucificados de hoje, a sermos solidários com a dor e com o sofrimento de nossos irmãos”, pediu.

Durante a procissão do Ofertório e na Oração dos Fiéis, muitos pedidos de paz, de respeito pelos migrantes, de solidariedade, de fé e esperança no país. A celebração terminou com uma procissão com imagens de Nossa Senhora do Nordeste, São Francisco das Chagas, Padre Cícero, Frei Damião e Santa Francisca de Roma, Protetora dos imigrantes.

EXPOSIÇÃO “ENCONTROS DE FRANCISCO”

Com 374 anos de fundação, o Convento São Francisco, no centro da capital paulista, deu início neste sábado, 25 de setembro, a uma das novenas e festa de São Francisco mais antigas da cidade. Vários eventos marcam esse tempo franciscano no tradicional Largo São Francisco.

Segundo o pároco e guardião do Convento, Frei Mário Tagliari, este ano o tema do encontro foi escolhido para as reflexões. “Há mais de um ano vivemos com o isolamento provocado pela pandemia. O Santuário São Francisco, neste ano, quer celebrar o reencontro com a vida sob a luz dos diversos encontros que São Francisco teve durante sua trajetória e que foram determinantes na construção de sua história e dos seus ensinamentos, resgatando a importância da dimensão do encontro e da paz em nossas vidas”, explicou o frade, ressaltando, contudo, a importância de as pessoas se vacinarem e não deixarem de usar máscara e álcool em gel. “Todo cuidado é importante para que esse encontro aconteça”, explica o frade.

O tema “Francisco e o encontro com Cristo” abriu a Novena, às 10 horas. Logo depois da Missa foi aberta a Exposição “Encontros de Francisco”, que acontece no segundo pavimento da Igreja – espaço antigamente reservado apenas à clausura da fraternidade – e tem como objetivo leva o fiel devoto a percorrer um caminho de contemplação e reflexão. “Não queremos que a exposição seja meramente artística, mas sim que nos conduza por um caminho que nos leve ao encontro da oração e da paz”, diz Frei Alberto Eckel, um dos idealizadores ao lado de Frei Jhones Martins.

As imagens expostas fazem parte de acervos pessoais dos frades, do Convento São Francisco e da Ordem Franciscana Secular.

A exposição de imagens de São Francisco vai até 31 de outubro. Ela pode ser visitada às terças, sextas e sábados, das 9 às 15h e domingos, das 9h às 13h. Visitas monitoradas para grupos, aos sábados. Agendar pelo whatsapp (11) 99546-2500.


Moacir Beggo